Além da dupla, Chiquinho afirmou mais uma vez que manterá o intérprete Luizito. Ao seu lado, a escola busca a contratação de um nome, segundo o próprio deputado, que tenha raízes mangueirenses. O nome em questão é Bruno Ribas, de acordo com a imprensa apurou. Eraldo Caê, que durante muito tempo integrou o carro de som da Mangueira também está de volta. Como primeiro mestre-sala, Raphael está mantido. Para formar par com ele, Chiquinho contou que há duas opções em voga. A imprensa apurou que uma delas é Squel, que deixou a Mocidade Independente após o último carnaval. A atual Rainha do Carnaval, Evellin Bastos, nascida e criada no morro da Mangueira, será a rainha de bateria.
- É a vitória da democracia mangueirense. Era um momento esperado por todos. Ao longo da nossa campenha apresentamos aquilo que achávamos de melhor para a Mangueira e o mangueirense entendeu que nós eramos a melhor opção. Quero agradecer a toda nação mangueirense, à Imprensa, ao juiz que conduziu esse processo (Rossidélio Lopes), ao interventor, Dr. Fernando César Leite, e a todos que direta ou indiretamente participaram desse processo – afirmou Chiquinho, que fez questão lembrar com louvor a participação de Percival Pires e Raymundo de Castro nessa eleição.
Já sobre Rosa Magalhães, primeira grande contratação da gestão, Chiquinho da Mangueira explicou como foi a negociação.
- A Rosa foi sensacional conosco. Disse que ia esperar o desfecho da eleição, que se fosse pra ficar sem trabalhar esse ano ela ficaria. Isso demonstra que ela acredita no nosso trabalho e quer vir para a Mangueira. É uma artista dispensa apresentações. A atual campeã do carnaval – finalizou.
Após o anúncio oficial do resultado, Chiquinho foi para a frente da quadra da escola, onde uma multidão o esperava. Carregado nos braços, ele foi cumprimentado pelos seus principais entusiastas e logo ganhou o alto do carro de som para discursar para a massa mangueirense, que, eufórica, comemorou ao ouvir o nome de cada reforço anunciado pelo seu mais novo presidente.
Confira como foi o dia da eleição
Prevista para começar ás 9h, a eleição mangueirense atrasou exatamente 28 minutos para começar. E o primeiro voto foi de Célia Domingues, presidente da Amebras, que declarou seu apoio a Chiquinho da Mangueira. Desde antes do horário estipulado para o início da votação, os três candidatos já marcavam presença em frente ao Palácio do Samba. Com eles, muitos simpatizantes, faixas, cartazes e até barracas montadas para que eles se protegessem do forte sol que fez no Rio de Janeiro neste domingo. Outro artifício usado foi a propaganda através de carro de som, o que estava proibido de acordo com a decisão do juiz, mas ocorreu a menos de 500 metros da entrada da quadra.
Durante todo o dia, o clima variou bastante. De calmaria total a nervos à flor da pele. Quem também chegou cedo foi a cantora Alcione, que ficou cerca de uma hora na rua Visconde de Niterói antes de entrar e depositar seu voto em uma das cinco urnas espalhadas pelo Palácio do Samba. Assim que a votação começou, Raymundo de Castro se apressou em deixar seu voto. Logo depois, as primeiras demonstrações de tensão. Integrantes da chapa de Percival Pires contestavam a todo momento a lista de votação definida pelo Poder Judiciário. Na visão deles, o Estatuto mangueirense foi ''rasgado'', já que a decisão do juiz não seguiu os preceitos do documento. Entre os mais inconformados estava o ex-diretor de carnaval da Verde e Rosa, Jéferson Carlos, que acusou um ex-funcionário da agremiação, identificado apenas como ''Pablo'', de omitir a lista de sócios aptos a votar durante a gestão de Ivo Meirelles. Ainda de acordo com Jéferson, Pablo foi demitido durante a gestão Ivo Meirelles por, justamente, não apresentar a relação que compunha o quadro social mangueirense. Em razão disso, Jéferson discutiu asperamente com Marcos Oliveira, que trabalhava na eleição como fiscal da chapa de Chiquinho da Mangueira. Marcos, que é advogado, iria concorrer na eleição do ano passado e foi acusado por Ivo Meirelles de orquestar a invasão com traficantes ao Palácio do Samba, em abril do ano passado.
A medida que os ânimos foram se acirrando, o número de policiais da Unidade de Polícia Pacificadora da comunidade dobrou. Com a chegada da tarde, mais eleitores apareceram para votar, o calor aumentou e novos desentendimentos ocorreram. Desta vez, o pior de todo o período de votação. Um rapaz que trabalhava na eleição como fiscal chegou a chamar o presidente da Comissão Eleitoral, Dr. Fernando César Leite, de ''Pau Mandado''. Na visão dele, o advogado estava protegendo os interesses do candidato Chiquinho da Mangueira. No mesmo momento, o presidente da comissão eleitoral pediu aos policiais que retirassem o homem da quadra, o que foi prontamente feito.
Pouco antes das cinco da tarde, mais um momento de pequena tensão. Bandeiras de partidários de Chiquinho da Mangueira foram encontradas dentro da quadra, próximas à entrada. Após um rápido desentendimento, Édson Marcos, que já foi diretor de carnaval da Mangueira e atualmente integra a diretoria da Liga Independente das Escolas de Samba, retirou os objetos. Faltando minutos para o término da votação, o juiz da 36ª Vara Cível, Rossidélio Lopes, chegou à quadra da Mangueira e demonstrou bastante satisfação com a maneira com que a intervenção jurídica foi feita.
- A gente buscou usar a experiência de mais de 20 anos de TRE que nós temos, mas isso só foi possível graças a colaboração de todas as chapas e do trabalho do Dr. Fernando César, que foi uma escolha pessoal minha. É um advogado criminalista que eu conheço há um bom tempo. Já sabia que ele era ligado à escola de samba e está sempre comigo lá no Fórum. Então quis dar a ele essa responsabilidade.
Durante a eleição, como já citado, integrantes da chapa liderada por Percival Piresameaçavam entrar com recurso na justiça para anular a eleição. Tranquilo com relação a isso, Rossidélio Lopes sacramentou:
- Quem ganhar tem que saber ganhar e quem perder tem que saber perder. A Mangueira é uma instituição mundial e merece esse tipo de cuiado do poder judiciário.
Logo após o término da contagem de votos, mais desentendimentos. Uma jovem, partidária da chapa de Percival Pires partiu pra cima do advogado Marcos Oliveira e fez a mesma acusação feita por Ivo Meirelles no ano passado, de que ele teria invadido a quadra da escola com traficantes e roubado documentos importantes da Verde e Rosa.