Azul e branca vai exaltar os laços entre Brasil e o país africano.
Escola vai fechar a primeira noite de desfiles na Sapucaí, no domingo (19).
Mais de 15 tipos de estampas, quilômetros de tecidos e uma modelo como rainha. Assim pode ser resumido o desfile que a escola de samba Unidos de Vila Isabel, do Grupo Especial do Rio, está preparando para o carnaval deste ano. Na busca pelo terceiro título carioca – o último foi em 2006 - a azul e branca vai apostar numa homenagem a Angola, com muita cor e cultura afro.
Para contar o enredo "Você Semba Lá... Que Eu Sambo Cá - O Canto Livre
de Angola", da carnavalesca Rosa Magalhães, a Vila Isabel vai levar
para a Avenida uma grande variedade de estampas africanas, algumas
delas trazidas especialmente para o desfile, que poderão ser percebidas
nas fantasias dos 4 mil componentes, em 30 alas, e até nos sete carros
alegóricos.
O colorido, aliás, será um dos pontos fortes do desfile da azul e
branca. Somente na ala das baianas, de acordo com a direção de carnaval
da escola, serão 12 tipos de estampas. No ateliê da Vila Isabel, no
quarto andar do barracão, na Cidade do Samba, na Zona Portuária,
retalhos de cores fortes e vibrantes são reaproveitados e ganham nova
forma nas mãos das costureiras.
E será assim que a escola vai entrar na Marquês de Sapucaí, no Centro.
Pelo menos é o que diz a carnavalesca Rosa Magalhães, que assume pelo
segundo ano seguido o carnaval da azul e branca. Segundo ela, a
primeira parte do desfile vai tratar da natureza e cultura angolanas.
Já a segunda, será focada no Brasil, com a vinda dos escravos.
“Nós chegamos a ter mais escravos angolanos do que brasileiros no Rio
de Janeiro. E naturalmente que a linguagem tem influência, a cultura, a
comida, a dança e o samba, que veio de lá, que se chamava ‘semba’ e
até eu acredito que as células-tronco têm um “Q” de angolano. Então
essa influência foi muito grande na nossa cultura, na nossa formação”,
disse.
Azul e branca vai exaltar os laços entre Brasil e o
país africano
país africano
Rainha Njinga
Uma
das personagens mais importantes do desfile da Vila Isabel será uma
modelo negra que representará a rainha angolana Njinga, que era filha
de pais de tribos diferentes, a ambundo e a jaga. A modelo, cujo nome
ainda não foi divulgado pela escola, desfilará em cima de um carro
alegórico.
“A rainha Njinga conseguia unir as duas tribos. Os jagas eram
guerreiros e faziam treinamento militar, enquanto os ambundos eram mais
agricultores e cuidavam da terra. Então Njinga governa com sabedoria. A
persistência do incômodo causado pelo seu sexo, entretanto, a fez
assumir comportamento masculino, liderando até batalhas”, explicou Rosa.
De acordo com a carnavalesca, várias palavras têm origem do nome “Njinga”, como o gingado da mulata, por exemplo. Com audácia e coragem, ela virou símbolo da luta angolana. Rosa Magalhães explicou que a rainha angolana também causou impacto entre os portugueses, ao agir e falar no mesmo idioma que o deles, como chefe política lúcida e articulada.
Navio terá cem negros como escravos
De acordo com a carnavalesca, várias palavras têm origem do nome “Njinga”, como o gingado da mulata, por exemplo. Com audácia e coragem, ela virou símbolo da luta angolana. Rosa Magalhães explicou que a rainha angolana também causou impacto entre os portugueses, ao agir e falar no mesmo idioma que o deles, como chefe política lúcida e articulada.
Navio terá cem negros como escravos
Em meio a palhas, cipós e cores fortes, uma alegoria chama a atenção no barracão pelo realismo e tamanho. Para representar a chegada dos escravos ao Rio de Janeiro, a Vila Isabel vai levar para a Avenida um navio com cerca de cem negros, que prometem “navegar” na Sapucaí. É nesse clima africano que também virão os ritmistas comandados pelos mestres Paulinho e Wallan.
“Eles (escravos) chegavam ao Rio e desembarcavam perto da área onde hoje fica a quadra da Imperatriz. Eles chegavam por ali porque era uma área que não era nobre, mais discreta e mais abandonada. Mais de dez mil viagens foram feitas dos portos africanos para o Brasil, para vender, ao longo de três séculos, quatro milhões de escravos, aqui chegados vivos”, disse Rosa.
Escola vai fechar a primeira noite de desfiles no
domingo (19)
domingo (19)
Árvore sagrada
Símbolo sagrado angolano, o imbondeiro, uma árvore que chega a alcançar alturas de cinco a 25 metros, virá em forma de alegoria. “É proibido cortar essa árvore, ela é muito venerável, porque ela tem um monte de utilidades, ela serve fruto e folha para comer, serve para armazenar água, como se fosse uma cisterna, e quando tinha guerra, ela também servia como refúgio”, completou a carnavalesca.
O desfile vai encerrar com uma homenagem a Martinho da Vila, que mantém fortes ligações musicais com o país. “Vamos terminar com o Martinho da Vila, que fez essa ligação do Brasil com a Angola, que trouxe cantores, que levou cantores, que há mais de 20 anos vem fazendo essa conexão musical com a Angola, de onde vem o nosso samba, que hoje é patrimônio da humanidade”, completou.
Após conquistar o quarto lugar em 2011, a Vila Isabel será a sétima escola a desfilar no domingo (19), programada para entrar na avenida entre 3h30 e 5h12, apostando na força da comunidade. Sobre as fantasias da rainha de bateria Sabrina Sato e do primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira Julinho e Rute, a carnavalesca preferiu manter segredo. O intérprete Tinga completa o time da azul e branca.
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