quarta-feira, 16 de março de 2011

Anos dourados, verdes e rosas


Historicamente, os ditos “anos dourados” ficaram marcados principalmente pela mudança política que o Brasil atravessava. JK na Presidência num projeto arrojado, resolve transferir a capital do País para Brasília, e isso não passou em brancas nuvens, principalmente no Rio de Janeiro, até então a capital da nação. Eram tempos de confiança, e embalado pelo slogam progressista dos “50 anos em 5”, o Brasil de certa forma vivia um bom momento. Toda essa expectativa refletiu diretamente em diversos movimentos culturais, e não poderia deixar de ser assim com o carnaval e com o samba. O carnaval de escolas de samba ainda não tinha o gigantismo de hoje , e a folia popular ficava por conta mesmo de blocos e desfiles de rua, num tempo em que a participação do povão era mais efetiva. E nesses tempos em que todo o otimismo, e também as desconfianças, povoavam o imaginário popular, compositores e sambistas viveram momentos de grande inspiração. Foi um período rico em sambas e marchas, e a Estação Primeira de Mangueira, já na época reconhecida como um verdadeiro celeiro da cultura nacional, era tema recorrente em várias canções que embalaram aqueles carnavais. Muitas marchas e sambas ficaram esquecidos pelo tempo, mas foi nessa época, que verdadeiras obras-primas do gênero foram compostos:


Ângela Maria embalou um dos maiores sucessos da época, o “Fala Mangueira”, composição da dupla Mirabeau e Milton de Oliveira.

“Fala Mangueira, fala
A força da tua tradição
Com licença da Portela, Favela
Mangueira mora no meu coração”

Já no “Levanta Mangueira”, de Luiz Antonio, a letra já exaltava o estreito caso de amor entre o morro e o samba:

“Levanta Mangueira
A poeira do chão
Samba de coração”
E foi também nesse período de ouro, que surgia na voz do Mestre Jamelão, aquele que se tornaria um dos maiores símbolos da verde e rosa. Em 1956, há mais de 40 anos, o mestre apresentava a obra-prima de Éneas de Brito e Aluizio Augusto, “Exaltação à Mangueira”. Com versos singelos e contundentes, traduz com maestria toda a nobreza e magia que envolve a “escola de samba mais querida do planeta”

"Mangueira teu cenário é uma beleza
Que a natureza criou, ô...ô...
O morro com teus barracões de zinco,
Quando amanhece, que esplendor,
Todo o mundo te conhece ao longe,
Pelo som de teus tamborins
E o rufar do seu tambor, Chegou, ô... ô...
A mangueira chegou, ô... ô...
Mangueira, teu passado de glória,
Está gravado na história,
É verde-rosa a cor da tua bandeira,
Pra mostrar a essa gente,
Que o samba é lá em Mangueira !"

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