terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Samba de Ramos é vida saudável!


Uma análise ao samba da Imperatriz Leopoldinense para o carnaval 2011


"Imperatriz adverte: sambar faz bem à saúde!"
Autores: Flavinho, Me Leva, Gil Branco, Tião Pinheiro e Drummond


Um ritual de magia...
Oh! Mãe África
Do teu ventre nascia o poder de curar!
Despertam as antigas civilizações
A cura pela fé das orações!
Mistérios da vida, o homem a desvendar...
A mão da ciência ensina
O mundo não pode parar!

Uma viagem no tempo... a me levar!
O valor do pensamento a me guiar! (bis)
O toque do artista no Renascimento
Surge um novo jeito de pensar!

Luz... semeando a ciência,
A razão na essência, o dever de cuidar!
Luz... a medida que avança,
Uma nova esperança que nos leva a sonhar!
Segredo... a "Chave da Vida"
Perfeição esculpida, iludindo o olhar...
Onde a medicina vai chegar?
No Carnaval, uma injeção de alegria
Dividida em doses de amor
É a minha Escola a me chamar, Doutor!
Posso ouvir no som da bateria
O remédio pra curar a minha dor!

Eu quero é Sambar!
A cura do corpo e da alma no samba está!
Sou Imperatriz, sou raiz e não posso negar (bis)
Se alguém me decifrar
É verde e branco meu DNA!


link do audio
http://www.4shared.com/audio/W2PKsaP-/08_-_Samba_Enredo_2011_-_Imper.htm

“Se alguém me decifrar, é verde e branco meu DNA”... A Imperatriz Leopoldinense conseguiu trabalhar muito bem o seu samba, apesar de se tratar de um enredo teoricamente difícil de encontrar inspiração. De uma forma muito interessante, praticamente todos os finalistas eram providos de qualidade e funcionalidade, embora este em especial, de Me Leva e Cia. ganhasse certo destaque e a preferência de boa parte do mundo do samba (onde alguns desses compositores assinaram a parceria do Guga no ano passado, inclusive). É outra obra que prova que enredos com temas mais científicos podem sim proporcionar inspiração, e até a palavra DNA no refrão principal não conseguiu destoar à qualidade. O que era “científico” se tornou um misto de fé, evolução, arte e história, e o samba conseguiu abordar muito bem isso, ainda que de forma linear. Agradou-me muito aquela passagem “É a minha escola a me chamar, Doutor, posso ouvir o som da bateria”, talvez a passagem mais poética do samba, visto que se transmita sinestesia através do eu-lírico, que menciona um som agradável. No restante, não diria que a letra é burocrática (longe disso), mas arriscaria em afirmar que há simplicidade em termos de poesia. Sim, isso mesmo: não há nada de “muito” poético, além da passagem da sinestesia. Assim como no ano passado, a obra é focada em elementos que enriqueçam a “emoção” (subjetiva), que são aquelas palavras sempre relativas a fé, orações, mistérios, luz, etc... Uma boa estratégia pra funcionalidade. E também como no ano passado, investiram em uma melodia “chorosa” e “guerreira” (um estilo que me agrada) e muito rica em variações, que se adéquam perfeitamente à letra, sobretudo no refrão principal, onde eles poderiam apresentar alguma dificuldade na métrica (o que não ocorreu ao meu entender). Não é uma estrutura muito original, mas é bem correta e agradável aos ouvidos. Belíssimo samba da Imperatriz! Vamos ver como se sai na avenida.

Até a próxima!

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