segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Grande Rio corre para reconstruir carnaval perdido em incêndio


Durante três semanas, o Fantástico acompanhou o trabalho de Cahê Rodrigues no novo barracão da escola na Cidade do Samba para reconstruir o carnaval perdido.
No início de fevereiro, um incêndio, de causas ainda não determinadas, destruiu, no Rio de Janeiro, os barracões de três escolas de samba: Portela, União da Ilha e Grande Rio, que perdeu absolutamente tudo. 

.
Como refazer em um mês o trabalho de um ano? O Fantástico acompanhou a corrida da Grande Rio para reconstruir o carnaval perdido. 

Durante três semanas, o Fantástico foi a sombra do carnavalesco Cahê Rodrigues no novo barracão da escola na Cidade do Samba para registrar a correria para comprar material e o trabalho duro para produzir fantasias e alegorias, mas sempre com muito sorriso e samba no pé para levar a Grande Rio para a Avenida.

Com roupa esquisita, Adriane Galisteu participa do último ensaio da Tijuca


No quesito figurino Adriane Galisteu nunca foi forte, tá sempre escorregando  com looks estranhos, desta vez não foi diferente, a rainha usou uma saia de péssimo gosto junto com uma blusa da escola customizada, destaque pro cinto sem noção.  No quesito animação ela foi 10, Adriane empolgou o público e sambou bastante.





Ellen Roche teria ficado incomodada com a onipresença de Solange Gomes.


A rainha da Porto da Pedra teria ficado incomodada com a super exposição de Solange Gomes na mídia, já que a musa é mais presente do que a rainha na quadra da escola. No último ensaio, a ex rainha, marcou presença e foi fotografada sambando bastante, logo os sites especializados em entretenimento começaram a elogiar a morena, inclusive um portal bastante famoso, atribuiu o cargo de rainha mais uma vez para Solange. Segundo fonte, Ellen ficou tão incomodada com a mídia espontânea que Solange trouxe pra escola, que resolveu vir de São Paulo para o Rio para participar do último ensaio de rua da escola, que aconteceu neste domingo. A loira estava em sampa e não pretendia voltar. Eita ciumeira!.



Superação é a palavra de ordem na Grande Rio


Rafaella Javoski | Carnavalesco | 28/02/2011 04h32
Foto: Ricardo Almeida/DivulgaçãoQuem imaginava ver um clima de desânimo na feijoada da Grande Rio realizada neste domingo em um hotel da Zona Sul do Rio de Janeiro se enganou. A alegria dominou o evento, que contou com apresentações de Arlindo Cruz, Mc Sapão, Latino e, claro, a bateria comandada por mestre Ciça, que antes de subir ao palco vestia uma camiseta que traduzia o sentimento de todos ali: 'O sonho não acabou. 2012 é tudo nosso'.

- A gente que vive do carnaval gosta de disputar, mas vamos fazer uma grande apresentação. O público pode esperar um show - disse ele. Há uma semana do desfile ele contou que está tudo pronto e a escola prepara sete bossas, mas surpreendeu: - Se eu cismar faço algo novo na hora.

O intérprete Wantuir sabe que a escola pode não estar plasticamente tão bonita depois de ter perdido alegorias e fantasias no incêndio que atingiu a Cidade do Samba, mas será um belo espetáculo.

- A comunidade de Caxias está mordida, tenho certeza que esse será o desfile mais emocionante da Grande Rio.

A rainha da bateria, Cris Vianna, não teve sua fantasia danificada. Ela adiantou que não vestirá as cores da escola de Duque de Caxias, mas tem uma certeza:

- Por tudo o que acontecer, e por seu meu primeiro ano como rainha, tenho certeza que esse carnaval será inesquecível.

Apesar de estar fora da disputa do título, o casal de mestre-sala e porta-bandeira, vai ser avaliado pelos jurados. Por isso eles não diminuíram o ritmo de ensaios Exausta nesta reta final, Squel aproveitou os momentos antes da apresentação na feijoada para descansar.

- Antes da nossa apresentação com a bateria eu tirei um cochilo, estava cansada. Vamos dar o máximo na Sapucaí - disse ela, que neste carnaval completa uma década como primeira porta bandeira. - São poucas que tem a oportunidade de defender tanto tempo a escola do coração. Preferia comemorar com a Grande Rio na disputa, mas estou feliz.

Apesar de não disputar o título, o casal ainda pode concorrer a prêmios como o Estrela do Carnaval, do SRZD-Carnavalesco. Mas essa não é a prioridade. - A gente pensa em ganhar, se os prêmios vierem vamos ficar muito felizes, mas nosso objetivo é ganhar as notas 10 dos jurados - afirmou Felipe. Ele faz sua estreia como primeiro mestre-sala este ano.

Famosos prestigiam feijoada

Não podiam faltar também no evento os convidados famosos. A primeira a chegar foi a comediante Maria Paula. Mas, apesar de animada, ela contou que este ano não vai curtir a folia e que escolheu a Califórnia, nos Estados Unidos, como cenário para meditar durante o carnaval.

- Geralmente eu pulo de verdade, mas esse ano resolvi ficar quietinha.

A atriz Susana Vieira chegou cercada por seguranças e evitou falar com a imprensa, mas afirmou que sua fantasia foi queimada e ainda não sabe como vai desfilar.

O ator Nelson Freitas está há oito anos na agremiação e sempre desfila com a diretoria da escola. Ele afirmou que, mais do que nunca, é necessário ter união.

- Mais do que em qualquer ano agora precisamos estar todos juntos. A Grande Rio tem mostrado potencial há muito tempo e esse ano estava tudo muito bonito.

Mônica Caravalho chegou no evento coma peruca chanel preta, e justificou a novidade: - Fui a praia mais cedo e não deu tempo de fazer o cabelo. Como é carnaval, resolvi brincar.

Ela desfilaria a frente da segunda alegoria, representando uma índia carijó, mas voltou de viagem há poucos dias e ainda não sabe se o seu setor será representado por um carro ou tripé. - Perdemos muita coisa porque a escola estava adiantada, antes não tivesse nada pronto.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Paulo Barros brilha, e Unidos da Tijuca faz história como a última campeã da década

Não adianta. Pode até perguntar para qualquer um que tenha ido à Marquês de Sapucaí este ano durante o carnaval. O dia 14 de fevereiro de 2010 ficará na memória de todos. Isso porque uma escola revolucionou. Impressionou. Sim, a Unidos da Tijuca já havia arrancado suspiros seis anos antes, com o carro do DNA. Voltou a chamar a atenção no ano seguinte, com seu imenso pavão feito apenas por humanos. Mas foi no último carnaval da década que a escola do Borel se consagrou. E se sagrou bicampeã.

