
- Esse ano, eu estava até comentando com os colegas, um treinamento auditivo é ir na Sapucaí. Só consegui ir no último domingo, mas no próximo final de semana eu vou de novo. O que eu consegui ouvir do Salgueiro no domingo foi incrível. O que esses músicos fazem é inacreditável. Não possuem o conhecimento formal, fazem de maneira intuitiva. A quantidade de polirritmia criada é impressionante.

- O nível das baterias me deixa muito feliz como carioca e músico. Os mestres estão se aprimorando e, ao mesmo tempo, olhando para a antiguidade. Resgatando as batidas de caixa tradicionais, já que isso é a identidade de uma bateria. Eles estão trabalhando muito bem essa relação da antiguidade com a modernidade. Estão trabalhando também com elementos alusivos ao enredo e trazendo novos instrumentos. Vejo também que todos os mestres estão preocupados e fazer a escola desfilar. Não adianta vir com uma porção de paradinhas, até porque isso acaba dando uma quebrada no samba. O andamento também tem melhorado. Eu sei que no primeiro recuo é um pouco complicado manter um bom andamento, tem muita confusão e nervosismo, mas mesmo assim as baterias tem mostrado um bom rendimento nesse sentido.
- Tá muito alto o nível, tem que trabalhar bastante a percepção auditiva para dar as notas, perceber os detalhes. O presidente sempre cobra no sentido para não darmos muitas notas dez. Isso é importante, mas não podemos também só tirar ponto por tirar, falo isso abertamente para ele. As baterias tem acompanhado a sofisticação dos desfiles. Os arranjos, as bossas, as padronizações das caixas e das terceiras, são o exemplo disso – concorda com os colegas o julgador Sérgio Naidin.

- Acho que tem que ter o ritmo bem articulado. Tem que mostrar claramente o que quer. Uma boa afinação. Eu vejo as baterias como camadas de timbres, um sobre o outro, elas precisam ser bem claras e terem sincronia. Tem também a criatividade das bossas, isso dá uma dinâmica interessante para o desfile. É uma competição.
Outro ponto bem conflitante e recente é o uso do metrônomo para monitorar o andamento. A grande maioria dos mestres de bateria tem usado o aparelho que mede a quantidade de batidas por minuto. Leandro Osiris acha importante o uso do metrônomo, mas pede que os mestres não se atenham somente a ele.
- A questão do metrônomo é importante, mas não se pode ficar muito preso a ele. Num desfile podem ocorrer vários problemas: um carro para de funcionar, abre buraco, e o diretor de harmonia manda a bateria correr. A gente sabe de tudo isso, desestabiliza um pouco e influencia no rendimento. O aceleramento após uma bossa é uma coisa normal. É claro que existe um limite, basta usar o bom senso, mas variação de andamento é normal. Usar o metrônomo ajuda, mas ficar completamente bitolado nele não acho legal.
Em 27 anos de carreira como músico, Xande Figueiredo aponta a experiência em ritmos como MPB e jazz. Para ele, mesmo nunca tendo desfilado em uma bateria, o senso de improviso obtido o ajuda na hora de avaliar as baterias. Ele diz o que a bateria deve mostrar para alcançar a nota máxima em sua avaliação
- Eu acho que a bateria não pode apresentar imprecisão rítmica. Isso acontece muito quando as baterias tocam andando, tende a acontecer em uma escola ou outra. Não ter uma variação de andamento tão grande. A criatividade das bossas precisa aparecer também, mas o que mais valorizo é a sonoridade, o perfeito equilíbrio entre os instrumentos. Se errar na sua frente errou. Aí você vai avaliar qual o grau daquele erro e quanto vai penalizar.
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