Em algo mais que trezentos anos de tráfico negreiro, Angola contribuiu com a maior das parcelas do contingente escravo trazido ao Brasil, algo próximo a quatro milhões, homens e mulheres que virão roubadas a sua dignidade, a sua liberdade e o seu poder de decisão sobre seus corpos e seus filhos. A cada negreiro que levantava velas do porto de Luanda eram mais mortes e sangue derramado no "tenebroso mar" atlântico, quem aqui chegava estava por encontrar mais crueldade, novos costumes capitaneados pela tirania e pela eterna vontade lusitana de fazê-los desumanos. Neste quadro de horror os fortes, posto que é preciso ser para enfrentar sem se render, pouco a pouco foram marcando este chão com suas raízes, sua África do semba nos legou o samba e a Unidos de Vila Isabel segue avante á percorrer um território que conhece tão bem, e é por isso que seu povo aclama: incorpora outra vez Kizomba...
E segue na Missão... De semear humildade, unindo povos, unindo talentos como os de quem faz obra tão oportuna, retrato de samba moderno e tradicional na junção de momentos grandiosos da parceria campeonissima. É mágico ver elementos novos sendo trazidos ao samba enredo, para quem sabe iluminar novas cabeças coroadas de nossas escolas, falo do contracanto que de forma alguma macula ou deturpa a essência do samba e sim vem engrandecer, inovar... Melodia e letra inspiradas, algo assim com requinte de beleza, quem sabe o sonho de um sonho... de André Dinis, Arlindo Cruz, Evandro, Leonel e Arthur.
O tambor africano ecoando nos tambores da vila, excelência de percussão em busca do ritmo tão íntimo de nossos ancestrais, há de soar histórias, luta e libertação... a saga aqui perpetuada ao quebrar correntes e manter nossos os elos de amor.
Muito mais que uma homenagem, um resgate é preparado para a manhã de 20 de fevereiro de 2012, segunda feira, resgate este para marcar a influência positiva da cultura dos povos Bantos em nosso país, em nossa formação, algo para orgulhar todos descendentes de Matamba, Lunda, Cabinda entre tantos filhos de Angola aqui recebidos. E que a força de Zambi, que é Pai, jamais abandone escola tão enraizada na cultura Afrodescendente. Semba de lá que eu sambo de cá... O sonho vive...
Nenhum comentário:
Postar um comentário