Por um instante, a Bahia se transportou para a Zona Norte do Rio. Os ritmistas da Tabajara pareciam Filhos de Gandhi, "baianizando" a cadência com os sucessos da cantora.
Com tantas coincidências, capazes de fazer a alegria de qualquer carnavalesco, Daniela Mercury, extasiada, disse a imprensa que pode se sentir em casa.
"Me senti mais do que imaginava. Estava nervosa antes de chegar aqui, mas quando vi que esse trecho de Madureira é igual ao Pelô, com essa ladeira e essa comunidade cantando, fiquei a vontade. Só mesmo quem está no chão consegue sentir essa energia", disse, gesticulando firmemente em direção ao solo da praça Paulo da Portela.
Ao chegar ao local do ensaio, acompanhada pelo carnavalesco Paulo Menezes, Daniela foi recebida pelos casais de mestre-sala e porta-bandeira da agremiação. Com pavilhões ornamentados com fitas do Senhor do Bonfim e Nossa Senhora da Conceição, os donos do bailado formaram um painel multicor atrás da cantora. Uma das bandeiras exibidas era a do estado homenageado no enredo.
Quem trajou a voz de baianidade foi o intérprete Gilsinho, que fez um dueto com Daniela. Por ensinar de forma suscinta o samba-enredo 2012 para a cantora, ele teve como retribuição um olhar cinematográfico da rainha do samba reggae. "Minha pérola negra", cantou Daniela fixando o semblante do nobre vocalista.
Nem mesmo o presidente Nilo Figueiredo ficou imune à vibração de Daniela. O dirigente abriu um sorriso tímido ao ouvir "'Simbora' Nilo" com o genuíno sotaque baiano. Antes da cantora chegar ao ensaio, ele garantiu que a presença dela no desfile é certa. Além disso, revelou o lema portelense.
"A palavra de ordem é modéstia. É fazer o que precisa ser feito com humildade e não se comportar como se as outras escolas não existissem. Elas existem e estão prontas para a briga", ressaltou. Buscar a paz, porém, parece não ser tão difícil para a escola. A azul e branca respirou, na última sexta, a plenitude do que pode vir a ser uma noite de axé na avenida.
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