Depois de um excelente primeiro ensaio técnico, a Mocidade Independente "pisou de leve" no freio neste domingo em seu último treino na Marquês de Sapucaí, faltando 20 dias do seu desfile oficial. A escola mostrou mais uma vez um canto muito forte embalado pelo samba-enredo de refrão fácil, mas teve problemas com o "atravessamento do canto" nas últimas alas e um desentendimento entre o carro de som e a bateria no final do desfile. O episódio foi presenciado pelo presidente Paulo Vianna que ficou irritado.
Mesmo com uma evolução inferior ao primeiro ensaio, no saldo, a escola de Padre Miguel teve um desempenho bem melhor que a temporada de ensaios técnicos do carnaval passado. A direção parece estar no caminho certo. Feliz, o carnavalesco Cid Carvalho, que já renovou contrato para 2012, era um dos mais animados. - O barracão da Mocidade está muito próximo de finalizar tudo. Estou muito feliz porque está tudo adiantado.
- Foi um ensaio bastante favorável. Analisamos alguns erros que cometemos. Já mandei marcar uma reunião com o pessoal do carro de som e da bateria, já que houve alguns desencontros, isto não pode acontecer. Eles estão alegando que é o carro de som, mas antes que aconteça no desfile oficial nós vamos avaliar e resolver o problema - explicou o presidente Paulo Vianna.
A Mocidade mostrou que seu componente não está apenas com a letra do samba na ponta da língua como também canta com vibração e alegria quando pisa no Sambódromo. A direção de harmonia teve trabalho apenas com as últimas alas na altura do setor 3 e 5, quando o carro de som já estava próximo no segundo recuo de bateria. O canto atravessou várias vezes assim como aconteceu no primeiro ensaio.
A bateria de mestre Bereco passou bem nas primeiras cabines de jurados. Seguros, os ritmistas levantaram o público, estimado em pouco mais de 35 mil pessoas neste domingo. Mas após sair do segundo recuo, bateria e carro de som não se entenderam. Os dois não estavam na mesma sincronia e houve um desencontro entre o que os intérpretes Nêgo e Richahs cantavam e os comandados de Bereco. O mais inusitado é que o episódio não aconteceu durante retomada de uma paradinha, mas no momento que a bateria passava reto em frente à última cabine de jurados, no setor 4.
- Sentimos falta de ritmistas que tocam caixa. Mesmo sendo um domingo, muitos deles trabalham como seguranças ou em hospitais. Mas a bateria correspondeu. No dia do desfile temos muito para mostrar. Senti o som deficitário, mas quem sou eu para reclamar de um som que todos estão usando. Esse desencontro não tirou o brilho do ensaio da escola. No desfile oficial isso não vai acontecer. Já cobrei para que meus ritmistas compareçam bastante aos últimos ensaios - explicou o mestre de bateria.
A rainha de bateria, Andréa de Andrade, reinou à frente dos ritmistas. - Não posso dizer que me sinto preparada porque estar à altura da escola é difícil, mas estou me doando ao máximo e com muito amor - disse.
A comissão de frente composta apenas por garotos mostrou alguns passos que serão levados no dia oficial. O grupo de 15 rapazes levou nas mãos dois adereços em formato de bastão e realizou uma coreografia bastante ágil e sincronizada. Eles também se apresentaram para o setor 3 antes da cabine de jurados, uma regra obrigatória da Liesa. Desde novembro ensaiando, o coreógrafo Jorge Texeira assina pelo segundo ano consecutivo a comissão de frente da Mocidade. - O ensaio foi perfeito. Foi bem aquilo que eu estava esperando. Nosso tempo na Avenida foi perfeito e o rendimento individual deles muito bom. Vamos fazer pequenas correções de sincronismo. A coreografia foi oficial, mas sem as surpresas que vamos mostrar - disse o coreógrafo.
O casal de mestre-sala e porta-bandeira evoluiu do primeiro para o segundo ensaio. No treino realizado ainda em janeiro, eles sofreram com a pista molhada e a saia de Cristiane Caldas que atrapalhou boa parte de seu bailado. Dessa vez, os dois pareciam mais à vontade e era bom acompanhar o entrosamento da dupla. No geral, Cristiane e Fabrício fizeram uma boa apresentação. - Hoje, valeu! Ensaio sem chuva, da maneira que a gente queria. Fizemos a nossa coreografia baseada no movimento artístico. Apesar do forte calor tudo funcionou. Tenho certeza que no desfile será melhor ainda. Fizemos praticamente a coreografia oficial. Talvez duas ou três coisas mudem. O nosso trabalho é feito em cima da letra do samba, não é solto. A nossa fantasia também vai nos ajudar. Ela é mais leve e menos quente - contou o mestre-sala.
A Mocidade encerra seus ensaios técnicos do Sambódromo com alguns detalhes a corrigir. O erro entre o carro de som e a bateria não pode, de maneira alguma, acontecer no dia oficial. A boa notícia é que a escola de Padre Miguel segue a sua lua de mel com a comunidade. Com o trabalho adiantado no barracão, e quis o "destino" tirar Ilha, Grande Rio e Portela do campeonato após o incêndio na Cidade do Samba, na segunda-feira passada, a Mocidade nunca esteve tão próximo de voltar ao Sábado das Campeãs, após sete anos de "exílio". A última vez que a escola ficou entre as seis mais bem colocadas foi em 2003. E por que não sonhar com as primeiras colocações?
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