Se tivesse que escolher uma coisa boa no carnaval passado, algo que, do meu ponto de vista, fosse merecedor de destaque especial, não hesitaria em apontar o novo rumo sendo seguido pelo Grupo de Acesso. Se é certo que houve boa dose de precipitação, medida radical, forte, tomada em única drágea, houve também elogiável ousadia de fazer as coisas acontecerem com determinação.
A escolha de gente certa para a “pilotagem” do novo momento fez o ponto de equilíbrio entre precipitação e a ousadia, trazendo à cena um resultado além do esperado. Mas isto agora ... é passado. O carnaval se aproxima, até aqui lentamente.
Agora o Papa vai embora, virá o sete de setembro que... bem vamos ver..., os sambas serão escolhidos e o CD lançado com a festa de sempre. E chegará dezembro com as cartinhas que serão recebidas onlinemente por tantos e todos os noéis do mundo. E 2014. Com ele a potencialização das angústias já sendo vividas pelas escolas do acesso. Que carnaval farão? Que carnaval deverão fazer? Que carnaval lhes será possível fazer? Que carnaval lhes será dado fazer?
Vamos às notícias...as velhas, primeiro. Até vésperas do último carnaval não se sabia, ao certo, o “quantum” cada escola disporia para se arrumar. As escolas de grupos menores comemoravam o acréscimo previsto enquanto as demais tratavam de se conformar com a manutenção de seus quinhões, isto na melhor das hipóteses. O carnaval chegou e, confesso, não sei direito como tudo ficou.
Se as escolas receberam o que contavam receber, se receberam mesmo ou se restou algum para depois. De uma maneira ou de outra, e considerando que o planejamento financeiro não tem sido marca de grande parte das escolas, fácil imaginar as ‘contas de chegar’, ‘acertos’ e ‘mágicas’ necessárias a colocar o carnaval na rua. E aí alguém dirá: Ah! é assim mesmo, parte em razão da precipitação, parte por conta da ousadia. Este ano não vai ser igual àquele que passou, certo?
E de lá para cá... quais foram as notícias? Será que a boa expectativa para o segundo capítulo vai água abaixo? O levante das ruas deu algumas estocadas nas finanças públicas. A considerar a posição assumida pela prefeitura, o rearranjo das planilhas do transporte público obrigará um deslocamento de prioridades sem que se saiba exatamente quais. Isto... até aqui, com o ano fiscal longe de terminar. Será o carnaval atingido?
A expectativa, renovada a cada ano, de entendimento entre as finanças municipais e as necessidades dos barracões parece ter sido adiada mais uma vez. Mais uma vez os recursos serão disponibilizados em cima da hora, em valores incertos e não sabidos, para desespero dos – poucos – planejadores das escolas e para potencializar a barafunda das escolas administradas em cima da perna.
É o segundo capítulo do novo momento das escolas do acesso. Se nadaram sobre ondas da incerteza no primeiro capítulo, agora neste segundo surfam nas mesmas e ainda mais caudalosas ondas. Nada mudou, diriam os otimistas. Otimistas que desconhecem novas notícias por vir.
Sobreviventes dos barracões das incertezas, oscilando no sai-não-sai ao sabor das obras do Porto Maravilha, as escolas leem aflitas as notícias e esperando outras que teimam em não sair. Lembrar a Viradouro... chega a doer. Sem casa para retornar do desfile, três dias passados literalmente desabrigada, nas ruas, foi parar em uma metalúrgica dividindo o espaço com a Unidos de Padre Miguel.
E como será neste pós carnaval. As escolas têm a volta para casa garantida para os barracões de onde saíram? Ou terão seu retorno negado como à Viradouro? Ou receberão tardiamente a notícia que deverão retornar já para a Cidade do Samba II?
Para quem aposta, ou reza, para que no próximo pós carnaval sua escola volte já para a nova cidade do samba, lá no Sabão Português, periga escorregar feio. Dependendo do momento da notícia, da decisão, suas alegorias, construídas com vistas a um determinado tipo de obstáculo, terão que percorrer outros e imprevistos caminhos, sujeitos a outros e obstáculos com dimensões diferentes e só conhecidas após os carros já construídos.
Será que estou exagerando? Será exigir muito que o carnaval do Acesso seja pensado pela prefeitura com igual dimensão dada a outros eventos, proporcional à sua própria dimensão? Ou continuará, como sempre foi, pensado apenas um mês antes, tal como uma festa junina, decidida em cima da hora, na esquina de nossas casas...?
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