Tudo bem que o verso ‘O Rei da Folia’ está presente no refrão principal do samba salgueirense, mas com a licença poética devidamente concedida pelos autores do samba, bem que poderia ser ‘O Rei da Alegria’. Foi nesse tom o segundo ensaio técnico salgueirense, realizado na noite desta sexta no Sambódromo. A Vermelho e Branco mais uma vez mostrou a razão de ter um dos ‘chãos’ mais fortes do carnaval carioca hoje: cantou bastante, evoluiu com alegria e mostrou uma bateria muito educada musicalmente. No início do ensaio, o diretor de carnaval Dudu Azevedo agradeceu à presidente Regina Celi pelo trabalho que a escola vem desempenhando em busca do título deste ano.
Regina, de vestido vermelho, era a cara da sua escola: muito alegria e vibração, além do samba na ponta da língua. O tripé que trazia um telão em alta definição com imagens de anônimos e famosos da escola esteve presente mais uma vez. Atrás dele, a ala que trazia Carlinhos Coreógrafo como personagem central animou e ganhou muitos aplausos de todos os setores.
Comissão de Frente
Comandados pelo coreógrafo Hélio Bejani, o membros da comissão de frente salgueirense arrancaram mais uma vez muitos aplausos da plateia ao apresentar a mesma coreografia do primeiro ensaio. O auge da encenação é o surgimento da bandeira do Salgueiro, fato que acabou cativando o público presente. Em determinados momentos da coreografia, a comissão salgueirense pareceu trazer traços da coreografia oficial.
- A minha avaliação é positiva. Não dei dez no primeiro ensaio, mas dou 10 nesse sem sombra de dúvida. Aplaudo a comunidade que cantou forte e feliz, mostrando que estamos brigando pelo campeonato. Importante ressaltar que a visão do ensaio da pista é totalmente diferente de quem está na arquibancada. Nosso barracão já está pronto e fechado, nossas fantasias terminaram de ser entregues hoje. Cumprimos o nosso organograma todo dentro do planejamento, agora é só a escola se concentrar e entender que depende apenas dela, de cada um dos componentes - afirmou Anderson Abreu, diretor de carnaval do Salgueiro.
Harmonia
A participação dos componentes no canto do samba foi muito boa. Apenas as alas 2 (Cavaleiros do Imperador), 9 (Criador da Geringonça) e 18 (Dona Morte) deixaram a desejar. As demais espalharam pelo Sambódromo um agradável misto de participação efusiva e evolução alegre, o que contagiou o público. Talvez tenha sido a segunda melhor resposta do público nesta temporada de ensaios técnicos, a melhor ainda pertence ao primeiro ensaio da Vila Isabel. Além da ala das baianas, mais uma vez muito bem vestida, as alas 12 (Antônio Conselheiro), 23 (Lobisomem) e 33 (Mamulengos) foram as que mais se destacaram.
Evolução
Ponto fraco do Salgueiro no primeiro ensaio técnico, a evolução voltou a apresentar um problema nesta sexta, desta vez em menor escala. Durante a apresentação do primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira no primeiro módulo de julgadores, a ala da frente avançou antes do término da apresentação e um buraco acabou se formando. De resto, o Salgueiro não pecou durante a sua passagem pela pista. A entrada e saídas dos recuos foram feitas de maneira perfeita. O ensaio durou 69 minutos.
Bateria
O que mestre Marcão – em conjunto com seus auxiliares e ritmistas – tem feito com a bateria do Salgueiro é digno de muitos aplausos. A afinação foi aperfeiçoada, as batidas de caixas e surdos de terceira padronizadas, e as bossas ganharam um ar mais moderno. Tudo isso com uma aula de como se toca, com educação musical, tirando som dos instrumentos. O andamento cadenciado proporcionou um ensaio tranqüilo para o trio de intérpretes: Quinho, Leonardo Bessa e Serginho do Porto. O equilíbrio na tonalidade da bateria também precisa ser destacado: ouve-se todos os instrumentos perfeitamente. Dentro do segundo recuo houve uma breve oscilação de andamento, algo que vem acontecendo com praticamente todas as baterias, já que ali, o referencial de som é precário.
- A gente tenta melhorar a cada dia que passa. E acredito que hoje, em comparação com o nosso primeiro ensaio técnico, a evolução foi grande. Conseguimos ajeitar o que tinha de errado e, para mim fizemos uma apresentação espetacular. Se o desfile oficial tivesse sido hoje, estaria satisfeito com o que mostramos e dá pra ver no semblante dos integrantes da bateria que todos estão felizes com o que fizemos, pois corrigimos o andamento, encontramos o ponto ideal. E esse samba caiu como uma luva pra nós. Ele tem uma bela melodia e uma bela letra e conseguimos trabalhar nossa bateria em cima do que vai ser apresentado no desfile. As bossas que a gente preparou não fogem do enredo da escola. Estamos felizes com o trabalho feito e esperamos executar tudo como o planejado no 20 – disse mestre Marcão.
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
Sidclei e Gleice Simpatia se apresentaram com a fantasia do desfile do ano passado, o que, somado ao calor, acabou deixando a dança dos dois um pouco lenta, mas não menos sincronizada e adequada aos padrões de tradição dos postos que ocupam. Ela se apresentou com o dedo polegar segurando uma parte do tecido da bandeira para mantê-la sempre esticada. A coreografia mostrou a elegância característica da dupla.
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