terça-feira, 17 de maio de 2011

Rainha do Carnaval





Acordou bem cedinho naquele que pra ela era um dia especial.
Pôs-se a arrumar as vestes, depois de, do alto de sua janela, contemplar o dia. Não lhe importava se era frio ou calor, se era chuva ou era sol, pois era o dia do seu esplendor.
Caprichosamente, lavou a alma de todo aquele tempo de espera, e passou a atinar para os pequenos detalhes. Tudo bordado cuidadosamente ao longo de meses e meses, mas ainda assim, pregava, costurava e limpava: últimos detalhes.
Agora, diante do espelho, não via marcadas em seu rosto as cicratizes. Apenas chegavam aos seus olhos, os reflexos felizes. Ela sorriu! O rosto faceiro tinha traços de um país inteiro. Em cada ruga, em cada marca de expressão, ela via diante de si a cara de uma imensa nação. Verde, amarelo, branco e anil, e a saltar de seus olhos um brilho molhado, deixando-os rosados, repletos de emoção.
E seguiu seu ritual, agora a enfeitar-se das pedras preciosas que recolhera ao longo de toda sua vida.
Lentamente, vestiu sua coroa, e fez-se então gloriosa rainha.
Antes de deixar seus aposentos, cobriu-se com o seu manto e foi-se a caminhar.
E quando apontou nas portas do salão real, foi aclamada por todos os seus súditos.
Rufaram os tambores, soaram tamborins:
- Chegou a Rainha, soberana do Reino do Carnaval.


A Estação Primeira de Mangueira não foi cantada apenas por grandes poetas da música nacional. Não é raro vermos um samba-enredo de outra escola de samba, ou desfile, que de alguma maneira, cite a verde e rosa.
No ano de 1972, a escola de samba Acadêmicos do Salgueiro, do carnavalesco Fernando Pamplona foi além, e fez um enredo em homenagem à Mangueira, que é sua madrinha, e de quebra, deixou gravado na história um samba-enredo antológico, cujos versos muita gente já ouviu com certeza!


“Minha Madrinha, Mangueira Querida”
Composição: Zuzuca do Salgueiro
Samba-Enredo do Salgueiro - 1972

Tengo-Tengo
Santo Antônio, Chalé (bis)
Minha gente, é muito samba no pé!
Em noite linda
Em noite bela
Viemos à avenida
Desfilar em passarela
O batizado será lembrado
Pelo Salgueiro de agora
Alô Laurindo, alô Viola
Alô Mangueira de Cartola
Tengo-Tengo
Santo Antônio, Chalé (bis)
Minha gente, é muito samba no pé!
Ô ô ô, oh meu Senhor
Foi Mangueira (bis)
Estação Primeira
Que me batizou

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