segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Mocidade acerta no visual, mas peca em diversos quesitos





Quando a Mocidade anunciou que seu enredo para o Carnaval 2012 seria "Por ti, Portinari, rompendo a tela, a realidade", muita gente questionou se esta era uma boa escolha. O desfile da agremiação de Padre Miguel neste domingo comprovou que a opção foi corretíssima. O carnavalesco Alexandre Louzada desenvolveu muito bem o tema, com fantasias e alegorias muito bonitas e com fácil leitura. No entanto, problemas com o abre-alas, uma comissão de frente simples e um casal de mestre-sala e porta-bandeira não muito inspirado acabaram atrapalhando o que tinha tudo para ser um grande desfile.




A bateria dos mestres Dudu e Beréco, coordenada por Andrezinho, por sua vez, provou que, de fato, "não existe mais quente". A Sapucaí vibrou com a apresentação feita pelos ritmistas - mais do que com o samba-enredo, que funcionou com a comunidade, porém não empolgou os espectadores. O canto da Mocidade não foi espetacular, mas também não deixou a desejar.

A Verde e Branco da Zona Oeste foi a escola com mais alegorias até o momento. Foram dois tripés - muito bonitos, representando os Anjos da Anunciação, antes do abre-alas, e um espantalho, depois da quarta ala, e oito carros alegóricos - todos com muito bom gosto. A escola iniciou seu desfile sem rodeios, já apresentando o seu grande homenageado. Na comissão de frente, "o esboço, o primeiro traço", simbolizando o início da carreira do pintor, ainda menino. O imponente e belo abre-alas, em tons de prata e com iluminação colorida, representava o universo, com Portinari ao centro, anunciando que a Mocidade seria mais uma obra de arte passando pelo pincel de Portinari.

Visualmente, desde este primeiro momento, a apresentação da Mocidade foi digna de aplausos. Todos os carros que vieram a seguir foram muito bonitos - com destaque para o último, retratando guerra em paz com uma antítese entre bem e mal representada por caveiras e tons de preto em um lado e unicórnios e cores claras do outro. As fantasias também estavam muito bem trabalhadas. As alas 22, Urubu, e 14, A Inconfidência, apresentaram muito bom gosto. No entanto, se a escola teve, visualmente, apresentação praticamente irretocável, houve deslizes em partes importantes do desfile, como a evolução.

O abre-alas se chocou com a proteção das frisas próximo ao segundo recuo da bateria, bem perto da última cabine de jurados, e causou um buraco de tamanho considerável. A relação entre os tripés dos anjos e o casal de mestre-sala e porta-bandeira, no início da escola, também causou problemas de espaços maiores do que o esperado entre um setor e outro. Além disso, a comissão de frente apresentou uma coreografia bem simples, sem grandes atrativos, e o casal formado por Róbson Sensação e Ana Paula também não brilhou.



Confira a análise cabine por cabine do desfile:

Cabine 1 - Quando se viu o grande tripé que a comissão de frente trazia, a expectativa logo ficou do tamanho do elemento cenográfico. No entanto, não foi correspondida. As acrobacias feitas por alguns integrantes na parte superior do tripé até chamaram a atenção, mas não passou disso. A coreografia apresentada não teve surpresas e a grande atração era uma "pintura", feita com jet, representando a assinatura de Portinari em sua transição da infância até se tornar um grande artista. Um dos poucos destaques positivos fica para a atuação do "menino João Cândido", que se saiu muito bem.

Quem também não empolgou foi o casal de mestre-sala e porta-bandeira. Róbson Sensação e Ana Paula fizeram uma coreografia lenta e sem brilho, apesar de muito simpáticos.

A evolução da escola no primeiro módulo de jurados foi muito boa. O samba não empolgava tanto o público, mas o canto dos componentes era bem razoável e os desfilantes mostravam alegria ao se apresentar.

A beleza das fantasias e das alegorias também impressionou. O abre-alas foi muito bem recebido pelos espectadores, assim como os tripés e as fantasias do primeiro setor. A bateria, por sua vez, fez seu show particular com muita afinação e bossas interessantes, que casaram muito bem com o samba.


Cabine 2 - A comissão de frente da Mocidade fez uma boa apresentação. O rapaz que interpretava Portinari fazia uma bela interpretação, chamando a atenção do público que assistia à apresentação. Outro ponto que animou a plateia foi o quadro onde surgia a assinatura do homenageado.

O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira fez uma apresentação simples no segundo módulo. Porém, mesmo executando poucos rodopios, Ana Paula deixou a bandeira resvalar por duas vezes em Robson.

Entre as alegorias, destaque para a passagem do carro dos retirantes, que fez o público reagir muito bem. Poém, uma falha na sexta alegoria, que passou diante dos julgadores sem iluminação.

A bateria parou diante dos jurados para reverenciá-los e executaram uma bela bossa. No geral, a escola teve uma boa evolução na passagem pela cabine 2.



Cabine 3 - Diante dos jurados, a comissão de frente não utilizou o seu tripé e realizou, cantando muito, uma coreografia que interpretava o samba-enredo da escola.

Ana Paula e Robson, que estrearam pela Mocidade, executaram a coreografia muito bem para completar a beleza de suas fantasias.

No que diz respeito às alegorias e adereços, alguns problemas diante da terceira cabine. Dos tripés que vinham lado a lado no início do desfile da escola, o do lado direito estava sem iluminação e era possível ver o motorista do mesmo. Por sua vez, o abre-alas perdeu o controle justamente a partir do terceiro módulo e chegou a bater na proteção que separa a pista das frisas próximas ao recuo da bateria. A terceira alegoria apresentava problemas de acabamento na escultura de um índio, na lateral direita do carro. Por fim, o terceiro carro possuía a escultura de um urubu na traseira e o mesmo estava com a cabeça pendurada.

A bateria, que não contou com o mestre Odilon depois de uma suposta briga com a presidência da escola, parou diante da cabine de jurados e, além de executar bossas, fez coreografia e jogou papel picado, o que tornou a apresentação muito bonita.

Entre as fantasias, as alas 18 e 23 apresentavam falhas. Já ao analisar a evolução, o rendimento também caiu em comparação com o setor anterior. A Mocidade ficou muito tempo parada na avenida e isso gerou uma correria na reta final de desfile. Também foi possível ver dois buracos formados, um entre a ala das baianas e a sétima alegoria e dentro da ala 33.



Cabine 4 - Muita coisa mudou em relação ao que a Mocidade apresentou no início de seu desfile. E isso se deve, em grande parte, ao carro abre-alas. Toda a sua beleza foi posta em xeque quando ele colidiu com a grade de proteção próxima ao segundo recuo de bateria. O carro ficou danificado e acabou causando um buraco bem em frente à cabine de jurados do setor 10. Outro buraco já havia se formado um pouco antes entre os tripés que vinham à frente do carro e o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira.

Houve problema também no segundo carro, grande demais para passar por baixo da torre de fotógrafos. A parte superior, onde estava uma destaque, acabou caindo - também em frente aos jurados. Os carros ainda demoraram um pouco para serem retirados da dispersão, porém não houve estouro no cronômetro.

O esforço dos integrantes do apoio em mover o carro parado, no entanto, foi aplaudido pelo público - assim como o bateria "Não Existe Mais Quente" e o final do desfile, com as belas alegorias da escola de Padre Miguel, que encerra seu Carnaval 2012 com a sensação de que foi bem, mas que poderia ter feito ainda melhor

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