Não é segredo para ninguém que a comunidade da Unidos da Tijuca é uma
das mais fortes do carnaval carioca. O que isso significa? Não é o
número de componentes, mas a qualidade deles. No ensaio deste domingo,
no Sambódromo, os tijucanos foram perfeitos. O samba funcionou de uma

forma
tão brilhante que é possível ousar falar que quem estava do lado de
fora da Sapucaí poderia ouvir o canto da escola. Estamos exagerando, mas
vale o exemplo para exaltar a perfeição do canto. Foi uma verdadeira
aula e que aumenta ainda mais a "disputa" saudável com a Beija-Flor do
posto de "rolo compressor da Avenida", ou seja, aquela agremiação que
mais canta e dança. Além da força do canto, a Tijuca dançou e muito. As
tradicionais palminhas estavam lá, além das coreografias com os braços,
mas nada era gratuito. Tudo no ensaio tinha o sentido de impulsionar
ainda mais, se isso ainda era possível, o treino.
- A Unidos da Tijuca está se preparando cada vez mais e, nos últimos
anos, tem entrado com a vontade de disputar o título. A escola têm
muitos

componentes
identificados com a nossa maneira de fazer carnaval e que desfilam há
mais de 10, 15 anos, o que facilita bastante o trabalho. E a escola vem
se preparando muito desde o final de outubro e o início de novembro,
logo após a escolha do samba-enredo. Acho que este primeiro ensaio
também é importante para o componente se habituar ao novo Sambódromo,
com arquibancadas dos dois lados. Eu respeito todas as co-irmãs, nós
temos grandes concorrentes pela frente. Eu coloco na cabeça do meu
componente que não tem favoritismo, tem uma competição e essa competição
é um campeonato de uma partida só, você não pode errar, não tem uma
segunda chance, então tem que esperar o outro ano. Com a Tijuca não tem
essa de salto alto, tem é trabalho.
Logo na abertura do ensaio, a comissão de frente foi espetacular. Eles
não fizeram nenhuma mágica nova ou trouxeram artifícios espetaculares. O
"boom" veio com a mesma coreografia utilizada no Carnaval 2011. Dessa
vez, a exibição merece ainda mais elogios, afinal, o grupo apresentou
seu trabalho para pessoas que dificilmente poderiam pagar para ver ao
vivo no desfile oficial ou em um show. Bocas abertas, sorrisos nos
rostos e alegria já bastam para mostrar o que o público achou da ideia
da comissão de frente.

Vestidos
com a fantasia de 2011, o casal de mestre-sala e porta-bandeira,
Marquinhos e Giovanna, deixou claro que são os melhores da atualidade.
Além da dança cheia de vigor e beleza, os dois cantam o samba-enredo
inteiro durante toda apresentação. Sem exagerar e nem utilizar a
coreografia, a dupla ensaiou no bailado tradicional e arrancou aplausos
efusivos. - Fizemos uma coreografia mais solta, dentro das nossas
características de dança. Essa imensidão de concreto chegou a me
assustar, mas vou me acostumar. Parece que a Avenida está maior. Preferi
vir de fantasia, até para avaliar as condições climáticas. Está quente
com essa aqui... Imagina com a nova. Quero testar o meu corpo. Se tiver
que passar mal e desmaiar, que fosse hoje - disse Marquinhos, que ainda
foi complementado por Giovanna. - Foi um ensaio maravilhoso. Com as
novas arquibancadas, o vento entra mais, mas me senti muito bem. Acho
que Nossa Senhora e São Pedro nos abençoaram e a chuva não veio (risos).
Não achei perfeito, erramos em algumas coisinhas, acho que deveríamos
explorar mais os passos que estamos fazendo, mas a escola veio muito
grande, sem querer colocar culpa na escola, não é isso, mas nós também
nois empolgamos. Ele quer dançar, eu quero rodar, nós temos essa coisa
dos casais de antigamente - explicou a porta-bandeira.

Quem
também merece elogios é a bateria da Unidos da Tijuca e o mestre
Casagrande. Que ritmo!!!!! Foi delicioso ouvir durante quase 1 hora e 20
minutos os ritmistas tijucanos. Coreografias e paradinhas estavam
presentes e deram o molho para bela exibição. No carro de som, o
intérprete Bruno Ribas, com maestria, conduziu muito bem o samba, que
mesmo não sendo considerado um dos melhores do Carnaval 2012, funcionou
perfeitamente e deixou claro que a melhor avaliação acontece na Marquês
de Sapucaí. - Acho que daria um décimo de bonificação para a bateria
hoje (risos). Gostei bastante do ensaio. Tanto o ritmo quanto as bossas
saíram da maneira esperada e isso é bom. Com certeza as notas máximas do
último carnaval nos dão mais tranquilidade, mas temos que manter os
nossos pés no chão. Eu já até avisei a eles. Agora é esquecer o ano
passado e correr atrás da nota mais uma vez - afirmou mestre Casagrande.

Diferente
de anos anteriores, a evolução foi mais solta e os componentes
brincaram, sambaram e pularam muito durante todo o ensaio. A única
ressalva fica pela entrada da bateria no segundo recuo. Um espaço
tolerável foi formado entre a ala à frente da bateria e o grupo que
estava atrás dos ritmistas. Mesmo vendo o espaço, a direção de harmonia
manteve a calma até os integrantes ocuparem seus espaços. Porém, o
movimento já foi executado com mais precisão em ensaios anteriores da
Unidos da Tijuca.

O
primeiro ensaio técnico da escola do Borel abriu oficialmente a "bolsa
da disputa" do carnaval. Os tijucanos mostraram que nos quesitos
técnicos estão prontos para a "batalha", a parte plástica está nas mãos
do carnavalesco Paulo Barros. Ainda é cedo, mas é bom todas escolas
abrirem bem os olhos, afinal, a comunidade da Unidos da Tijuca deixou no
ar a sensação de quem quiser ser melhor terá que suar e muito para
superar.
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