quinta-feira, 24 de março de 2011

Bateria
O coração da escola. Assim pode ser definida a bateria de uma escola de samba. Lá, o samba pulsa, na batida do surdo. É dali que a animação flui, transbordando pela Sapucaí, ditando o ritmo da agremiação no desfile. Quando o puxador da escola começa a cantar o samba, público e componentes já se agitam. Mas é somente quando o repique soa e a bateria entra que a festa é total: é carnaval! Ao seu vibrante som, acompanhado pelo samba-enredo cantado, a escola passa e encanta na avenida.

Uma bateria de escola de samba tem, em geral, cerca de 300 componentes (segundo as obrigatoriedades do regulamento, ela não pode se apresentar com menos de 200 ritmistas). Os diretores de bateria a dividem em vários naipes de instrumentos. Antigamente, era usual concentrar os pesados atrás e os leves na frente. Hoje, são observadas diversas arrumações, com fileiras de instrumentos nas laterais e outros concentrados no meio. Cada bateria tem seu diretor principal (o chamado mestre de bateria) e outros diretores que o auxiliam no comando dos ritmistas, em número que varia de 5 a 10. Esses diretores se posicionam ao longo da ala e comandam seu setor. O naipe de tamborins, em geral, é o único que tem diretores específicos.

O puxador, para manter o andamento do samba, tem sempre a seu lado um cavaquinho (e eventualmente um violão de sete cordas). Mas tais instrumentos só aparecem junto ao carro de som, não fazendo parte do corpo da bateria. Também são proibidos nos desfiles instrumentos de sopro. 
Aqui você irá conhecer mais detalhes sobre os instrumentos que compõem a bateria de uma escola de samba. 

Instrumentos Pesados ou de Marcação (são a base do ritmo)
Surdo de primeira - É o maior surdo e o que dá o andamento principal ao samba, servindo como base. Os puxadores se guiam por ele para não acelerar ou desacelerar o canto do samba. Em geral, há um surdo de primeira junto aos puxadores, como guia. Tem uma afinação mais forte e mais aguda do que a dos surdos de resposta. 
Surdo de segunda - É a resposta ao surdo de primeira. Serve como sustentação para o samba no momento em que o surdo de primeira está 'parado', sendo um contraponto.
Surdo de terceira - Aparece entre os outros dois (um pouco antes do surdo de segunda). Serve para dar um molho especial à cadência, quebrando a dureza dos outros surdos e dando um balanço à marcação. A batida varia de escola para escola, pois cada uma utiliza um tempo de corte.
A bateria da Mangueira é famosa por não apresentar os surdos de resposta (segunda e terceira). Tem apenas a primeira e um surdo de corte, também chamado surdo mor, que não é de resposta, mas que suinga a primeira. Ela é a única escola que faz sua marcação desta forma; as demais utilizam as marcações comuns com primeira, segunda e terceira.
Caixa de guerra - É o que dá o som característico ao samba. Só com o som da caixa já se pode identificar uma escola de samba. É sempre tocado com duas baquetas, e tem duas cordas sobre o 'couro' que dão uma afinação diferente. Marca o andamento, mas permite floreios que não ocorrem nos surdos. A forma como se toca uma caixa varia também de escola para escola: algumas utilizam o instrumento embaixo, na altura da cintura, tocando normalmente com as duas mãos; outras põem a caixa 'em cima', utilizando uma mão como apoio e a outra livre. O tarol é uma caixa de guerra mais fina. O som é muito semelhante, e o tarol, em tamanho, equivale a 'meia caixa'.
Repique - É uma resposta à caixa. É bastante utilizado nas paradinhas e nas viradas do samba, como 'senha' para a volta dos demais instrumentos. Antigamente, utilizava-se predominantemente o repique nas paradinhas. Hoje, já admite-se o uso de chocalhos, tamborins e outros, enquanto o resto da bateria silencia.

Instrumentos Leves ou de Percussão (são o molho do samba)
Chocalho - É formado por várias fileiras de 'chapinhas'. Há chocalhos com duas, três, quatro, cinco e até seis fileiras. Não há uma grande diferença no som dos chocalhos devido ao número de fileiras (mas uma maior quantidade de fileiras produz um som mais forte). Esse instrumento aparece mais nos refrões, e fica passagens inteiras do samba sem ser tocado. O chocalho ajuda a caixa a dar o suingue do samba, mas é mais leve.
Tamborim - É um dos instrumentos mais importantes, já que faz todo o desenho do samba. Enquanto os surdos e a caixa fazem uma marcação contínua, o tamborim faz diferentes bossas no samba. Sua baqueta pode ter ponta única ou múltipla, o que produz sons diferentes. Por sua importância dentro da bateria, o naipe de tamborins costuma ter diretores específicos para ele.
Cuíca - O som da cuíca é produzido através de uma pequena haste que fica em seu interior, que puxa um esticadíssimo couro que reveste o instrumento. Seu andamento é dependente da marcação dos surdos, que são seguidos pela cuíca. As cornetas e outros apetrechos que aparecem em algumas cuícas na Avenida são meramente decorativas.


Agogô - Tem um dos sons mais agudos da bateria. A bateria do Império Serrano é famosa por privilegiar seu naipe de agogôs, o que acabou por se tornar uma das maiores marcas da escola. Atualmente são mais de 50 agogôs na bateria da verde-e-branco de Madureira.
Reco-reco - Formado por uma haste e um pedaço de madeira (ou metal), seu som é produzido pelo atrito entre essas partes. Algumas baterias já não têm mais reco-recos entre seus ritmistas, mas muitas ainda mantêm esse instrumento. O instrumento observado à esquerda é feito de metal, assim como sua vareta.

Pandeiro - Dá um ritmo característico ao samba, mas tem um som pouco audível no conjunto da bateria. Por isso, muitas escolas aboliram o pandeiro de suas baterias. É usado como 'alegoria' por muitos ritmistas, que o tocam para as mulatas sambarem e fazem coreografias.
Prato - Outro instrumento utilizado basicamente como 'alegoria' pelos ritmistas. Em geral, as escolas têm uma ou duas pessoas com o prato, à frente da bateria, sambando e fazendo malabarismos com os pratos. O som, produzido pela batida de um prato no outro, é bastante forte.

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