Podemos classificar cor como impressão produzida no olho pela luz, segundo a sua própria natureza ou a maneira pela qual se difunde nos objetos. As sete cores do arco-íris estão associadas às sete notas musicais, aos sete dias da semana e aos sete planetas conhecidos na Antiguidade. Tribos indígenas atribuem as cores à alma e ao espírito e também aos quatro pontos cardeais. Os Astecas utilizavam a mesma palavra para designar o verde e o azul e as pedras destas cores tinham também o seu significado simbólico. Isaac Newton em suas teorias percebeu a dispersão da luz branca, ou seja, conseguiu visualizar que se a mesma indicasse sobre um prisma de vidro, dava origem a inúmeras cores.
Em uma aquarela de cores bem diferente e colorida, a MPB pintou muitos quadros de diferentes formas e estilos. Cores Claras, cores de Pérolas Negras, amarelas como por do sol que surgia na zona sul carioca onde a bossa nova nasceu, verde como “Capim” que Djavam exalta em seu canto, vermelhas como as Rosas que não falam de Cartola, azul como o rio que passou na vida de Paulinho da Viola... dentre outras tantas cores infinitas que nossa aquarela musical brasileira criou e cria até hoje.
Porém uma das cores que se destaca até hoje e não se apagou a é cor Carvalho. Essa cor surgiu na década se 60, onde participava de eventos no samba com Noca da Portela e Nelson Sargento. Essa cor pintou em quase todos os festivais da década de 70, emplacou sucessos com “1.800 Colinas”, “Olho por Olho”, “Firme e Forte, “Vou Festejar”, dentre outros. Podemos dizer que é uma cor inquieta, pois nunca espera que as coisas aconteçam, faz acontecê-las. E por essa característica é conhecida com o uma cor que sempre busca manter as cores antigas sempre acessas e de lançar novas cores, distintas de grande sucesso.
Na década de 70, sucessos de Nelson Cavaquinho e Cartola foram pintados em paredes de maior tamanho pela cor Carvalho. No mesmo tom essa cor nos revelou lampejos de luzes novas como Arlindo Cruz, Zeca Pagodinho, Sombrinha, Luiz Carlos da Vila, Jorge Aragão e dessa forma surge o título de Madrinha do Samba à pagodeira mais assídua dos pagodes do Cacique de Ramos.
Consagrou-se então a “Diva dos Terreiros”, e a Unidos do Cabuçu em 1984 surge com o enredo “Beth Carvalho, a enamorada do samba”, a escola foi campeã e subiu ao Grupo Especial do Rio de Janeiro sendo a primeira campeã do novo sambódromo. Intimamente ligada ao carnaval do Rio de Janeiro, nossa cor Carvalho deixa seu coração falar mais alto quando o assunto é a Verde Rosa da Mangueira.
Em 2007, passou por uma situação de total falta de bom senso e educação por um componente na concentração do desfile da Mangueira, causando comoção de todo mundo do samba, e no ano seguinte da Unidos do Viradouro com o enredo “É de Arrepiar” onde foi homenageada como sentimentos que causavam arrepio de emoção. O pedido de desculpas formal veio em 2009 pelo presidente da
Mangueira e pelo que podemos observar Beth foi uma das mais homenageadas pela escola nos últimos 3 anos, pois em 2009 a escola exaltou a Musica Popular Brasileira, em 2010 exaltou um dos seus maiores ídolos, Nelson Cavaquinho, e nesse ano exalta o Cacique de Ramos, seu reduto principal.
Após uma recuperar-se de uma enfermidade que afastou dos palcos durante um pequeno tempo, volta aos palcos em 2011 e lança seu 32º álbum. Após 15 anos sem álbum inéditos (o último foi em 1996 “Brasileira da Gema”), lança um trabalho arrebatador com produção de Rildo Hora após um hiato de 27 anos. “Nosso samba tá Rua”, trás em sua capa uma reunião de nomes importantes da MPB, e na contra capa, ela dedica esse trabalho à grande Dama do Samba, Dona Ivone Lara. Como de praxe, lançando novos talentos, dessa vez sua filha Luana é uma das apresentadas ao público como compositora e cantora.
Uma cor de tamanha expressão no cenário musical Brasileiro que nunca será apagada ou esquecida. É bonito demais ver uma grande artista dando a volta por cima, de volta nas prateleiras com nova roupagem, trazendo alegria a seus fãs e afirmando que o samba não pode parar.
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