"Esta Noite Levarei sua Alma"
Autores: Julio Alves e Totonho
Tá com medo de quê?
O filme já vai começar
Você foi convidado
Caronte no barco não pode esperar
Apague a luz, a guerra começou
Sob o capuz, delira o diretor
No filme que passa piada em cartaz
Pavor me abraça, isso não se faz
No espaço se vai, é a força que vem
Meu medo não teme ninguém
É o boom! Quem não viu? A casa caiu
Com a bomba na mão o vilão explodiu (bis)
O plano de fuga é jogo de cena
"Um deus nos acuda"... Agita o cinema
Ele volta revolta, mistério no ar
Dos milharais uma estranha visão
Mais uma vez olha a encenação
Morrer de amar faz o povo gargalhar
Pare! Eu pego vocês, grita o mal condutor
Mas deu tudo errado, não há outro lado
Esse povo me enganou
Eu sou brasileiro, amor tijucano
Roteiro sem ponto final
Coitado o barqueiro entrou pelo cano
E brinca no meu carnaval
Eu sou Tijuca, estou em cartaz
Sucesso na tela meu povo é quem faz (bis)
Sou do Borel da gente guerreira
A pura cadência levanta poeira
link do audio
“É o boom! Quem não viu? A casa caiu!”... Depois do Segredo, mais um samba feito exclusivamente para o desfile do carnavalesco Paulo Barros. A Unidos da Tijuca parece ter encontrado uma fórmula que funcione na avenida, visando exclusivamente o canto da comunidade, e conseqüentemente, elucidando as partes que compõe o enredo. Estou certo? Não exatamente. É verdade, a comunidade Tijucana canta muito, mas se formos analisar a segunda afirmação, chegaremos à conclusão de que não funciona bem assim. Primeiramente, voltemos ao “Segredo”. Tudo parecia muito confuso na letra do samba, mas, quando aquele desfile começou, ocorreu o contrário. O que era confuso, ficou muito claro. Creio que neste samba composto por Júlio Alves e Totonho para 2011, proceda da mesma maneira. Fica evidente que a “história” se passa dentro de uma sala de cinema, mas algumas passagens (principalmente na segunda estrofe) continuam confusas e mesmo assim já se faz notável, que no instante em que a comissão de frente pisar na avenida, tudo ficará muito claro. Essa tergiversação toda baseada no “funcionalismo” falho da obra, que particularmente considero importante, leva ao interesse de uma análise da qualidade poética da letra, já que se utiliza do mecanismo da irreverência, visto que a proposta do enredo não proporcione mecanismos que utilizem do lirismo ou de grandes sacadas. E é neste cenário que afirmo com convicção de que há sim certa recorrência à linguagem coloquial, mas jamais me daria ao luxo de alegar que se trata de uma letra “burocrática”, aliás, muito longe disso. Trabalha muito com as sensações, ao transformar um filme-enredo em poesia. E a melodia é digna de todos os elogios. A exemplo do ano anterior, a escola busca repetir a fórmula, como já disse, com um samba de melodia cadenciada, mais guerreira do que genial, e uma letra poética, pouco confusa que contará com o visual para esclarecer, e, sobretudo, que certamente proporcionará o canto da comunidade no desfile. Para ilustrar, uma opinião pessoal: apesar da semelhança no “estilo”, gosto mais deste samba do que do Segredo.
Até a próxima!
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