Foto: Ricardo AlmeidaNão adianta mesmo. Se em um universo de 10 pessoas, que seja, uma não disser que a Tijuca mereceu o título, será estranho. Estranho foi ver gente trocando de roupa quase que num passe de mágica. Estranho? Quase? Não, foi um passe de mágica. Um truque surpreendente, muito mais que curioso. E não foi apenas mais um truque, foi "o truque". Os carros que vinham na sequência eram diferentes. Bem ao estilo do homem que, enfim, chegou lá. Paulo Barros, o carnavalesco sensação da década.

A genialidade do artista contribuiu - e muito - para o tão aguardado título da escola. Aguardado praticamente por uma vida inteira: 74 anos. "Tenho 32 anos de escola, e nunca aquilo tinha acontecido comigo. Podem vir mais 30, que eu nunca vou esquecer daquele dia". Foi esse tipo de sensação, descrita pelo mestre Casagrande, diretor de bateria, que a Tijuca proporcionou entre seus componentes. Mas nem tudo foi tão perfeito assim. Sim, houve problemas. Mas por sorte, ou talvez alguma intervenção divina, não atrapalhou a escola.

- Antes mesmo da concentração, em um bar ali perto onde já ensaiamos há três anos uma última vez, deu problema no vestido de uma das meninas. Eu fiquei desesperado, mas ela deu um jeito e foi para a Avenida assim mesmo. Eu, super preocupado, me comunicava o tempo inteiro com o pessoal de dentro do tripé para saber se estava tudo bem. Mas imagina meu nervoso? Parece mentira... Fui com o coração na mão, mas no fim deu tudo certo - lembra Rodrigo Neri, coreógrafo da comissão de frente, parceiro de Priscila Mota.

Comissão de frente que ficará na história

E assim foi. Três grupos de seis meninas cada se revezando em cena na Sapucaí. Dentro do tripé onde tudo acontecia, quase 50 pessoas trabalhando para que tudo desse certo. E deu. Nos quase 700 metros de Avenida, nenhum erro e um show de mágica, que levou abaixo o povo nas arquibancadas. Privilégio de quem viu ao vivo. Imagina então de quem viu antes...

- Em um desses ensaios lá no barracão, às 3h da manhã, um cozinheiro da escola viu nosso ensaio escondido. Depois, ele chegou chorando para a gente contando que tinha visto. Aquilo deu uma emoção muito grande na gente. Nunca vou esquecer daquela cena - revela Priscila, que até hoje se emociona ao falar sobre o desfile.

Mas não foi só a comissão de frente a sensação da Tijuca. Os carros criativos, as fantasias bem acabadas e os componentes animados - como não poderia deixar de ser - empolgara, até mesmo os jurados. "Até eles ficaram com cara de satisfeitos, com um semblante de impressionados. Foi muito legal", recorda Casagrande.

Em seu segundo desfile como intérprete oficial da escola, o cantor Bruno Ribas conquistou o tão sonhado campeonato. Sem palavras para descrever o que sentiu no dia 14 de fevereiro de 2010, ele define em uma frase o que achou da apresentação tijucana. "Todo o projeto foi espetacular", diz. Para Bruno, o título foi como uma coroação.

- O que mais me marcou foi essa mudança na minha vida. Cheguei em 2009 na escola, que estava com um projeto nem tão ambicioso assim, que não foi promissor, e logo no ano seguinte ganhar o campeonato da forma como a gente ganhou. Fiquei muito emocionado com o fim do nosso desfile. Assim que a gente saiu, as pessoas gritavam "é campeã" e o comentário geral era de que nem precisava mais ter escola nenhuma, porque o título já era nosso. Isso me deixou muito feliz e vi ali que o título era nosso.

E vem mais por aí...

Para 2011, a Tijuca quer mais. Com o enredo "Esta noite levarei sua alma", novamente do carnavalesco Paulo Barros, a escola do Borel promete levar para a Avenida um novo show de truques. E como até a bateria teve novidade em 2010, com um carro que atravessava a ala dos ritmistas, mestre Casagrande já adianta que teremos mais com o que nos surpreender.

- Assim como a história do carro funcionou, a gente já está estudando um coisa nova para o ano que vem. Não posso revelar para não perder a graça, mas tenho certeza de que todo mundo vai gostar - finaliza.

Invade a alma... Alucina: tambor do Salgueiro toca alto, e escola põe fim a jejum de 16 anos

Foto: LiesaA furiosa bateria, com o tambor da Academia, arrepiou. Invadiu a alma, alucinou. Despertou a energia de milhares de corações vermelho e brancos ávidos por um título que não vinha há 16 anos. Mas ele veio. No canto, na dança, com um ritmo que encanta, envolve e levanta, o Salgueiro chegou lá. Fez o povo dançar e conquistou seu nono troféu, em 56 anos de história. O ano de 2009 foi especial para a nação salgueirense.

Quase dois anos depois, o SRZD-Carnavalesco apresenta a quinta matéria da série de reportagens especiais sobre os campeões da primeira década do século XXI. E a vez é da escola da Tijuca. Relembrando o desfile do "Tambor", impossível não pensar que esse enredo tinha tudo a ver com o Salgueiro. E foi logo ele que veio coroar a escola...

- Foi uma satisfação muito grande para mim, porque eu estava há muito pouco tempo à frente da escola, além do fato de ter sido o título com uma presidente mulher. Apesar de todas as dificuldades, sem patrocínio, sem patrono para ajudar, nós conseguimos. A união fez a diferença e o respeito foi fundamental. Foi uma sensação de dever cumprido, mostramos que não precisamos provar nada para ninguém. A comunidade precisava daquele título - lembra a presidente Regina Céli, em entrevista por telefone.

Seria mesmo impossível não pensar que o enredo tinha tudo a ver com o Salgueiro? Não para uma pessoa: o carnavalesco Renato Lage. "Não existe esse negócio de escola africana, não é bem assim. Não dá para estabelecer característica. O que importa é o trabalho ser bom, bem desenvolvido. É lógico que uma identificação ajuda, como por exemplo foi o Rio de Janeiro e como será esse ano também, um enredo de uma escola que tem a cara carioca. Mas cada enredo é um enredo", defende o artista.

Não importa. O que interessa é que o tão aguardado dia da nação salgueirense gritar novamente "é campeão" chegou. Para Renato Lage, "foi um momento em que tudo deu certo, as coisas se encaixaram e houve união na escola".

Enredo veio de um estalo

Um instrumento primário, universal e fundamental para uma escola de samba. Capaz de criar tanto uma atmosfera de festa e alegria, quanto de manifestação popular. Assim é o tambor. Apesar de toda a semântica que carrega, é simples. E foi da simplicidade que surgiu a ideia do enredo.

- O desafio foi justamente a procura de um tema que tivesse identificação com o Salgueiro. Mas o Tambor teve isso e veio de um estalo, foi uma coisa de repente, achei que era esse o caminho. Para mim, o que mais marcou foi a satisfação de resgatar a grandiosidade do Salgueiro, de conquistar um título 16 anos depois. Antes, chegar ao desfile das campeãs era comemorado quase como um título, e não é mais assim - lembra o carnavalesco.

