Quadras próximas a favelas pacificadas estão mais lotadas do que nunca. Foliões podem curtir ensaios até tarde, sem medo de tiroteios e da volta para casa
A noite de quarta-feira vai caindo e os vizinhos André Paulo Urbano, 34, e Juan Briggs, 16,<CW-7> moradores do Morro dos Macacos, em Vila Isabel, começam a se aprontar. Ritmistas da bateria da escola de Noel, eles seguem para o ensaio, que ‘não tem hora para acabar’. Nem sempre foi assim. Pouco mais de três meses atrás, antes do bairro receber sua Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), a rotina era diferente.
“O ensaio terminava e logo cedo todo mundo subia para casa rápido, preocupado. Agora, depois que acaba, vai uma galera para a Praça Sete para conversar e brincar na maior paz”, conta Juan, nascido e criado no bairro.
A ‘cadência da paz’ não é exclusividade da Vila. Com a instalação de 15 UPP’s no Rio, componentes de diversas agremiações experimentam o gostinho de sambar sob as ‘asas da liberdade’.
Que o diga Hilda da Silva Ferreira, 82 anos, a Tia Hilda, mais experiente integrante da velha guarda da Unidos da Tijuca. Moradora do Morro da Casa Branca, ela conta que durante um tempo a quadra social da campeã do Carnaval de 2010, encravada nos pés do Morro do Borel, deixou de receber parte dos seus componentes: “Por causa de alguns episódios de violência, teve gente que deixou de vir”.
Luiz Calixto Monteiro, 47, o mestre Casagrande, diretor de bateria da escola, lembra que, depois da pacificação, reviu amigos de juventude com quem não tinha contato há mais de duas décadas.
Quadra da Estácio de Sá vai ficar mais movimentada
Inaugurada há pouco mais de uma semana, a mais recente UPP da cidade, no Complexo de São Carlos, promete tornar ainda mais movimentada a quadra da Estácio de Sá. A Vermelha e Branca, herdeira da Deixa Falar — primeira escola de samba do Brasil — tem 80% dos seus componentes morando nos morros do bairro.
O presidente da agremiação, Marco Aurélio Fernandes, 36, ressalta que o samba sempre foi respeitado, independentemente das questões ligadas à segurança. “A escola sempre esteve presente nas comunidades do bairro, através de projetos sociais. Resolvi me mudar para cá há dois anos para participar mais intensamente. Hoje, subo o São Carlos todo dia para levar Tia Alice (vice-presidente) em casa”, conta.
Marquinhos acredita que a região passa por um processo de revitalização: “A instalação da UPP faz parte de um conjunto de ações que estão resgatando o Estácio”.
“Ninguém fica mais com medo de encontrar um tiroteio no caminho”
Localizada na Rua Castelnuovo, um dos acessos ao Morro da Formiga, a quadra do Império da Tijuca vem reunindo semanalmente, nos ensaios de terça-feira e de domingo, cerca de mil pessoas. O presidente Antonio Marcos Teles, o Tê, diz que, sobretudo, os componentes que não moram na comunidade sentem-se mais tranquilos depois da ocupação policial da região. “O componente que mora no asfalto ficava preocupado. Participava de um ensaio, faltava a outro. Agora, com policiamento, ninguém fica mais com medo de encontrar um tiroteio no caminho. As pessoas estão mais tranquilas”, afirma.
Vizinha do Império, Tia Hilda, da Unidos da Tijuca, do alto de mais de 70 anos dedicados ao Carnaval, resume em poucas palavras o sentimento dos sambistas diante da pacificação de suas comunidades: “O sambista sempre teve seu espaço, mas agora reina a tranquilidade e a paz. Isso enche de orgulho cada morador dessas comunidades”.
A ‘cadência da paz’ não é exclusividade da Vila. Com a instalação de 15 UPP’s no Rio, componentes de diversas agremiações experimentam o gostinho de sambar sob as ‘asas da liberdade’.
Que o diga Hilda da Silva Ferreira, 82 anos, a Tia Hilda, mais experiente integrante da velha guarda da Unidos da Tijuca. Moradora do Morro da Casa Branca, ela conta que durante um tempo a quadra social da campeã do Carnaval de 2010, encravada nos pés do Morro do Borel, deixou de receber parte dos seus componentes: “Por causa de alguns episódios de violência, teve gente que deixou de vir”.
Luiz Calixto Monteiro, 47, o mestre Casagrande, diretor de bateria da escola, lembra que, depois da pacificação, reviu amigos de juventude com quem não tinha contato há mais de duas décadas.
Foto: Divulgação
“Após a ocupação policial do Borel, muita gente voltou para o dia a dia da escola. Tinha gente que eu não via desde a década de 1990. Antes, existiam áreas de conflito dentro da comunidade que, em determinadas épocas, impediam moradores de descer. Hoje, a Tijuca está cada vez mais cheia, ninguém tem medo de ir a ensaio, buscar fantasia. Assisti o começo, o meio e o fim da guerra”, afirma Casagrande, que nasceu e cresceu no Borel.Quadra da Estácio de Sá vai ficar mais movimentada
Inaugurada há pouco mais de uma semana, a mais recente UPP da cidade, no Complexo de São Carlos, promete tornar ainda mais movimentada a quadra da Estácio de Sá. A Vermelha e Branca, herdeira da Deixa Falar — primeira escola de samba do Brasil — tem 80% dos seus componentes morando nos morros do bairro.
O presidente da agremiação, Marco Aurélio Fernandes, 36, ressalta que o samba sempre foi respeitado, independentemente das questões ligadas à segurança. “A escola sempre esteve presente nas comunidades do bairro, através de projetos sociais. Resolvi me mudar para cá há dois anos para participar mais intensamente. Hoje, subo o São Carlos todo dia para levar Tia Alice (vice-presidente) em casa”, conta.
Marquinhos acredita que a região passa por um processo de revitalização: “A instalação da UPP faz parte de um conjunto de ações que estão resgatando o Estácio”.
“Ninguém fica mais com medo de encontrar um tiroteio no caminho”
Localizada na Rua Castelnuovo, um dos acessos ao Morro da Formiga, a quadra do Império da Tijuca vem reunindo semanalmente, nos ensaios de terça-feira e de domingo, cerca de mil pessoas. O presidente Antonio Marcos Teles, o Tê, diz que, sobretudo, os componentes que não moram na comunidade sentem-se mais tranquilos depois da ocupação policial da região. “O componente que mora no asfalto ficava preocupado. Participava de um ensaio, faltava a outro. Agora, com policiamento, ninguém fica mais com medo de encontrar um tiroteio no caminho. As pessoas estão mais tranquilas”, afirma.
Vizinha do Império, Tia Hilda, da Unidos da Tijuca, do alto de mais de 70 anos dedicados ao Carnaval, resume em poucas palavras o sentimento dos sambistas diante da pacificação de suas comunidades: “O sambista sempre teve seu espaço, mas agora reina a tranquilidade e a paz. Isso enche de orgulho cada morador dessas comunidades”.
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