Ela se atreveu a prever o futuro em seus carnavais. Imaginar como seria a folia depois da virada do milênio. Mas nem em seus sonhos mais pessimistas, a Mocidade Independente poderia imaginar que passaria por tanta dificuldade. Para deixar para trás uma década praticamente perdida, a verde e branco de Padre Miguel apostou em um projeto grandioso comandado pelo carnavalesco Cid Carvalho que emplaca seu terceiro ano na escola. A "Parábola dos divinos semeadores" viaja pelas festas de celebração através dos tempos para contar a história da agricultura e do carnaval.
Já na comissão de frente um imponente império de gelo começa a ser mostrado. Este primeiro setor da escola chama a atenção pela suntuosidade e pela grandiosidade. Em seguida está o casal de mestre-sala e porta-bandeira, Fabrício Pires e Cristiane Caldas. A fantasia batizada de "Cintilantes flocos de neve" está guardada e quase ninguém tem acesso à roupa, salvo a direção e o próprio casal. Outra aposta da escola é na roupa das baianas. As "tias" da Zona Oeste representarão as geleiras e desfilarão, como se tornou costume na Mocidade, logo à frente do abre-alas.
O carro abre-elas representa uma imensa geleira. Além de homes das cavernas, diversos pinheiros, e vários tipos de animais, extremamente bem acabados, estão colocados no carro que terá o chão regado a sal grosso para parecer neve na avenida. O carnavalesco espera que o efeito de neve seja atingido para surpreender ao público. - Nosso projeto é grande. Mas correu tudo bem. Estamos terminando com tranquilidade. Esse primeiro setor é bastante interessante, acho que pode causar um bom impacto na avenida - contou Cid.
No primeiro tripé da escola "A Grande Estrela Incandescente" brilha e derrete o gelo. O verde aparece no desfile na segunda alegoria. Começa então o plantio e a louvação dos deuses para agradecer as farturas alcançadas nas colheitas. Já na terceira alegoria a primeira grande festa representada no enredo. O carro "Grandioso Banquete à Deusa Isis - Senhora da Agricultura" terá um banquete servido com comida de verdade. Nesse setor estará o segundo tripé batizado de "Boi Ápis".
A quarta parte do desfile será uma grande homenagem ao Deus Baco. Entre algumas alas estará o tripé número três "A Farra de Baco: Deus das Parreiras". Logo depois a rainha de bateria Andréa de Andrade vestida como "Ninfa dos Bacanais". Para encerrar a quarta alegoria "As Saturnálias: Festança em Honra ao Deus Saturno". Essa alegoria promete divertir a avenida já que contará, em sua maioria, com destaques gordinhos que vão encenar uma sauna romana.
Bateria com fantasia que terá chifre e salto
Não tem como falar de Mocidade Independente sem citar sua famosa bateria. Para representar "os faunos", os ritmistas de mestre Bereco virão com uma fantasia que terá chifres e salto no pé. - Acho que essa fantasia dará um grande resultado no desfile. Creio que ser uma boa surpresa para todos. Convencer os ritmistas é sempre complicado, mas no final sempre dá tudo certo. Quem não se lembra quando eles tiveram que raspar a cabeça para o desfile sobre a paz na Terra - lembra Cid Carvalho fazendo alusão ao ano de 2001 quando todos os integrantes da bateria rasparam a cabeça para se caracterizarem de Ghandi.
O enredo de 2011 cita o nascimento do cristianismo em Roma e a perseguição ao carnaval praticada pela recém-nascida religião que tentava esconder suas raízes pagãs. Atravessando os tempos a folia chega a Veneza onde incorpora personagens da Comédia Dell’art. O carnaval ganha força e invade os salões nobres de cidades nobres como Nice, Roma e a própria Veneza. O baile de máscaras e a incrível reprodução das Gôndolas de Veneza chamam a atenção na sexta alegoria.
O rito das festas agrícolas desembarca no Brasil. Na Terra em que se plantando tudo cresce e floresce, as sementes desses rituais se enraízam na cultura popular do país de norte a sul. Os últimos setores da escola são uma grande homenagem as diversas manifestações da cultura popular brasileira. Boi-Bumbá, Festa da Uva, Congada, Maracatu, Festas de São João e, claro, o carnaval. Todas devidamente representadas em alegoria, tripé e alas.
A estrela, símbolo da escola aparece no último carro. Todo espelhado, com pandeiros e algumas estrelas como suporte no lugar dos tradicionais queijos, essa alegoria visa resgatar a escola para reviver grandes carnavais. Celebrando o passado, festeja o presente e, no futuro, quando o samba for levado ao espaço sideral, estará na verdade reencontrando sua raiz.
- Deixamos esse carro por último por ser muito fácil de montar. Boa parte dele é de espelho cortado e colado e isso facilitou nosso trabalho. Foi muito trabalhoso terminar todos os carros da maneira que imaginamos no início do projeto. O último carro é o que trás o símbolo da escola, mas é que está dando menos trabalho - concluiu o carnavalesco.
ORGANOGRAMA
Comissão de frente
Casal de mestre-sala e porta-bandeira: "Cintilantes flocos de neve"
Baianas: "As geleiras"
Setor 1: " A última era glacial: O império branco "
Tripé 1: "A grande estrela incandescente"
Setor 2: " Eis que surge o verde, eis que surgem os deuses"
Tripé 2: "O boi Ápis"
Setor 3: "Grandioso banquete à deusa Ísis - Senhora da agricultura"
Tripé 3: "A farra de Baco: Deus das parreiras"
Rainha de bateria: "Ninfa dos bacanais"
Bateria: "Faunos/sátiros"
Passistas: "A sedução dos bacanais e os coribantes"
Setor 4: "As Saturnálias: Festança em honra ao Deus Saturno "
2° casal de mestre-sala e porta-bandeira: "O brilho do Deus Sol refletido nos ostensórios católicos"
Setor 5: "O "Bom Pastor" e o rebanho de foliões"
setor 6: "O grande baile de máscaras, uma herança pagã "
3º casal de mestre-sala e porta-bandeira: "A influência egípcia no folclore do boi brasileiro"
Setor 7: "A folia na tradução brasileira. Ou será tradição?"
Tripé 4: "A influência africana"
Setor 8: "No futuro um encontro com o passado, um carnaval nas estrelas"
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