Mas se o resultado foi a festa na quadra da Rua Silva Teles, no Andaraí, tudo isso aconteceu por conta de um belo desfile. Um show de qualidade em alegorias e fantasias que "deu um toque especial" à apresentação. E como nada disso funcionaria sem um samba empolgante, o compositor Moisés Santiago conta como foi o processo de elaboração da obra.

- A gente apostava muito na melodia e na facilidade de comunicação do samba. Quando o escrevemos, pensamos na capacidade de mexer com o ritmista, com o cara que toca, que dança. Aos poucos, o samba foi ganhando adeptos, tomando corpo e, quando chegou no desfile, arrebentou. Enquanto o Salgueiro passava na Avenida, eu chorava muito e via que poderia dar. Aquilo realmente foi um marco na minha vida, na minha carreira. Ver todo mundo cantando seu samba assim é emocionante - lembra o compositor, que começou escrevendo sambas na Tradição e chegou ao Salgueiro em 2004.

Mescla na bateria para uma batida firme

Responsável pela bateria - que tirou três notas 10 e um 9,8 - mestre Marcão conta o segredo para tanta vitalidade entre os ritmistas. Segundo ele, a mescla de jovens e experientes foi a receita do sucesso na bateria do Salgueiro.

- Foi uma satisfação muito grande, muito gratificante ganhar o primeiro título assim com quatro anos de escola. Apesar de não termos ganho os quatro 10, fizemos nosso trabalho para somar na escola. E foi legal porque desde que assumi, em 2005, comecei a puxar uma galera mais nova, foram 15 pessoas logo de cara, inclusive meu filho, Marquinho, que hoje é diretor da mirim. Fomos renovando, misturando antigos com novos e deu samba - conta o diretor, que chegou à escola em 1999.

Para 2011, a presidente promete. Segundo ela, é possível impressionar ainda mais do que em 2009.

- A gente vai vir ainda mais bonito do que foi Tambor. Um título no meu primeiro ano é inesquecível, mas podem esperar para ver do que o Salgueiro é capaz de novo - conclui.

Carnavais do século XXI: 'Arriba, Vila!'

Se contassem esta história para Seu China - fundador da Vila - ele dificilmente acreditaria.  Após anos como uma escola simples, humilde e que não incomodava os bichos-papões do carnaval carioca, a Vila mudou. De Gata Borralheira para Cinderela, a escola desabrochou de vez em 2006 conquistando seu segundo título. Claro que esta mudança não foi igual um feitiço de contos de fadas.  Dos primeiros ensaios ainda na casa de Seu China até a sua gigantesca quadra em forma de Pirâmide, a escola precisou se profissionalizar e acompanhar os "novos tempos". 

Foto: LiesaCom uma boa ajuda - leia-se financeira - da estatal venezuelana PDVSA, a escola desenvolveu o enredo "Soy loco por ti America - A Vila canta a latinidade" de "cara nova". Carros grandes e fantasias luxuosas com a assinatura do carnavalesco Alexandre Louzada  contrastaram com aquela Vila pobre, mas sempre aguerrida, dos tempos de "Kizomba". No enredo campeão de 2006, a Vila mostrou a cultura latina antes mesmo da chegada dos colonizadores europeus até o resultado da miscigenação entre os povos. O diretor de barracão da escola Junior Schall relembra uma história engraçada envolvendo o presidente da Venezuela, Hugo Chávez que bancou o enredo da Vila através da PDVSA.

Foto: Liesa- Quando nós acabamos o desfile das campeãs, parte da escola foi para Cidade do Samba onde uma equipe de filmagem da Venezuela nos aguardava. Fizemos um show na madrugada mesmo. Eu sei que o Hugo Chávez queria muito levar a escultura do Simón Bolívar para Venezuela.  A escultura tinha 12,75m e passava a 20cm da Torre de TV. Mas não havia condições de transportar por avião nem por mar. A escultura não foi projetada para isso - disse Junior Schall que junto com Ricardo Fernandes e o próprio Louzada foram contratados pela Vila após participaram do desfile da Porto da Pedra no ano anterior.

"Sangue caliente" corre na veia
É noite no Império do Sol
A Vila Isabel semeia
Sua poesia em 'portunhol'"

É possível que a grandiosidade da Vila daquele ano não seria possível sem a inauguração da Cidade do Samba. As escolas ganharam mais espaço e infra-estrutura para realizar seus carnavais. Na nova fábrica dos sonhos, Junior ainda lembra que teve ao lado do carnavalesco Alexandre Louzada dias antes do desfile oficial.

- Estávamos numa indecisão sobre a cor do chão do quinto carro. No desenho original, seria amarelo canário, mas o Alexandre quis deixar isso por último. Na última semana, resolvemos subir aquela varanda da Cidade do Samba, mas o Alexandre não queria.  Nós nunca tínhamos ido lá. Parece uma bobagem, mas era a primeira vez que quem trabalhava nos barracões teria uma visão daquela, com todos os carros prontos, organizados. Era o medo que nós tínhamos de ver o conjunto todo pronto.

"'Soy loco por tí, América'
Louco por teus sabores
Fartura que impera, mestiça mãe terra
Da integração das cores"

E Alexandre Louzada consagraria seu nome após o campeonato daquele ano. Vencedor em 1998 na Mangueira com o enredo sobre Chico Buarque, o carnavalesco foi contratado pela Vila após a excelente reedição do enredo "Festa Profana" na Porto da Pedra.  Louzada acabou substituindo Joãosinho Trinta na escola de Noel, após o maior campeão do carnaval carioca sofrer um infarto.

- Fiquei feliz por conseguir um título que a Vila não conquistava há tantos anos. Foi a primeira vez que eu fui para a concentração armar a escola e só lá me dei conta do impacto que poderíamos causar, das possibilidades de título que tínhamos. Fui ouvindo os comentários das pessoas, todo mundo passando pela concentração para ver os carros da Vila e aquilo me deixou muito feliz. Recebi os parabéns até mesmo do Seu Anízio, quando eu nem sonhava em trabalhar na Beija-Flor - conta Louzada que depois seria campeão mais duas vezes com a agremiação de Nilópolis em 2007 e 2008.

"Arriba, Vila !!!
Forte e unida
Feito o sonho do libertador
A essência latina é a luz de Bolívar
Que brilha num mosáico multicor"

Nos bastidores da preparação para o desfile, Martinho da Vila teria se desentendido com a diretoria e preferiu não desfilar. Acabou não vendo sua escola de coração ganhar um título que não conquistava há 18 anos.  O motivo da briga foi o concurso de samba-enredo. O cantor foi convidado a participar da disputa, mas teve seu samba eliminado. Magoado, Martinho preferiu não desfilar à frente da agremiação. Já o samba-enredo, bastante criticado na época, teve uma grande performance durante a passagem da Vila na Avenida e foi determinante na conquista do título. A escola terminou empatada com a Grande Rio e o quesito de desempate foi justamente o samba-enredo.

