Eu sou de um tempo em que, por exemplo, a Portela tinha Rainha e Madrinha de bateria e víamos Nilce Fran e Edicléia das Neves competindo em pé de igualdade, perdoem o trocadilho, com o talento dos seus pés na arte de dançar o samba sem qualquer favor ou forçar a barra. Hoje em dia virou status ser rainha, existem vários fatores que interessam mais que o samba no pé na hora da escolha, pelo menos é o que parece ser. Tá legal eu aceito o argumento... Que é importante trazer para escola alguém que tenha mídia, beleza, carisma entre tantos outros requisitos, porém por que não colocar a celebridade, ou o projeto de... em cima de um carro alegórico encenando, ilustrando e trazendo beleza a festa
Tudo parece uma grande farra, uma bolsa de valores ou de apostas de quem será a próxima aquisição, e o samba onde fica, será que o samba, sambou? Como profetizou a São Clemente na folia de 1990. E continuam criando cargos de musas, destaques de chão, madrinha de tudo quanto é ala, mas, por favor, na ala de passistas não mexam, isso não! Pois daí vem o meu preconceito.
Semana passada estava eu no ensaio supracitado quando percebi que a responsável pela ala das passistas, a Rose, sambista de verdade, colocava algumas novatas para testes e isso acho ser bastante prudente para que haja um determinado critério nas escolhas. Pois bem me parece uma candidata a passista que não tinha qualquer intimidade com o bailar do samba, mesmo sendo muito bonita... Neste exato momento me veio a pergunta: Quem foi que disse que ela sabe sambar? Preconceito meu, e antes que me apedrejem assumo meu sentimento, não é necessário saber sambar para desfilar, lógico que não, eu mesmo não sei... Gostaria de dizer agora sem preconceito ou mania de passado... Mas não posso, tomara que a beldade não leve a mal, mas tenho certeza que ela ficaria melhor em qualquer outro setor, olha que a rapaziada está sentindo a falta de um cavaco, de um pandeiro e de um tamborim!
O argumento do mestre portelense me auxilia nesta confissão: passista deve saber sambar! Isto é básico. Por fim não quero dizer que a magia dos pés sambando esteja condenada, claro que não! Percebo que diversas escolas vêm fazendo grandes trabalhos, nesta área, de resgate e manutenção das alas de passistas e acho que o espaço e a importância destas devem ser sagrados. Perdoem meu preconceito... Mas quando os pés deslizam e a cintura parece ser de mola é algo tão fascinante que me vejo radical em defesa da arte. Samba é democracia, como também continuidade, então vamos combinar: continuamos fortes no propósito de embalar os cordões por estas avenidas de todo Brasil e vamos admirar e preservar a quem não dança, levita sobre o chão... Salve o Samba nosso de cada dia, salve os passistas, sambistas, amantes de tão nobre arte popular, axé.
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