sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Salve a Bahia, salve a Portela, salve Daniela



Era noite na última sexta, dia de Oxalá. Assim que a cantora Daniela Mercury agradeceu ao convite da Portela para participar do ensaio de rua da agremiação, uma fina chuva começou a cair em Madureira. Os sambistas ficaram em transe. Era "feito reza, um ritual".
Por um instante, a Bahia se transportou para a Zona Norte do Rio. Os ritmistas da Tabajara pareciam Filhos de Gandhi, "baianizando" a cadência com os sucessos da cantora.
Com tantas coincidências, capazes de fazer a alegria de qualquer carnavalesco, Daniela Mercury, extasiada, disse a imprensa que pode se sentir em casa.
"Me senti mais do que imaginava. Estava nervosa antes de chegar aqui, mas quando vi que esse trecho de Madureira é igual ao Pelô, com essa ladeira e essa comunidade cantando, fiquei a vontade. Só mesmo quem está no chão consegue sentir essa energia", disse, gesticulando firmemente em direção ao solo da praça Paulo da Portela.
Foto: Bernardo Moura
Ao chegar ao local do ensaio, acompanhada pelo carnavalesco Paulo Menezes, Daniela foi recebida pelos casais de mestre-sala e porta-bandeira da agremiação. Com pavilhões ornamentados com fitas do Senhor do Bonfim e Nossa Senhora da Conceição, os donos do bailado formaram um painel multicor atrás da cantora. Uma das bandeiras exibidas era a do estado homenageado no enredo.
Quem trajou a voz de baianidade foi o intérprete Gilsinho, que fez um dueto com Daniela. Por ensinar de forma suscinta o samba-enredo 2012 para a cantora, ele teve como retribuição um olhar cinematográfico da rainha do samba reggae. "Minha pérola negra", cantou Daniela fixando o semblante do nobre vocalista.
Nem mesmo o presidente Nilo Figueiredo ficou imune à vibração de Daniela. O dirigente abriu um sorriso tímido ao ouvir "'Simbora' Nilo" com o genuíno sotaque baiano. Antes da cantora chegar ao ensaio, ele garantiu que a presença dela no desfile é certa. Além disso, revelou o lema portelense.
"A palavra de ordem é modéstia. É fazer o que precisa ser feito com humildade e não se comportar como se as outras escolas não existissem. Elas existem e estão prontas para a briga", ressaltou. Buscar a paz, porém, parece não ser tão difícil para a escola. A azul e branca respirou, na última sexta, a plenitude do que pode vir a ser uma noite de axé na avenida.

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