- Eu lembro que na Apuração ficou aquela indefinição de quem seria a campeão. Nem nós sabíamos. Alguns integrantes da Grande Rio até comemoraram, mas me recordo que uma pessoa da Liesa apontou para nossa mesa dizendo que tínhamos vencido. Não esqueço daquilo - diz Junior. 

Nenhum torcedor da Vila poderia esquecer aquele dia. Quem diria que seis anos depois do rebaixamento, a escola renasceria e seria campeã quebrando um longo jejum. Nos carnavais seguintes, a agremiação brigou sempre pelo título com alguns tropeços. No seu último desfile, era, sem dúvida, a escola mais aguardada, mas não passou de um quarto lugar. Será que o feitiço que transformou a Vila de Gata Borralheira para Cinderela se esgotou? Difícil, até porque de feitiço, a Vila entende, não é?

Dona da década, Beija-Flor consolida apelido de Deusa da Passarela


Foto: LiesaAntes de virar o século, a Beija-Flor figurava apenas como uma das grandes escolas de samba do Rio de Janeiro. Tal posição de destaque era uma herança dos bonitos carnavais que apresentava desde que subiu para o Grupo 1 (atual Especial), em 1974, de onde nunca mais saiu - tendo obtido o pior resultado de lá para cá em 1992, com um sétimo lugar. No ano de 1999 começa o que poderia ter terminado em tragédia para a fiel comunidade de Nilópolis: um vice-campeonato seguido de outros três - dois deles, claro, já no século XXI. Parecia que nada ia mudar, e tinha gente até pensando em desistir...

- Todo mundo na Beija-Flor pensou em abandonar, porque fazíamos carnavais fantásticos e não levávamos nunca. Araxá (1999), por exemplo, foi lindo demais. Claro que deu vontade de desistir, todo mundo pensava em parar, diziam "não vamos ganhar nunca". A comissão de carnaval pensou em se desfazer, achavam que estavam prejudicando a escola, sempre perdendo por meio ponto, e isso ficava muito na nossa cabeça - revela o homem forte da escola da Baixada, Laíla.

"Nasce então
Poderosa guerreira
E desenvolve seu trabalho social"

Mas aí chega o ano de 2003. O enredo "O povo conta a sua história: "saco vazio não pára em pé". A mão que faz a guerra faz a paz" não inspirava muita confiança aos olhares de especialistas e pessoas do mundo do samba. Contudo, foi aí que veio a surpresa. Aliás, grata surpresa para a nação nilopolitana. Um título com sabor de "alívio", como prefere chamar Selmynha Sorriso, porta-bandeira da escola há mais de 15 anos.

Avante com a tribo Beija-Flor

A conquista era tudo o que a Beija-Flor precisava para embalar nos anos seguintes. Vinha 2004, ano de algumas transformações no conceito do carnaval. Primeiro porque um gênio surgia para o mundo: na Unidos da Tijuca, Paulo Barros impressionava o público com o carro do DNA. Segundo que a Liga passava a permitir a reedição de sambas, e com isso algumas escolas se aproveitariam de grandes obras, como foi o caso do Império Serrano, com "Aquarela Brasileira". Mas era o momento de provar que uma nova Beija-Flor tentava se posicionar de vez. E com um desfile empolgante sobre a Amazônia, no enredo "Manoa, Manaus, Amazonas - Alimenta o corpo, equilibra a alma e transmite a paz", a comunidade de Nilópolis explodia em festa rumo ao bicampeonato.

- Em termos de carnaval, meu preferido é 2004. Pelo enredo, pelo samba que era belíssimo, foi muito vibrante, muito emocionante. Falar da Amazônia como falamos foi demais. Sem contar o título do enredo, que era muito legal. Choveu muito e bem na hora de a Beija-Flor entrar na Avenida, mas deu tudo certo. Para mim, as alegorias foram nosso maior destaque naquele ano - lembra Fran Sérgio, um dos dois únicos que viveram as cinco conquistas, ao lado de Ubiratan Silva, o Bira.

"Clareou...
Anunciando um novo dia
Clareou...
Abençoada Estrela Guia"

Não podemos dizer que o tricampeonato, em 2005, representava um novo dia na história da Beija-Flor - em 1978, a escola já havia conquistado sua primeira sequência de três títulos, vencendo também em 76 e 77. Mas não deixa de ser um momento histórico da década. Era a segunda vez que uma escola levava o tri nesses dez anos - a Imperatriz comemorou o feito em 2001, após vencer em 99 e 2000 - no entanto, as três taças da Beija vinham na mesma década.

Com o enredo "O vento corta as terras dos pampas. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito guarani. Sete Povos na fé e na dor... Sete missões de amor", a agremiação da Baixada fazia história, levando para a Avenida um samba emocionante, assinado por 11 compositores (houve junção de parcerias). E foi emocionante em especial para uma pessoa. "Na fé e na dor", Selmynha exibia a bandeira da escola apreensiva. Por uma infeliz coincidência, o tricampeonato para ela não teve tanto sabor de vitória.

- O título que me marcou mais foi o de 2005, que foi o ano que a minha mãe (Dona Jacira, 52 anos, vítima de um AVC) faleceu. Ela entrou em coma no domingo de carnaval, desfilei com a mesma força e comprometimento e recebi a notícia da morte dela na quarta-feira. Junto com as ligações de alegria do título vieram as de pêsames. Tive que ter frieza como um ator no palco, foi muita superação, mas que não pude comemorar. Foi um ano que eu torci para que acabasse logo - lembra a emblemática figura da Beija-Flor.

Um ano na seca e mais um bicampeonato

O enredo do ano seguinte, "Poços de Caldas derrama sobre a Terra suas águas milagrosas: do caos inicial à explosão da vida, a nave mãe da existência", não foi suficiente para manter a escola no topo. Vila Isabel, que se sagraria campeã, e Grande Rio, pela primeira vez vice, entraram rasgando a Avenida e tentando provar que o domínio não era total de Nilópolis. Mas assim como Poços de Caldas no enredo, a Beija Flor era a referência no carnaval. A quinta colocação faria com que a escola voltasse em 2007 disposta a retomar o apelido de Rolo Compressor.

"Áfricas, do berço real à corte brasiliana" apresentava-se como um enredo rico, com as características que marcaram os carnavais da Beija-Flor. A disputa não seria fácil. E nem as provocações que viriam a seguir. O título do carnaval de 2007 foi bastante contestado, muitos se sentiram insatisfeitos com o resultado. Mas para a escola, aquilo era apenas a volta da campeã. Tanto é que em 2008, com "Macapaba - Equinócio Solar. Viagens fantásticas ao meio do mundo", a Beija repetiu a dose, com um resultado mais apertado, é verdade, mas o suficiente para levantar o caneco e gritas de novo "bicampeão".

