Da Coluna Opinião do O Dia
O crioulo era doido porque era preto, se branco fosse seria artista conceitual, do universo do fantástico, do surreal, da quebra de fronteiras entre realidade e sonho. Imagina se alguém teria coragem de chamar um intelectual ariano de doido, só porque propõe a engraçadíssima mistureba de diversos personagens famosos que viveram em épocas distintas. Na minha opinião isto nada tem a ver com loucura, acho proposição coberta de deboche, perfeitamente dentro desta galhofa nacional que vejo no Brasil diariamente. E insisto que fácil è cobrar moralidade do crioulo, um degrau abaixo na escala de sapiência dos que se consideram sábios, ou acreditam em arte menor ou arte popular. Vindo da Europa é, no mínimo, quebra de paradigma.
Falta
hoje aos enredos de escola de samba um pouco de samba, de crioulo e de
doidice. E sempre na Grande Rio o enredo é mais respeitado que no Porto
da Pedra, escola menor na hierarquia do poder. Lembram daquele ano em
que afirmei que Olorum mandou buscar na mata o biocombustível e os
inteligentes caíram de pau na pobre Viradouro, e no ano anterior tinham
adorado a afirmação de Nilópolis de que Deus tinha escolhido Macapá como
o suprassumo do mundo? Seriam dois pesos e duas medidas? Bem faz o
famoso Paulo Barros, que para homenagear Luiz Gonzaga, rei do Baião,
realiza na Marquês do Sapucaí um entronamento cujos convidados são
Michael Jackson, Dona Maria a Louca e Elvis Presley, mas acho que deve
pintar um Darth Vader por aí, Paulo a-do-ra cinema americano. Ele esta
certíssimo, às favas o mesmo sertão que já passou mil vezes, o crioulo
tem mais é que enlouquecer mesmo. Que diferença faz a fantasmagoría de
Ana Jansem em sua carruagem de fogo passar pelas ruas de Sao Luís do
Maranhão, como uma caveira, na homenagem da Beija-Flor, e a via láctea
ser considerada o primeiro indício de que a humanidade vê leite em tudo
que é canto, na homenagem da Porto da Pedra? Vale Vale do Rio Doce na
Grande Rio e não vale iogurte no Porto da Pedra? Rosa Magalhães pode
misturar dinossauros, índios goytacazes e ‘O Guarany’ de Carlos Gomes na
sua homenagem às terras de Campos e a pobre da Renascer de Jacarepaguá
não pode insistir que Deus tocou o coração de Romero Brito? Por que as
ricas podem sonhar e as pobrezinhas têm que estar para sempre amarradas
aos ditames do real inteligente e branco? Por que só se pode criticar ou
dar nota baixa para o sonhodas menos favorecidas, se o direito ao sonho
é universal? Por que tentam aprisionar os enredos no cartesiano
raciocínio científico? Reis da cocada preta, permitam que o crioulo,
ainda que doido, reine soberano neste que deveria ser seu reino, os dias
de suspensão do real, onde se divertir é a única coisa que importa.
O crioulo era doido porque era preto, se branco fosse seria artista conceitual, do universo do fantástico, do surreal, da quebra de fronteiras entre realidade e sonho. Imagina se alguém teria coragem de chamar um intelectual ariano de doido, só porque propõe a engraçadíssima mistureba de diversos personagens famosos que viveram em épocas distintas. Na minha opinião isto nada tem a ver com loucura, acho proposição coberta de deboche, perfeitamente dentro desta galhofa nacional que vejo no Brasil diariamente. E insisto que fácil è cobrar moralidade do crioulo, um degrau abaixo na escala de sapiência dos que se consideram sábios, ou acreditam em arte menor ou arte popular. Vindo da Europa é, no mínimo, quebra de paradigma.
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