sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Beth Carvalho exalta Cacique de Ramos no Dia Nacional do Samba



Cacique de Ramos, Mangueira e Beth Carvalho parecem íncones indissociáveis. No Dia Nacional do Samba, a cantora conversou com a imprensa sobre a importância das instituições das quais é porta-voz e integrante para a música. Além disso, destacou a conquista do ritmo nos tempos atuais que, segundo ela, é a aceitação do público da Zona Sul do Rio.
Beth chegou ao Cacique em 1977. Na época, para a surpresa dos leitores de saites e blogs mais jovens, já começava o processo de evasão dos compositores de suas respectivas escolas de samba. "Naquele momento, as agremiações não estavam abringando seus compositores. Eles deixaram de ter espaço devido à comercialização exagerada do samba-enredo", ressalta a cantora.
Foto: DivulgaçãoDe acordo com Beth, era comum naquele período haver apresentações dos chamados "sambas de meio de ano", obras que antecediam a disputa dos sambas-enredo. "Os compositores começaram a se 'refugiar' no Cacique de Ramos. Por isso, o bloco é conhecido como reduto de bambas, abençoadas pela tamarineira (árvore símbolo da instituição carnavalesca). À medida que eles iam entrando, eu ficava impressionada com o talento musical que, infelizmente, estava ficando no anonimato", revela.
Segundo a cantora, a seleção para a ala de compositores de uma escola de samba era rigorosa. "O compositor tinha que fazer uma 'prova' para entrar na agremiação. Tinha que dizer a que veio, mostrar serviço. Não era qualquer um que entrava. João Nogueira passou por isso na Portela e o Natal, presidente na época, autorizou a participação dele", acrescenta.
Sobre a conquista do samba nos tempos atuais, a cantora relata a facilidade de penetração do ritmo junto ao público da Zona Sul. "Hoje há muitas pessoas de lá aderindo ao samba, dizendo no pé. Na minha época era muito difícil. Digo isso porque sempre fui da Zona Sul. Sei como foi este processo", enfatiza.
Entre os detaques da nova geração de sambistas, Beth destaca alguns nomes que ganharam espaço no cenário carioca. "Tem gente preocupada com o samba, disseminando o ritmo com competência. Destaco como exemplos  Rodrigo Carvalho, Thaís Macedo, Tereza Cristina, Roberta Sá, os meninos do Casuarina e o grupo Galocantô".
"Cacique e Mangueira num só coração" é um verso que define a satisfação da cantora ao ver os pavilhões que defende unidos para o próximo Carnaval da verde e rosa. "As duas instituições são muito populares e durante muito tempo serão a casa de muitos sambistas". Fazendo alusão ao título do enredo, Beth é entusiasmo puro. "Vou festejar! Sou Cacique, sou Mangueira!? Não quero mais nada. Me sinto homenageada".

De volta ao estúdio, Beth gravou o CD de inéditas "Nosso samba tá na rua", lançado este ano. O álbum é dedicado à Dona Ivone Lara, precursora do ingresso feminino na composição de sambas. "Dona Ivone é uma mulher guerreira e revolucionária. É uma grande melodista que poderia, sem dificuldade alguma, ter sido maestra. Não é a toa que tem os 'laraiás' mais bonitos da MPB", celebra Beth, mulher a quem o samba pede a bênção.

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