- Guardo grandes emoções do carnaval de Macapaba, porque era um fato inédito falar daquela cidade. Pegar um estado sem grande expressão no país, uma cidade que quem chega lá não imagina o que aquilo representa, então foi um trabalho de rastreamento da história. Descobrir que o Brasil foi descoberto lá no Amapá e não em Porto Seguro, como a gente aprende na escola, foi muito bacana. E mais: fazer aquele link do beija-flor brilho de fogo foi uma feliz coincidência com a nossa escola, porque é uma espécie que só existe naquela região. Foi realmente um enredo interessante de desenvolver - recorda o carnavalesco Alexandre Louzada.

A Deusa da Passarela

Essa série de vitórias - cinco em seis anos - comprovou a tese de que a Beija-Flor é a Deusa da Passarela. Mais que isso, a escola tornava-se em 2008 a dona da década. Mas para Laíla, não é de palavras que se faz uma escola de samba.

- Eu não entro nesse "endeusamento". Não adianta pensar em ser Deus e não ter brilhantismo, não ter um grande samba, não fazer um grande carnaval. Desfile tem obrigação de ser bonito, de ser um espetáculo para o povo. Para mim, não é a Deusa, é só a Beija-Flor de Nilópolis - avalia.

E a humildade de Laíla se baseia também num jejum - se é que assim podemos chamar - de títulos da escola. Para ele, a disputa no carnaval está cada vez mais acirrada, e por isso está na hora de a agremiação levantar outra taça de campeão.

- Não sou perdedor, não que eu não saiba valorizar a vitória dos outros, mas não gosto de perder, sinto obrigação em ganhar. Todo mundo está achando seus caminhos, sabe-se que a concorrência é muito grande e a gente sabe também que está tudo mais difícil. Já está começando a incomodar não ganhar há dois anos - assume Laíla.

Mais do que uma escola, a Beija-Flor passou a ser um centro de cidadania na Baixada Fluminense. Não seria exagero, portanto, dizer que não é Nilópolis que tem a Beija-Flor, e sim a Beija-Flor que tem uma cidade.

Carnavais do século XXI: o 'doce' sabor do Tri da Imperatriz

Foto: Reprodução de vídeoNuma corrida de Fórmula I, a Imperatriz teria feito a pole position e vencido a corrida de ponta a ponta. Em 2001, na quarta-feira de Cinzas, para vencer a escola de Ramos alguém teria que ser tão perfeito quanto ela. Ganhando todos os dez possíveis dos jurados da Liesa, a Imperatriz conquistou o tricampeonato no primeiro desfile do século XXI e consagrou a artista plástica e carnavalesca Rosa Magalhães como a maior vencedora da Era do Sambódromo, com cinco títulos. O desfile contou a história da produção de cana de açúcar pelo mundo até chegar ao Brasil e apresentou no final uma homenagem a um dos fundadores da Mangueira, Carlos Cachaça. O enredo tinha um longo título: Cana-Caiana, Cana Roxa, Cana Fita, Cana Preta, Amarela, Pernambuco ... Quero vê Descê o Suco, na Pancada do Ganzá".


Quarta escola a se apresentar na segunda noite de desfiles, a Imperatriz defendia o campeonato com uma equipe forte em vários quesitos. Na comissão de frente, Fabio de Mello, na direção de harmonia Ricardo Fernandes e Chiquinho e Maria Helena como primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira. De acordo com o presidente da escola na época e atual diretor de carnaval, Wagner Araújo, o enredo receberia patrocínio, mas até hoje a escola não recebeu nada, quer dizer, não recebeu dinheiro.

"Apesar dos cruzados plantarem,
A cana na Europa não vingou"

- Eu fui procurado pelo pessoal de uma associação de cachaceiros que realmente eu não lembro mesmo o nome correto. Eles sugeriram uma ajuda. Conversamos e resolvemos fazer o enredo. O dinheiro não apareceu, mas recebemos muita cachaça de brinde - brinca Wagner.

Já a carnavalesca Rosa Magalhães discorda do ex-chefe. Segundo a artista, o "brinde" não era tão grande assim.

- O copinho que a gente recebeu era primo do dedal. Muito pequeno - se diverte Rosa, atualmente responsável pelo desfile da Vila Isabel.

Durante entrevista ao SRZD-Carnavalesco, Wagner Araújo distribuiu muitos elogios à artista, dispensada da Imperatriz ano passado, após um longo casamento de 18 anos com a escola. - Rosa usando sua genialidade desenvolveu um enredo sobre a cachaça, mas de uma maneira interessante. Não falando só de alambiques, mas também sobre a história do cultivo da cana de açúcar, com os mouros, depois os cruzados trazendo o plantio para a Europa. Não queríamos fazer uma propaganda para as pessoas consumirem cachaça.

E Rosa fez o que melhor sabe fazer: contar uma bela história. O desfile da Imperatriz começou com os cruzados e os mouros. Estes foram os primeiros a praticar o cultivo de cana. Por conta do clima mais frio, as plantações não tiveram sucesso na Europa. Veneza acabou despontando como o principal local de refino e o açúcar em pouco tempo se transformou em uma especiaria.

- O açúcar era muito valorizado e acabou se banalizando com as plantações de monocultura no Caribe e no litoral do Brasil, quando o plantio é trazido pelos europeus - conta Rosa.

"Mas conta a história que em Veneza
O açúcar foi pra mesa da nobreza"

A cana de açúcar se transformou no primeiro ciclo econômico no país ainda colônia. Movimentou o tráfico de escravos e possibilitou o surgimento de uma nova estrutura de moradia que seguiria por muitos anos no Brasil, a Casa Grande e a senzala.

- Eu não gostava de cachaça. Nunca gostei dessas cachaças industrializadas. Elas têm um gosto muito forte e esquisito. Agora eu fui para Minas no ano passado para produzir um seriado sobre o Ziraldo na TV Brasil e eu comprei monte de cachaças artesanais para dar de presente. Não voltou nenhuma. Aprendi a beber cachaça depois de muito tempo. Era uma maravilha. À noite, era um frio danado e toma de cachaça - conta Rosa Magalhães.

Vaias no desfile das campeãs

O desfile da Imperatriz não conseguiu empolgar o público presente na Marquês de Sapucaí mesmo com a bonita homenagem da escola a Carlos Cachaça, um dos fundadores da Mangueira. O último setor da Imperatriz se vestiu todo de verde e rosa. O curioso foi que logo depois da escola de Ramos, a agremiação seguinte era a própria Mangueira.

- Provocou muita controvérsia. A gente usou bastante a figura do Carlos Cachaça e o final acabou tendo uma confusão até por algumas pessoas da escola. Mas era uma homenagem, afinal de contas a gente estava falando de carnaval - explica Wagner.

No dia da apuração, todas as atenções estavam entre as duas escolas que protagonizaram uma das melhores rivalidades dos últimos anos, Beija-Flor e Imperatriz. O título estava mais inclinado para as bandas de Nilópolis, após o excelente desfile sobre a história Agotime. Na época, a Beija-Flor foi descontada em meio ponto no quesito Alegorias e Adereços enquanto a Imperatriz conquistou todas as notas máximas. O título de Ramos acabou sendo contestado por alguns dirigentes de outras escolas e pelo público, que vaiou a passagem da Imperatriz durante o desfile das campeãs.

