terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Risco de incêndio ainda existe na Cidade do Samba


Crea vistoria o local e reprova chuveirinhos, extintores e a ligação elétrica


Uma semana após o incêndio que destruiu parte da Cidade do Samba, o risco de novos acidentes ronda os barracões não atingidos. Durante vistoria, ontem à tarde, engenheiros do Conselho Regional de Engenharia Arquitetura e Agronomia do Rio de Janeiro (Crea-RJ) encontraram fios sem proteção, gambiarras elétricas e outras irregularidades consideradas potenciais para a formação de chamas.
Foto: Carlo Wrede / Agência O Dia
Trabalhadores correm contra o tempo para refazer fantasias e alegorias no barracão da Grande Rio. Primeiro carro começou a ser refeito ontem
Técnicos da Comissão de Análise de Prevenção de Acidentes do Crea vistoriaram o barracão da Imperatriz Leopoldinense. Prevenção e combate às chamas foram quesitos com nota zero.

Dos dois extintores da agremiação, um estava vazio e outro vencido há um ano. “O sprinter para apagar o fogo fica muito alto e a pressão da água não apagaria as chamas. É preciso uma Brigada de Incêndio 24 horas”, disse o engenheiro Luiz Antônio Cosenza.

A Liga das Escolas de Samba (Liesa) informou que há brigadistas no local. Um relatório com sugestões será enviado à Prefeitura e à Liesa.

Para Cosenza, a instalação de tomadas nos barracões evitaria as gambiarras e o risco de curto-circuito. “O material dos carros é muito inflamável. É preciso ter cuidado. Acredito que o incêndio pode ter causas elétricas”, afirmou o técnico do Crea.

De acordo com a Riourbe, está previsto para hoje o início da demolição dos três barracões afetados pelas chamas, na Cidade do Samba. A necessidade de demolição foi indicada em laudo da Defesa Civil municipal, pois os danos impossibilitam reparo. O laudo do Instituto de Criminalística Carlos Éboli deve ficar pronto em 20 dias.

Falta de tecido dificulta a recuperação de fantasias

Há três semanas do Carnaval, as escolas cujos barracões foram atingidos pelas chamas correm para entrar na Sapucaí com as alegorias concluídas. Em barracões improvisados, Grande Rio, União da Ilha e Portela fazem jornadas de 24 horas. Mas há casos em que o trabalho não depende apenas do empenho dos carnavalescos.
Na União da Ilha, cerca de 80% das fantasias foram destruídas pelas chamas. De acordo com o presidente da agremiação, Ney Filardi, o tecido preto usado na confecção das roupas, o Energi, está em falta no mercado. “Estamos com dificuldade de encontrar tecidos para elaborar as fantasias. Está em falta no mercado, mas o trabalho continua e não vamos esmorecer”, declara.

Na escola, foram 2,4 mil fantasias destruídas pelas chamas, mas, de acordo com o carnavalesco Alex de Souza, os novos modelos não vão seguir o protótipo original por falta de tempo, dinheiro e mão de obra. Ontem, a Grande Rio, escola mais prejudicada, com 100% de perda, começou a montagem de um carro alegórico. Há estrutura para montar outros seis, mas o número final de veículos vai depender da velocidade do trabalho.

Pessoas insatisfeitas com a troca das apresentações de Portela para domingo e Mocidade para segunda-feira de Carnaval na Marquês de Sapucaí podem pegar o dinheiro de volta, na Rua da Alfândega 25, lojas B e C.

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