quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Os galhos da Mangueira (história de sua bandeira)



Foto: Reprodução de Internet"Todo mundo te conheça ao longe, pelo som dos seus tamborins e o rufar do seu tambor.

Chegou  ô ô!

A Mangueira chegou ô, ô, ô..."

Esta marca da verde e rosa vêm da fundação em 1928. Desde aquela época, é a escola do grupo especial que até hoje mantém uma única marcação do surdo de primeira na bateria. Na Mangueira o surdo bate sem resposta.

Mangueira com seus terreiros,  cordões, e  blocos,  que nos anos 20, Cartola e Carlos Cachaça e outros bambas criaram o Bloco dos Arengueiros, que deu origem a Estação Primeira.

Estação Primeira porque foi a primeira estação depois da Central, em que o trem parava, então por isso Estação Primeira de Mangueira.

As cores foram escolhidas por Cartola,  poeta lírico, que  costumava dizer que não havia combinação mais bonita, lembrança de infância,  eram as cores do Rancho Arrepiados de seu avô Cipriano, lá de Laranjeiras.

A verde e rosa, apresenta no seu pavilhão, o surdo que representa o samba; a coroa que representa a nobreza, significa ser a Mangueira a rainha do samba (palavras de Dona Neuma); os ramos de louros que representam as vitórias, e as estrelas que representam os títulos da Mangueira, são 18 títulos, e uma estrela maior representando o super campeonato conquistado em 1984, na inauguração do sambódromo.

Achei interessante reproduzir uma entrevista dos autores do livro Fala Mangueira, para mostrar a necessidade de preservação de nossa memória, pois depois de entrevistar vários contemporâneos e alguns baluartes nenhum deles tinha certeza sobre a história da bandeira da verde e rosa. Foi quando relendo este livro, vi que a preocupação é antiga.

"Toda escola de samba tem um símbolo. Quem não conhece a águia da Portela, idealizada por mestre Antônio Caetano? Ele mesmo lembra que, no início dos anos 30, o Estácio usava um leão, rei das selvas. A Mangueira, uma lira, rainha da música.

Se hoje, entretanto, a gente quiser saber qual é o símbolo da Estação Primeira de Mangueira vai esbarrar com o maior de todos os "galhos": são tantos que é impossível descobrir todos. Na bandeira, há um desenho de um surdo, encimado por uma coroa e ladeado de dois ramos de louro. Qual o significado de cada elemento? A diretoria da escola não sabe. Cartola, idem. Carlos Cachaça tenta explicar:

- A Mangueira cada ano tinha um símbolo diferente. A gente mandava bordar, na bandeira, um símbolo diferente cada ano. Era violão, um pandeiro, um tamborim. Houve um ano até, que nosso símbolo foi uma águia, igual à da Portela. Quem idealizou foi o Saint-Clair, o carnavalesco da época.

No ano  em que o Barra-mansa foi presidente e eu era o vice, não me lembro quando, eu fui com ele na Casa Sucena. Era ali na Avenida Rio Branco. O gerente da loja perguntou:

- Qual é o símbolo que nós vamos bordar na bandeira ?

- Não sei, bota qualquer coisa, respondi.

Ele disse:

- Por que vocês não colocam um clarim ? O clarim representa o triunfo !

Ficou o clarim. Mas foi mudando, sempre. Até que um dia apareceu aquele que está hoje. Eu não sei o que representa.

Quem decifrou o mistério foi a danada da Neuma. Ela contou que o idealizador do símbolo foi o Beleléu, Manuel Pereira Filho. O desenhista foi Darque Dias Moreira, o Sinhozinho. O presidente da escola era Roberto Paulino. Foi nos anos 60.

A coroa significa ser a Mangueira a rainha do samba. O surdo significa o samba. E os louros simbolizam as vitórias da escola. Como Beleléu registrou o símbolo no Departamento de Censura, ele acabou se tornando definitivo.

Como pudemos ver, a nossa Mangueira vive sempre florida de "galhos". Mas, esse último, a Neuma, ela mesma um grande "galho", conseguiu quebrar. A Neuma é fogo! "  (Fala Mangueira p.107-108)

SILVA, Marília T. Barbosa da, CACHAÇA, Carlos & FILHO, Arthur L. de Oliveira. Fala, Mangueira, Rio de Janeiro: Editora José Olympio, 1980

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