- Eram torcidas que vieram para lá apenas no intuito de vaiar. Não nos incomodou. Houve até muitas críticas de escolas co-irmãs até porque o presidente da Liga [Liesa] era o Luisinho [atual presidente da Imperatriz].

"Quero vê descê o suco até melá
Na pancada doce do ganzá"

Depois de 18 carnavais pela escola de Ramos, Rosa Magalhães não guarda mágoa de sua saída após o desfile de 2009. Perguntada sobre o que deixou na memória durante sua passagem pela Imperatriz, a artista mantém a economia no uso das palavras, mas responde com franqueza e escolhe o título de 1994 como o seu preferido durante sua trajetória na escola.

- A alegria dos campeonatos. Mas o primeiro título a gente sempre recorda mais. Parece que foi mais difícil chegar lá. Gostei muito também de realizar o carnaval de 2000. Li muita coisa que não sabia sobre o Descobrimento do Brasil e me encantei com a história.

Grande Rio quer renascer das cinzas

Foto: Isaac IsmarO baque foi grande. O incêndio que destruiu o barracão da Grande Rio, no início de fevereiro, tirou a possibilidade de vencer de uma das favoritas do carnaval carioca. Tudo foi perdido naquele trágico acidente, menos a garra dos componentes da agremiação. Em um novo barracão na Cidade do Samba, o carnavalesco Cahe Rodrigues e sua equipe de criação desenvolvem as pressas um carnaval alternativo para o enredo "Y-Jurerê Mirim - A Encantadora Ilha das Bruxas (Um conto de Cascaes)".

- O enredo continua com a mesma abordagem, que é uma homenagem à Florianópolis sob a ótica de Franklin Cascaes. A proposta é manter os setores dentro do organograma desenvolvido. Após o incêndio, as alegorias e fantasias foram repensadas, ficando mais simples, por conta do tempo, falta de material e dinheiro. Nem com todo dinheiro do mundo conseguiríamos reproduzir o espetáculo que a Grande Rio tinha dentro do barracão, um trabalho de nove meses, impossível de ser reconstruído em 25 dias - afirmou Cahe Rodrigues.

Conhecida como Ilha da Magia e Ilha das Bruxas, a capital catarinense ganha uma homenagem que aborda o misticismo do seu folclore. A Grande Rio prepara quatro alegorias e o mesmo número de tripés para mostrar isso.

- Mantemos os seis setores. A escola está refazendo as três mil fantasias perdidas no incêndio. O luxo ficará para 2012. A preocupação inicial era vestir toda a comunidade. Serão roupas coloridas e leves. Levaremos oito carros, sendo que quatro alegorias e quatro tripés. O abre-alas trás a encantadora Ilha das Bruxas, o segundo carro é a Nação Carijó, o quinto mostra As Profundezas do Mar e o último aborda a Fonte. A única estrutura de ferro que não foi atingida pelas chamas é a da última alegoria. Nos tripés estarão o Navio Pirata (segundo setor), Boi tatá e as Bruxas Amarrando Crinas de Cavalo (Contos de Cascaes), e uma homenagem ao tenista Gustavo Kuerten, onde estará Guga, com a taça de Roland Garros, e o Boi de Mamão, importante expressão cultural de Floripa - explicou o carnavalesco.

Um dos xodós de Cahe Rodrigues era o antigo abre-alas, perdido no incêndio. Com formatos impactantes, a alegoria tinha vários efeitos especiais. O prejuízo estimado da agremiação é de aproximadamente R$ 10 milhões, já que 98% do carnaval estava pronto e estocado no barracão.

- O abre-alas tinha 60 metros e um contexto lúdico e fantasioso da Ilha das Bruxas. Ele teria quase 150 figurantes, com bruxas sobrevoando a alegoria, suspensas em cabos de aço e em sistema hidráulico. Isso tudo se perdeu. Agora produzimos uma nova leitura plástica, com cores mais cítricas, morcegos multicoloridos e uma grande bruxa prepara a porção de amor em um caldeirão. Mas a alegoria é bem menor do que o projeto original - lamentou.

Segundo ele, a comunidade da Grande Rio não precisa se preocupar, pois todas as três mil roupas prometidas ficarão prontas a tempo do desfile.

- As fantasias também estão mais simples, sem resplendores. A escola não teria condições de colocar plumas em todas as roupas. Estamos usando espumas e tecidos com mais volumes e cores cítricas, respeitando a leitura do que foi planejado - disse.

Confira o organograma da Grande Rio:

Comissão de frente: Clima lúdico e fantasioso da Ilha da Magia. Apenas uma roupa, que estava sendo feita fora do barracão, não foi perdida. As fantasias dos outros 14 integrantes estão sendo refeitas de forma mais simples.

Mestre-sala e porta-bandeira: Luís Felipe e Squel estarão cercados por guardiões, ainda nesta fase lúdica do enredo;

Um grupo de pessoas levará o nome da escola à frente do desfile;

Balé com bruxas protetoras da natureza e as belezas de Floripa;

Abre-alas: Apresenta a Ilha das Bruxas, um dos apelidos de Florianópolis;

Primeiro setor: "A Encantadora Ilha as Bruxas" - Fantasias como "O Mágico Mar Azul", "Beleza dos Mares", "Piratas Aventureiros" e "Os Negros da Ilha" estarão neste setor;

Segundo setor: "Os Filhos da Terra" - Fantasias como "Mago Verde", "Mago Ouro", "Mago Vermelho", "Mago Preto" e "Mago Roxo" fazem parte desta fase do desfile;

Baianas (segundo setor): "A Magia das Profundezas" - Contexto do mar azul que cerca Florianópolis, com efeito nas saias;

Terceiro setor: "Arreda, Arreda, Assombração" - As alas representam a "Festa da Tainha", "A Procissão de Nossa Senhora dos Navegantes", "Os Açorianos", "Pau de Fita" e "O Boi de Mamão";

Quarto setor: "Uma Ilha entre Fitas, Cantos e Danças" - Alas em alusão aos pescadores, caranguejos, belezas naturais da ilha, pássaros, peixes e a dança das águas;

Quinto setor: "Santuário Ecológico do Atlântico Sul" - setor sobre os turistas, o carnaval da ilha, azulejaria portuguesa, fios das rendeiras e ao tenista Guga;

Sexto setor: "A Floripa de Todos Nós".

Max Lopes prepara uma 'nova' Imperatriz

Foto: Vicente AlmeidaA Imperatriz Leopoldinense ganhou fama por seu uma escola extremamente técnica em seus quesitos. Essa competência para executar itens básicos rendeu a escola cinco títulos entre 1995 e 2001. Mesmo com tantas glórias a escola enfrenta um jejum que já dura dez anos. Para voltar aos tempos de glória, o carnavalesco Max Lopes, que foi campeão na escola de Ramos em 89, com o inesquecível "Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós", desenvolveu um enredo para falar da história da medicina.

