A você senhor jurado de carnaval, a quem caberá decidir campeãs e rebaixadas, você senhor juiz que definitivamente deve torcer por alguma agremiação, pergunto: como julgar sem se deixar levar pelos mistérios do coração? Como julgar em igualdade de condições escolas com inúmeros títulos da mesma forma que recém-chegadas ao grupo principal e por fim como abstrair e esquecer milhares de torcedores que guardam calados, por anos e anos, o grito de campeã!
O grande dicionarista brasileiro Aurélio Buarque de Holanda Ferreira definiu julgar como: Formar opinião ou juízo crítico sobre; sentenciar; decidir como juiz ou árbitro... O que deixa claro a necessidade de imparcialidade no curso do resultado de tal julgamento. No universo de treze escolas do grupo especial do carnaval da cidade do Rio de Janeiro cinco não lograram serem campeãs o que torna mais difícil o papel de isenção do jurado, levando a obrigação de encarar como verdade absoluta o julgamento apenas no que se vê e no que se ouve e não no nome do grêmio julgado, nada, além disto, poderia ser justificado, passado recente, histórias de glória, grandes carnavais, não estão sendo julgados. A nota não deve remeter ao pretérito! E sim ao tempo presente e só.
Na decisão do júri deve-se evitar o pré-julgamento o qual principalmente o quesito samba enredo possa sofrer. A memória popular contem inúmeros casos de sambas desprezados, ou pouco comentados no período pré-carnavalesco, que proporcionaram grandes desfiles e até mesmo campeonatos consagradores em um passado recente.
Senhores jurados tenho 40 anos de idade, tempo que sedimentei o meu amor ao samba, me dedicando como compositor em fazer parte do maior espetáculo a céu aberto do planeta, eu tenho certeza da dificuldade de suas missões, como também a certeza que a responsabilidade deve estar acima de tudo, consciente da grandeza de suas funções eu vos peço: Não bata este martelo, nem dê a sentença antes de ouvir o que meu samba diz...
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