terça-feira, 31 de maio de 2011

O pulso forte das baterias



Foto: DivulgaçãoAs baterias foram, para mim, o principal destaque dos desfiles 2011. Sem muitos fru-frus, sem muitas bossas antológicas, mas com muita competência, as escolas desfilaram muito bem "carregadas" pelas batidas do coração. Na minha opinião, só o ritmo do Átila, na Vila, fugiu à regra. Logo dele, de quem mais se esperava. Mas já são águas bem passadas. Ele até já assumiu uma outra batuta no Império, de ritmo bem mais forte.

Voltando ao compasso, vi alguns nomes crescerem como o do mestre Diogo, da Porto da Pedra, bateria que está muito gostosa de se ouvir, o show aquático do Ciça e a competência da "furiosa de elite" sob o comando do Markão. Mas duas baterias emocionaram, levantaram a arquibancada e me deram saudade do meu tamborim meio aposentado: a Imperatriz do Marcone e a Mangueira do Aílton.

Já gostava do samba da verde e branco. Gostei da gravação no cd e, ao vivo, ficou melhor ainda. Além do ritmo sensacional, a bossa do Marcone foi a melhor entre as paradinhas das 12 escolas que desfilaram no Grupo Especial. A que começava no final do refrão principal e se estendia pela cabeça do samba era um primor. Dava pra ignorar até o fato da pequena embolada que os surdos deram no final da paradinha quando saía do último boxe. Essa bossa é tão genial quanto difícil na execução e funcionou muito bem com o samba. Marcone já vem mostrando trabalho, competência e, principalmente, coragem de ousar.

O Aílton já é um velho conhecido. Meu primeiro samba na Mangueira foi gravado por ele num pequeno estúdio em Vila Isabel e, é óbvio, a percussão ficou muito melhor do que a música. Nesse mesmo período, a verde e rosa sofria, desde a morte de Alcyr Explosão, um gênio, com os altos e baixos em sua bateria . A Surdo 1 ficou meio perdida, sem cara, sem ritmo. Nos últimos anos vem mudando, vem acontecendo, impondo a volta do ritmo que me emocionava com o Explosão e, agora, em 2011, alcançou o melhor efeito dos últimos anos. Uma bateria forte, com muito ritmo, sem perder andamento e com muito suingue. E as paradinhas, que têm na confiança dos ritmistas a sua ousadia, com um tempo perfeito entre o silêncio dos instrumentos e a volta. Valeu a  noite de chuva, meus ouvidos agradecem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

PESQUISAR