quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Regina Celi e o manifesto em defesa do samba



Realmente a semana tem sido de discussões calorosas a respeito das declarações de candidatos a prefeito do Rio de Janeiro em relação ao carnaval carioca, embora não concorde com muita proposta que está sendo colocada em discussão, é bom ver que nós, enfim, conseguimos ser enxergados e respeitados, nossa voz vale muito, e foi exatamente pensando assim, que a Presidente do GRES Acadêmicos do Salgueiro, Regina Celi, está liderando o manifesto em defesa do carnaval carioca, nossa maior paixão.
Abaixo, na íntegra, o manifesto que o Salgueiro apresentou neste último sábado 25 de agosto de 2012 em sua quadra, na luta contra o dirigismo cultural no carnaval da Cidade Maravilhosa.

"O Carnaval é um dos emblemas do Rio. Faz parte do patrimônio histórico e cultural da cidade. Tem uma profunda inserção popular. É uma das expressões mais significativas da cultura carioca. Encanta e mobiliza milhões de pessoas todos os anos. É uma festa. É também uma atividade econômica e está presente na vida dos cariocas de todas as regiões há muito tempo. Constitui uma tradição.

Não por acaso, ao longo da história, em vários momentos, políticos tentaram cooptar, controlar e reprimir o Carnaval do Rio, visando apenas projetos partidários ou pessoais. O Carnaval nasceu como uma forma de resistência (e afirmação) popular. E sobreviveu a todas as tentativas de cooptação, controle e repressão. Não foram poucas. Mas o Carnaval do Rio está cada vez mais forte.

Hoje impera no Carnaval do Rio a mais absoluta liberdade de expressão. O poder público não interfere no conteúdo dos enredos. Não determina o que as Escolas de Samba podem ou não expressar em seus desfiles. A Prefeitura subsidia igualmente todas as agremiações em cada um dos Grupos e não impõe "contrapartidas culturais".

Infelizmente há no horizonte uma ameaça potencial à plena liberdade de expressão no Carnaval do Rio. Um candidato a prefeito defende, em seu programa de governo e em entrevistas, que só devem receber recursos da Prefeitura as Escolas de Samba que tiverem enredos aprovados pela Secretaria de Cultura. Para ele, as Escolas devem oferecer "contrapartidas culturais".

Trata-se claramente de uma visão dirigista. Quem determinará se um enredo tem ou não "relevância cultural"? Mais uma vez o Carnaval do Rio se vê diante de uma postura autoritária que atenta contra a plena liberdade de expressão. Mais uma vez há uma tentativa de controle de uma manifestação cultural popular. Não podemos permitir que este pesadelo vire realidade, como ocorreu
no passado.

A comunidade do Carnaval e do Samba está unida para defender seu direito de criar livremente. Repudiamos esta e qualquer outra tentativa de dirigismo cultural. A contrapartida de uma obra de arte é a própria obra de arte. As Escolas de Samba devem ter autonomia para escolher seus enredos. O apoio da Prefeitura é justo e necessário. Mas não pode ameaçar a liberdade de expressão.

Por tudo isso, não podemos deixar que queiram tirar do nosso Carnaval o título, arduamente conquistado, de Maior Espetáculo da Terra".


Axé!

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