terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Simples como um Rei...

Uma análise ao samba da Beija-Flor de Nilópolis para o Carnaval 2011.


"Roberto Carlos: a Simplicidade do Rei"
Autores: Samir Trindade, Serginho Aguiar, JR Beija Flor, Sidney de Pilares, Jorginho Moreira e Théo M. Neto
A saudade
Vem pra reviver o tempo que passou
Ah! Essa lembrança que ficou
Momentos que não esqueci
Eu cheio de fantasias na luz do Rei menino
Lá no seu Cachoeiro
E lá vou eu... De Calhambeque a onda a me levar
Na Jovem Guarda o rock a embalar... Vivendo a paixão
Amigos de fé guardei no coração

Quando o amor invade a alma... É magia
É inspiração pra nossa canção... Poesia (bis)
O beijo na flor é só pra dizer
Como é grande o meu amor por você

Nas curvas dessa estrada a vida em canções
Chora viola! Nas veredas dos sertões
Lindo é ver a natureza
Por sua beleza clamou em seus versos
No mar navegam emoções
Sonhar faz bem aos corações
Na fé com o meu Rei seguindo
Outra vez estou aqui vivendo esse momento lindo
De todas as Marias vêm as bênçãos lá do céu
Do samba faço oração, poema, emoção!

Meu Beija-Flor chegou a hora
De botar pra fora a felicidade (bis)
Da alegria de falar do Rei
E mostrar pro mundo essa simplicidade
“De todas as Marias vêm as bênçãos lá do céu; Do samba faço oração, poema, emoção”... Em todas as temporadas existe um ou mais sambas que ganham certo destaque entre as demais obras do grupo. E não falo em termos de popularidade não, mas sim de qualidade. Taí, eu acredito que este samba da Beija Flor, seja um desses sambas nesse carnaval de 2011. Em primeiro lugar, o enredo homenagem ao Rei Roberto Carlos proporcionou muitas possibilidades para a ala de compositores da escola de Nilópolis e definitivamente, não faltaram bons sambas entre a safra de concorrentes. E mesmo em meio a este cenário de boas opções, de certa forma, a escolha foi unânime. Receio não conhecer um único torcedor da Beija-Flor que não gostasse a obra lírica de Samir Trindade e Cia., o que também era de certa forma o preferido entre os críticos. É daqueles sambas que nos encanta na primeira vez que ouvimos. Na letra, Roberto Carlos é saudado pela sua grandeza, pela sua história e pela sua obra. Citam-se trechos de músicas que encantaram gerações, além do movimento musical da Jovem Guarda. A sacada que mais me chamou atenção, e que realmente achei de uma genialidade primorosa, está contida no verso “O beijo na flor é só pra dizer”, onde há uma ambigüidade relacionando a escola e um gesto comum do artista. De resto, o poema é lindíssimo e emocionante do início ao fim, e, sobretudo, fiel ao enredo e rico em conteúdo. O verso “botar pra fora a felicidade” contém o único defeito dessa letra, já que “botar” é um verbo que condiga com a natureza biológica de certos animais (isto é sério e não uma ironia. “Botar” no sentido “colocar”, é literalmente feio e pobre). Mas o samba consegue transparecer uma essência que é proposta no próprio título do enredo, ou seja, a “simplicidade”. Também destaco os dois refrões fortes que são apresentados, o que deve fortalecer mais ainda o canto na avenida. A melodia, que tem “cara de Beija Flor”, um estilo único, cadenciado, que traz possibilidades pra bateria, que a comunidade abraça, e por fim ajuda no canto, na harmonia, na evolução. Original? Talvez não seja. Mas é bom e funciona.
 
Até a próxima!

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