Depois dos problemas enfrentados no carnaval do ano passado, Max quer virar a página e colocar uma escola que os componentes possam brincar na avenida. A história começa a ser contada na África. Logo atrás da comissão de frente, o casal de mestre-sala e porta-bandeira representará o "ritual de magia" praticado pelos africanos. O jovem Phelipe Lemos será o "curandeiro" e Rafaela Teodoro a "magia africana".

Uma das soluções mais interessantes do barracão está no carro abre-alas. A coroa, símbolo da escola, é formada por grandes chifres de antílopes. Como o primeiro setor versa sobre a África a sacada do carnavalesco foi muito inteligente. A primeira alegoria traz o símbolo da agremiação com grande cuidado na decoração, que é toda feita em tons de marrom. Este setor pretende passar ao público toda importância que o continente africano teve no desenvolvimento da medicina como forma de cura do ser humano.

- A coroa terá um tratamento inteiramente afro. Ela é formada pelos chifres dos antílopes que é um dos animais mais famosos do continente. Os chifres representam os animais, muitas vezes esquecidos - afirmou Max Lopes.

A Imperatriz levará três tripés para a avenida. O curioso é que todos eles estão no mesmo setor, entre o abre-alas e o segundo carro. O primeiro tripé que aparece é o que cita a cura dos hindus. Em seguida é a vez dos "deuses da Mesopotâmia" e por fim os "médicos taoístas", esse último, pintado em azul e branco, prima pela expressão facial das esculturas.

A viagem através da história prossegue e no segundo carro as "pragas dos céus" invadem a avenida. Nesta parte estão as baianas de Ramos que representarão os "banhos e poções para relaxar". O enredo é muito variado e passa por épocas diversas e regiões das mais variadas. Esse setor trata da medicina na Grécia, onde se acreditava que a figura mitológica do centauro é que indicava o caminho da cura para os deuses e para os homens.

- O carro da Grécia acho que é meu grande xodó. O processo de montagem dessa alegoria foi totalmente diferenciado. Na parte da frente teremos os centauros, como se estivessem puxando a alegoria. Na composição dela teremos uma grande esfinge. Tenho impressão que é o carro que causará mais impacto no público e no júri - contou o carnavalesco.

Representando uma época em que tudo que procurava curar era considerado bruxaria. O quarto setor da escola cita a toda a opulência da Idade Média. Apesar de ser uma época muito rica, a idade medieval deixou a medicina relegada quase ao ostracismo. A rainha de bateria Luiza Brunet reinará utilizando a fantasia de "pedra filosofal". Já os ritmistas, fantasiados com uma roupa em tons de roxo e dourado, com capuz na cabeça e que lhes permitam a mobilidade necessária para segurar o ritmo da escola, ainda tem detalhes como uma verruga de silicone especialmente produzida para os integrantes da bateria.

O carnavalesco deixou de lado a densidade do enredo e nos últimos setores procurou mostrar as mazelas da saúde com muito bom humor. Uma das alegorias terá as doenças que nos acostumamos a conviver nos últimos anos como a gripe aviária, a vaca louca, a gripe suína, a dengue, entre outras. É neste mesmo setor que está a homenagem a nomes importantes de nossa ciência médica como Oswaldo Cruz, Carlos Chagas, Vital Brazil, Ivo Pitanguy. Outro bom exemplo de como a escola soube misturar um tema tão denso com bom humor é a fantasia das baianinhas. As jovens serão remédios genéricos dentro da concepção de enredo criada pelo carnavalesco.

O último setor da verde e branco presta uma homenagem ao carnaval. O carro "Carnaval: o remédio pra curar a minha dor" reproduz a Fundação Oswaldo Cruz na parte de trás. As famosas torres da Fiocruz estão reproduzidas de maneira bastante interessante. A coroa aparece novamente na parte frontal, desta vez pairando sobre a representação de diversos barracos que estilizam as favelas do Complexo do Alemão, que de acordo com Max não poderiam ficar de fora.

É justamente nessa alegoria que estará a ex porta-bandeira Maria Helena. A senhora que ficou famosa por colecionar notas dez dançando ao lado do filho Chiquinho, formará novamente o par para rodopiar com o pavilhão da Imperatriz, mostrando-se como exemplo maior que o samba faz muito bem à saúde.

ORGANOGRAMA

Comissão de Frente

Casal de mestre-sala e porta-bandeira: "Ritual de magia"

Setor 1: "África, berço da cura"

Tripé 1: "A cura Hindu"

Tripé 2: "Deuses da Mesopotâmia"

Tripé 3: "Médicos taoístas"

Setor 2: "A praga dos céus"

Baianas: Banhos e poções pra relaxar

Setor 3: "O tempo da sabedoria"

2° Casal de mestre-sala e porta-bandeira: Opulência da Idade Média

Rainha de bateria: Pedra filosofal

Bateria: Os alquimistas

Passistas Os enfermeiros dos hospitais do espírito santo

Setor 4: "A sombra medieval"

Setor 5: "A cúpula das luzes"

Setor 6: "A medicina moderna"

Baianinhas: Genéricos

Setor 7: "Carnaval: O remédio pra curar a minha dor"

Cid Carvalho prepara desfile da Mocidade em 2011 com capricho

Ela se atreveu a prever o futuro em seus carnavais. Imaginar como seria a folia depois da virada do milênio. Mas nem em seus sonhos mais pessimistas, a Mocidade Independente poderia imaginar que passaria por tanta dificuldade. Para deixar para trás uma década praticamente perdida, a verde e branco de Padre Miguel apostou em um projeto grandioso comandado pelo carnavalesco Cid Carvalho que emplaca seu terceiro ano na escola. A "Parábola dos divinos semeadores" viaja pelas festas de celebração através dos tempos para contar a história da agricultura e do carnaval.

Já na comissão de frente um imponente império de gelo começa a ser mostrado. Este primeiro setor da escola chama a atenção pela suntuosidade e pela grandiosidade. Em seguida está o casal de mestre-sala e porta-bandeira, Fabrício Pires e Cristiane Caldas. A fantasia batizada de "Cintilantes flocos de neve" está guardada e quase ninguém tem acesso à roupa, salvo a direção e o próprio casal. Outra aposta da escola é na roupa das baianas. As "tias" da Zona Oeste representarão as geleiras e desfilarão, como se tornou costume na Mocidade, logo à frente do abre-alas.

O carro abre-elas representa uma imensa geleira. Além de homes das cavernas, diversos pinheiros, e vários tipos de animais, extremamente bem acabados, estão colocados no carro que terá o chão regado a sal grosso para parecer neve na avenida. O carnavalesco espera que o efeito de neve seja atingido para surpreender ao público. - Nosso projeto é grande. Mas correu tudo bem. Estamos terminando com tranquilidade. Esse primeiro setor é bastante interessante, acho que pode causar um bom impacto na avenida - contou Cid.

