

"Apesar dos cruzados plantarem,
A cana na Europa não vingou"
- Eu fui procurado pelo pessoal de uma associação de cachaceiros que realmente eu não lembro mesmo o nome correto. Eles sugeriram uma ajuda. Conversamos e resolvemos fazer o enredo. O dinheiro não apareceu, mas recebemos muita cachaça de brinde - brinca Wagner.
Já a carnavalesca Rosa Magalhães discorda do ex-chefe. Segundo a artista, o "brinde" não era tão grande assim.

Durante entrevista ao SRZD-Carnavalesco, Wagner Araújo distribuiu muitos elogios à artista, dispensada da Imperatriz ano passado, após um longo casamento de 18 anos com a escola. - Rosa usando sua genialidade desenvolveu um enredo sobre a cachaça, mas de uma maneira interessante. Não falando só de alambiques, mas também sobre a história do cultivo da cana de açúcar, com os mouros, depois os cruzados trazendo o plantio para a Europa. Não queríamos fazer uma propaganda para as pessoas consumirem cachaça.
E Rosa fez o que melhor sabe fazer: contar uma bela história. O desfile da Imperatriz começou com os cruzados e os mouros. Estes foram os primeiros a praticar o cultivo de cana. Por conta do clima mais frio, as plantações não tiveram sucesso na Europa. Veneza acabou despontando como o principal local de refino e o açúcar em pouco tempo se transformou em uma especiaria.

"Mas conta a história que em Veneza
O açúcar foi pra mesa da nobreza"
A cana de açúcar se transformou no primeiro ciclo econômico no país ainda colônia. Movimentou o tráfico de escravos e possibilitou o surgimento de uma nova estrutura de moradia que seguiria por muitos anos no Brasil, a Casa Grande e a senzala.
- Eu não gostava de cachaça. Nunca gostei dessas cachaças industrializadas. Elas têm um gosto muito forte e esquisito. Agora eu fui para Minas no ano passado para produzir um seriado sobre o Ziraldo na TV Brasil e eu comprei monte de cachaças artesanais para dar de presente. Não voltou nenhuma. Aprendi a beber cachaça depois de muito tempo. Era uma maravilha. À noite, era um frio danado e toma de cachaça - conta Rosa Magalhães.
Vaias no desfile das campeãs
O desfile da Imperatriz não conseguiu empolgar o público presente na Marquês de Sapucaí mesmo com a bonita homenagem da escola a Carlos Cachaça, um dos fundadores da Mangueira. O último setor da Imperatriz se vestiu todo de verde e rosa. O curioso foi que logo depois da escola de Ramos, a agremiação seguinte era a própria Mangueira.
- Provocou muita controvérsia. A gente usou bastante a figura do Carlos Cachaça e o final acabou tendo uma confusão até por algumas pessoas da escola. Mas era uma homenagem, afinal de contas a gente estava falando de carnaval - explica Wagner.

- Eram torcidas que vieram para lá apenas no intuito de vaiar. Não nos incomodou. Houve até muitas críticas de escolas co-irmãs até porque o presidente da Liga [Liesa] era o Luisinho [atual presidente da Imperatriz].
"Quero vê descê o suco até melá
Na pancada doce do ganzá"
Depois de 18 carnavais pela escola de Ramos, Rosa Magalhães não guarda mágoa de sua saída após o desfile de 2009. Perguntada sobre o que deixou na memória durante sua passagem pela Imperatriz, a artista mantém a economia no uso das palavras, mas responde com franqueza e escolhe o título de 1994 como o seu preferido durante sua trajetória na escola.
- A alegria dos campeonatos. Mas o primeiro título a gente sempre recorda mais. Parece que foi mais difícil chegar lá. Gostei muito também de realizar o carnaval de 2000. Li muita coisa que não sabia sobre o Descobrimento do Brasil e me encantei com a história.
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