domingo, 28 de julho de 2013

Mangueira se renova para 2014


Evelyn Bastos: Rainha de bateria nascida e criada em Mangueira. Entende de samba e de carnaval, segundo seu presidente.

Mangueira toma providências para se aproximar de novo de suas origens. E não falo sobre o surdo de marcação única – mas, bem que podia, as escolas estão muito genéricas hoje em dia. Não, não é bem isso, é a nova proposta do novo presidente, Chiquinho da Mangueira, que substitui a partir de agora Ivo Meirelles. Bem, não frisei a palavra nova(o) por acaso, é uma grande novidade, a começar pela equipe que tentará um título para a verde-e-rosa em 2014.

Pra começar a falar sobre isso, eu vou separar em tópicos, pois, tenho o que discorrer acerca do significado sócio-cultural de cada uma dessas principais atitudes (a meu ver analítico, problematizador – hein?! – e conspiratório). Bem, adianto-lhes que a nova política da escola de Cartola é voltar às origens, ou melhor, voltar ao que fez da Mangueira uma escola de personalidade própria e forte dentro do carnaval carioca e também do mundo. Vêm aí Evelyn Bastos, Carlinhos de Jesus e Rosa Magalhães. O trio promete, mas deixa eu dizer porque acho isso.
Carlinhos de Jesus: O coreógrafo das grandes ideias… só não pode planejar demais e não realizar direito na hora H.

Evelyn Bastos-> A rainha de bateria recém-nomeada é estudante de educação física, tem o aval da antecessora de sua antecessora, Renata Santos e já foi rainha do carnaval. Mas, o mais importante: Ela é cria da comunidade. Poxa, o chão da escola é a tradição e a tradição é o povo que faz desde sua fundação. Gostei do exemplo, já que carnaval virou cabide de emprego e vitrine pra quem paga mais pra aparecer e viver de imagem – mesmo que sem relevância alguma mesmo pro carnaval. Vamos maneirar no patrocínio, né? Enredos que nada dizem sobre a escola só porque tem um contrato recheado de grana é degradante e em nada representa a festa popular que deveria parecer para os turistas (já que pro povo mesmo, só a ilusão). Isso vale pra todas as escolas.

Carlinhos de Jesus e Rosa Magalhães-> Carlinhos já fez um grande trabalho em outros carnavais para a Estação Primeira (como não lembrar daquele balé Ópera do Malandro ou a arrepiante comissão com diversos saudosos baluartes do Samba? Só pra citar) e Rosa Magalhães dispensa apresentações, já que é multi – e atual – campeã do carnaval. Grandes nomes de talento comprovado pra trazer a Mangueira para as primeiras colocações, revigorar a paixão da comunidade e – francamente – disputar títulos.


Rosa Magalhães: A carnavalesca de tamanha sensibilidade que ficou famosa por desfiles criticados pela técnica excessiva, mas é a atual campeã falando sobre o povo do campo, pela Vila Isabel.

É como Monarco falou na Feira das Yabás de abril, em Oswaldo Cruz/Madureira, não adianta ter nome, tem que ter administração. Então, que a Mangueira dê exemplo para a Portela e outras grandes que se ofuscam em troca de patrocínio e não fazem carnavais memoráveis como antes. Fico muito feliz com a proposta de rainha de bateria da comunidade, a exemplo de Raissa, da Beija-Flor, que é cria e querida justamente por essa identificação que surge entre escola, rainha e comunidade. Modelos que desfilem em suas próprias passarelas. Falando em Beija- Flor, ela vem falando em Boni ano que vem, já sentiu (UIA!) a apelação, né? O carisma do homenageado engolindo tudo, como foi com Roberto Carlos. Por isso, torço para que a Mangueira tenha um grande êxito e que outras aprendam a escolher enredos, mesmo que patrocinados, de acordo com suas raízes e as próprias do carnaval. Nada mais de parafernálias tecnológicas sem cultura brasileira pra mostrar.
Escola que é escola respeita sua tradição e não deixa o estilista/designer aparecer mais que seu pavilhão, sua comunidade e seus artistas. Escola de samba não pode mais ser uma árvore que esqueceu sua raiz, já dizia Candeia nos anos de 1970.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

PESQUISAR