No primeiro tripé da escola "A Grande Estrela Incandescente" brilha e derrete o gelo. O verde aparece no desfile na segunda alegoria. Começa então o plantio e a louvação dos deuses para agradecer as farturas alcançadas nas colheitas. Já na terceira alegoria a primeira grande festa representada no enredo. O carro "Grandioso Banquete à Deusa Isis - Senhora da Agricultura" terá um banquete servido com comida de verdade. Nesse setor estará o segundo tripé batizado de "Boi Ápis".

A quarta parte do desfile será uma grande homenagem ao Deus Baco. Entre algumas alas estará o tripé número três "A Farra de Baco: Deus das Parreiras". Logo depois a rainha de bateria Andréa de Andrade vestida como "Ninfa dos Bacanais". Para encerrar  a quarta alegoria "As Saturnálias: Festança em Honra ao Deus Saturno". Essa alegoria promete divertir a avenida já que contará, em sua maioria, com destaques gordinhos que vão encenar uma sauna romana.

Bateria com fantasia que terá chifre e salto

Não tem como falar de Mocidade Independente sem citar sua famosa bateria. Para representar "os faunos", os ritmistas de mestre Bereco virão com uma fantasia que terá chifres e salto no pé. - Acho que essa fantasia dará um grande resultado no desfile. Creio que ser uma boa surpresa para todos. Convencer os ritmistas é sempre complicado, mas no final sempre dá tudo certo. Quem não se lembra quando eles tiveram que raspar a cabeça para o desfile sobre a paz na Terra - lembra Cid Carvalho fazendo alusão ao ano de 2001 quando todos os integrantes da bateria rasparam a cabeça para se caracterizarem de Ghandi.

O enredo de 2011 cita o nascimento do cristianismo em Roma e a perseguição ao carnaval praticada pela recém-nascida religião que tentava esconder suas raízes pagãs. Atravessando os tempos a folia chega a Veneza onde incorpora personagens da Comédia Dell’art. O carnaval ganha força e invade os salões nobres de cidades nobres como Nice, Roma e a própria Veneza. O baile de máscaras e a incrível reprodução das Gôndolas de Veneza chamam a atenção na sexta alegoria.

O rito das festas agrícolas desembarca no Brasil. Na Terra em que se plantando tudo cresce e floresce, as sementes desses rituais se enraízam na cultura popular do país de norte a sul. Os últimos setores da escola são uma grande homenagem as diversas manifestações da cultura popular brasileira. Boi-Bumbá, Festa da Uva, Congada, Maracatu, Festas de São João e, claro, o carnaval. Todas devidamente representadas em alegoria, tripé e alas.

A estrela, símbolo da escola aparece no último carro. Todo espelhado, com pandeiros e algumas estrelas como suporte no lugar dos tradicionais queijos, essa alegoria visa resgatar a escola para reviver grandes carnavais. Celebrando o passado, festeja o presente e, no futuro, quando o samba for levado ao espaço sideral, estará na verdade reencontrando sua raiz.

- Deixamos esse carro por último por ser muito fácil de montar. Boa parte dele é de espelho cortado e colado e isso facilitou nosso trabalho. Foi muito trabalhoso terminar todos os carros da maneira que imaginamos no início do projeto. O último carro é o que trás o símbolo da escola, mas é que está dando menos trabalho - concluiu o carnavalesco.

ORGANOGRAMA

Comissão de frente

Casal de mestre-sala e porta-bandeira: "Cintilantes flocos de neve"

Baianas: "As geleiras"

Setor 1: " A última era glacial: O império branco "

Tripé 1: "A grande estrela incandescente"

Setor 2: " Eis que surge o verde, eis que surgem os deuses"

Tripé 2: "O boi Ápis"

Setor 3: "Grandioso banquete à deusa Ísis - Senhora da agricultura"

Tripé 3: "A farra de Baco: Deus das parreiras"

Rainha de bateria: "Ninfa dos bacanais"

Bateria: "Faunos/sátiros"

Passistas: "A sedução dos bacanais e  os coribantes"

Setor 4: "As Saturnálias: Festança em honra ao Deus Saturno "

2° casal de mestre-sala e porta-bandeira: "O brilho do Deus Sol refletido nos ostensórios católicos"

Setor 5: "O "Bom Pastor" e o rebanho de foliões"

setor 6: "O grande baile de máscaras, uma herança pagã "

3º casal de mestre-sala e porta-bandeira: "A influência egípcia no folclore do boi brasileiro"

Setor 7: "A folia na tradução brasileira. Ou será tradição?"

Tripé 4: "A influência africana"

Setor 8: "No futuro um encontro com o passado, um carnaval nas estrelas"

Após ensaiar de calça cumprida, Luiza Brunet exibe o corpão na Sapucaí.



No primeiro ensaio técnico da Imperatriz, Luiza Brunet decepcionou os fãs cobrindo as belas pernas, já neste sábado a Rainha exibiu bastante o corpo durante o desfile da escola. A Morena usou uma saia e um top mostrando que a boa forma continua. A corte que também esteve presente vestiu vários tons de verde para homenagear a escola de ramos.





Raissa Oliveira ensaia de Marinheira sexy.


A rainha da Beija-flor investiu no figurino do ensaio técnico. A morena foi vestida de Marinheira sexy, valorizando bastante os seios e marcando as pernas. O detalhe ficou por conta da homenagem ao Rei Roberto Carlos, a musa usou as iniciais do nome do cantor em sua roupa.



Fábia Borges participa de ensaio técnico da Imperatriz



Ontem a Ex rainha da Unidos da Tijuca participou do ensaio técnico da Imperatriz Leopoldinense neste sábado, a nova loira do pedaço sambou muito e exibiu a barriguinha usando uma blusa no formato de uma borboleta. Fábia voltou ao Brasil após ter recebido um convite para reinar à frente de uma bateria, será que é a verde e branco de Ramos?


Viviane Araújo recebeu homenagem durante ensaio no Salgueiro.


A rainha da vermelha e branca recebeu uma linda homenagem dos seus fãs durante o último ensaio da escola antes do carnaval. Viviane os recebeu em seu camarote, a turma abriu uma inda faixa e deixou Viviane emocionada.


Andréa de Andrade e Ana Paula Evangelista aproveitam último ensaio da Mocidade.


Rainha e Musa curtiram juntas o último ensaio da Mocidade antes do carnaval. Andrea sambou bastante, curtindo a batucada com gostinho de quero mais.

Renata Santos mostra o Bumbum no último ensaio da Mangueira.



Renata Santos que foi eleita pelo diário a rainha da calcinha, não podia terminar o carnaval de forma melhor, a nova Loirinha, usou um shorts transparente durante o ensaio da Mangueira, mostrando além da famosa calcinha. Bumbum lindo! 



PESQUISAR