terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Da Zona Sul para todo o Rio...


Uma análise ao samba da São Clemente para o carnaval 2011


“O seu, o meu, o nosso Rio, abençoado por Deus e bonito por natureza”
Autores: Ricardo Góes, Ronaldo Soares, FM, Grey, Serginho Machado, Flavinho Segal, Helinho 107, Cláudio Filé, Armandinho do Cavaco, Nelson Amatuzzi, Fabio Portugal, Rodrigo Maia, J.J. Santos e Xandão

E Deus fez a maravilha
Mistérios brotam deste chão
Que a natureza esculpiu
Divina emoção
O Rio nasceu no sol da canção
Terra cobiçada, iluminada
Gente feliz
Menina dos olhos
Do pai criador
Que o padroeiro abençoou
Nas suas águas me banhar
Da fonte vou beber (bis)
E nesse Império Tropical, amanhecer

Passo a passos... Civilização
O modernismo surgiu
Entre riscos e traços se rebatizou
Cidade maravilhosa!
"Minha alma canta", de tanta emoção
A bossa embala o "tom" da canção
Preservar!
É o caminho vamos respeitar
Ter consciência é saber cuidar
Do patrimônio mundial
Rio seu pôr-do-sol é um poema
Braços abertos entra em cena
Nesse carnaval!
Sou carioca e São Clemente
Irreverente, minha paixão (bis)
Meu Rio sua beleza inspira o mar azul
Canta Zona Sul



link do audio:
http://www.4shared.com/audio/LgAcJ4Sc/So_Clemente_2011_Oficial.htm



“Minha alma canta de tanta emoção, a bossa embala o Tom da canção” ... A escola mais querida e debochada da Zona Sul (no sentido bom da palavra, relativo à crítica irreverente e sempre bem humorada) mais uma vez retorna ao Grupo Especial em busca de se firmar entre as grandes escolas. Traz esse ano o único “frankstein” da safra, com uma fusão bem sucedida entre duas parcerias. As obras que separadamente continham defeitos, conseguiram um bom casamento, visto que a fusão tenha os corrigido com grande êxito. A parceria de Helinho 107 (do qual foi aproveitada a segunda estrofe), trazia uma desagradável sensação na primeira parte de que já havíamos ouvido este samba certa vez, no carnaval de 2001, o que não vem ao caso agora, porque já foi corrigido. Já a parceria de Ricardo Góes (de onde saíram os dois refrões e a primeira estrofe), trazia uma segunda parte aquém do restante da obra. O resultado final é um samba “pra cima”, com uma das melodias mais agradáveis do ano, sobretudo irreverente, palavra que é destacada no refrão principal. Um Rio de Janeiro que “nasce no Sol da canção”, e que através do Redentor “de braços abertos entra em cena neste Carnaval”. A São Clemente que costuma trazer enredos críticos, seguidos de sambas debochados e alegres, acabou por investir no lirismo ao falar da própria cidade. Em diversos momentos da letra, há indícios de inspiração nos diversos elementos da cidade: as pessoas, o Sol, as praias, a fé, o padroeiro, a música e o patrimônio. A virtude desse samba é que ele está livre de clichês, apesar de um pouco apelativo no verso “Ter consciência é saber cuidar”, que soou como propaganda de preservação ambiental. A melodia não segue uma linha de grande genialidade, mas pareceu-me bem original e o que é mais importante, agradável e fácil de cantar. Existe uma grande desvantagem em abrir os desfiles, que é quebrar aquele “gelo” com o público. Não sei se o samba conseguirá cumprir este papel com eficácia, mas digo com convicção de que acredito que seja possível. O desafio é maior e nada mais.

Até a próxima!

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