A
vida é uma constante. Disso ninguém duvida. Em todos os setores de
nossa sociedade fatos e repetem de maneira galopante e no mundo do samba
não poderia ser diferente. Existe até uma máxima do saudoso Chacrinha,
que diz que "nada se cria, e sim, se copia".
Risco isso porque o
GRES UNIDOS DA TIJUCA, diga-se de passagem, sem qualquer tipo de
maquiagem copiativa, resolveu investir num tema que considero puro e
genuinamente popular com a cara de um Brasil povo.
Brilhante a
idéia do consagrado carnavalesco Paulo Barros sobre o tema enredo Luiz
Gongaza. Isso será motivo de mil falatórios antes, durante e depois do
desfile.
Não se trata algo inédito nem tampouco coisa do outro
mundo. É apenas popular. TIJUCA simplesmente vai descer do MORRO DO
BOREL com o tema "O DIA EM TODA REALEZA DESEMBARCOU NA AVENIDA PARA
COROAR O REI LUIZ DO SERTÃO".
Tema mais do que batido. Quase
todas as escolas de samba já apresentaram algo sobre a controvertida
vida pessoal, social e profissional do famoso Rei do Baião, Luiz
Gongaza.
O último enredo que tenho conhecimento sobre Luiz
Gongaza veio do GRES UNIDOS de LUCAS, no Carnaval de 1982, sob o título
de "LUA VIAJANTE".
É explicar que Luiz Gonzaga atendia também pelo apelido de LUA. Por isso no título do enredo só foi acrescentado o VIAJANTE.
Na
ocasião, esse tema enredo ensejou um samba sensacional, com ares de
popularesco, como foi o personagem, assinado pela veteraníssima
compositora da escola, a popular Tia Gertrudes, Zeca Melodia e
Dagoberto de Lucas.
O principal refrão do samba é tão gostoso,
já que traduz o que acontecia nos duelos de sanfoneiros e violeiros lá
nos confins da cidade EXU, em Pernambuco. Leva quem o cantar ou ouvi-lo
ao completo prazer.
É que o velho Januário (pai do LG), cansado
das estripulias do filho Luiz Gongaza na sanfona, cantava tocando a todo
instante a sua sanfona: "Luiz, respeita Januário / Respeita os oitos
baixos (sanfona) do seu pai..."
Luiz
Gongaza é merecedor de toda nossa admiração. Foi ele, com seus trajes
típicos, sanfona e suas músicas mais do que originais, e cheias de
autenticidade, que o trouxe sertão musical para o asfalto em seguida
ganhando mundo.
Quando Luiz Gonzaga começou a fazer sucesso na
Rádio Nacional (a maior emissora da América Latina, na época), o Brasil
em peso só pensava no Nordeste em termos de Lampião, o popular Rei do
Cangaço.
A partir da presença de Luiz Gonzaga, o Brasil esqueceu
aquele Nordeste de sangue, suor e lágrimas, relegando as lembranças dos
sanguinários cangaceiros nordestinos para ficar só ligado nos baiões,
xotes e modinhas do nosso LG.
Não sei como o carnavalesco vai
clarear tudo isso. A sinopse é um primor, totalmente versada, e contém
uma grande apologia à obra e ao mundo nordestino do Rei do Baião.
Por
certo, o Nordeste, com seus sofrimentos, padres, cangaceiros,
retirantes, valentes e covardes, aves e animais, lendas e folclore, vai
estar presente de fio a pavio no desfile da Tijuca.
A UNIDOS DA TIJUCA será o coração e a Sapucaí a estrada que nos levará Sertão adentro.
Deve ser um deleite desenvolver um tema enredo tão gostoso como esse.
Mas
o certo é que ganhará ares de modernidade e um pouco de luxo também. E
certamente não faltará um pitada de hilaridade por parte do Paulo
Barros.
Não tenho por hábito esse tipo de empolgação por esse ou
aquele tema enredo. Não sei o motivo o porquê me amarrei nesse Lua
Viajante. Sei apenas que na minha criancice, Luiz Gongaza era prato
cheio lá em casa. Minha saudosa vovozinha vivia pelos cantos da casa
cantarolando os grandes sucessos do LG como Asa Branca, Xote das
Meninas, Ovo de Codorna, Luar do Sertão, Mula Preta e tantos outros.
Isso tudo fez a minha cabeça desde então. Quando fui informado sobre o
enredo Luiz Gonzaga, vibrei.
Considero o fato de uma importância
vital para o conhecimento cultural popular de muitos blogueiros que nem
sabem quem foi Luiz Gonzaga.
Sei bem que tantas e tantas pessoas
já estão opinando sobre esse ou aquele enredo de 2012. O JCN também não
resistiu e de pé aplaude o presidente Fernando Horta do GRES UNIDOS DA
Tijuca pela brilhante escolha.
Várias coisas que o Paulo Barros
fez na avenida, vibrei. Outras torci o nariz. Não gostei, por exemplo,
da encenação do Michel Jackson. No entanto, não sei nem o motivo, adorei
o quadro do Planeta dos Macacos.
Espero ver na Sapucai um Luiz
Gonzaga impávido, autêntico e brilhante, pois a cultura popular
brasileira ficará a dever isso ao Paulo Barros.
Sem esquecer o
lado de gozador, que o próprio Luiz Gongaza fazia questão de aparecer em
vários momentos de sua atribulada vida.
Temos outros bons
temas enredo para 2012. Outros são pura apelação. A maioria é autêntica
baboseira, que poderia ser revista pela LIESA, diante de tanta de
besteira que encerram.