Como
acontece em todos os anos, o desfile de 89 foi aguardado com
muita expectativa. O último carnaval da década prometia ser um
dos mais equilibrados, já que a participação das escolas no
lucro obtido com a boa vendagem dos discos e, também, com os
direitos de transmissão, aumentavam de ano em ano.
Dentre as novidades do regulamento, destacava-se a nova forma de julgamento. A Liga e a RIOTUR decidiram diminuir o número de julgadores: de quarenta para trinta. Dessa vez, a pior nota seria eliminada e só teria valor para efeito de desempate. Outra novidade ficava por conta do número de escolas a serem rebaixadas: cinco.
O desfile aconteceu, como nos anos anteriores, no domingo e na segunda. Pela primeira vez, foi transmitido para todo o país em sistema de “pool” de imagens e as duas emissoras responsáveis pela exibição foram a Globo e a Manchete.
O desfile começou dentro do horário previsto e o tempo mínimo e máximo para cada agremiação continuou sendo o mesmo dos anos anteriores.
Dentre as novidades do regulamento, destacava-se a nova forma de julgamento. A Liga e a RIOTUR decidiram diminuir o número de julgadores: de quarenta para trinta. Dessa vez, a pior nota seria eliminada e só teria valor para efeito de desempate. Outra novidade ficava por conta do número de escolas a serem rebaixadas: cinco.
O desfile aconteceu, como nos anos anteriores, no domingo e na segunda. Pela primeira vez, foi transmitido para todo o país em sistema de “pool” de imagens e as duas emissoras responsáveis pela exibição foram a Globo e a Manchete.
O desfile começou dentro do horário previsto e o tempo mínimo e máximo para cada agremiação continuou sendo o mesmo dos anos anteriores.
ARRANCO
DO ENGENHO DE DENTRO – Com o enredo “Quem Vai
Querer?”, dos carnavalescos Sérgio Faria e Milton Siqueira
(responsável pelo desfile da Vila em 88 e que faleceu antes do
carnaval de 89), a escola abriu o desfile com muita alegria.
“Quem Vai Querer?” era o grito do pregoeiro, mas, nesse
delírio carnavalesco, os “vendidos” tornavam-se os
vendedores e os explorados, os exploradores. Cantando um samba
bastante executado na fase pré-carnavalesca, a escola mostrou
uma evolução vibrante e convincente e, se em alguns trechos a
melodia pendia para marcha, a bateria corrigiu esse problema com
uma atuação muito boa. Aliás, eu fiquei impressionado com a
quantidade de tocadores de cuícas. Para uma escola sem muitos
recursos, eu achei muito boas as soluções estéticas
apresentadas pelos carnavalescos. Usaram e abusaram dos tecidos
estampados em quase todos os setores, inclusive na decoração
dos carros, o que deu uma boa unidade ao conjunto. O abre-alas
(que teve dois “queijos” danificados) era uma caravela,
na qual os índios seduziam os portugueses com espelhos e
quinquilharias. A seguir, uma sucessão de alas multicoloridas e
mais um carro, no qual flores vaidosas vendiam os homens cruéis
por elas aprisionados. As baianas, apesar de um pouco emboladas,
desfilaram suas belas fantasias com pássaros estilizados sobre
os chapéus. Os tecidos estampados também marcaram presença em
seus figurinos e esses tecidos, como em quase todas as outras
fantasias, vinham encapando rolos de espuma, que adquiriam formas
leves e novas. No belo carro denominado: “Gaiola
Dourada”, as aves apareciam livres e os homens aprisionados.
Na verdade, o enredo, além de alegre e brincalhão, era bastante
crítico. Um dos setores mais bonitos, a meu ver, foi o do
Bordel, que foi mostrado em vermelho, dourado e laranja. A escola
encerrou sua apresentação com o sentimento de dever cumprido e
com a sensação de que poderia permanecer no grupo. A única
coisa lamentável foi o trágico acidente envolvendo a destaque
Neuza Monteiro. Ela caiu do alto de um carro na dispersão e, em
estado grave, foi levada ao hospital, onde viria a falecer dias
depois.
Alegoria da Unidos do Cabuçu
UNIDOS
DO CABUÇU – Homenagear pessoas vivas já havia virado
uma constante para a escola desde o sucesso de 1984, quando
homenageou a cantora Beth Carvalho. Para 89, a Cabuçu preparou o
enredo: “Milton Nascimento, Sou do Mundo, Sou de Minas
Gerais”. Brigado com a direção da escola, o carnavalesco
Alexandre Louzada abandonou o barco, levando com ele alguns
desenhos. Para o seu lugar foi chamado o carnavalesco Beto Sol.
Por ser extremamente ligado aos movimentos ecológicos, um dos
pedidos que Milton fez, ao ser convidado para ser o enredo, foi
que a escola não usasse penas e plumas naturais em suas
fantasias. A opção foi apelar para uma espécie de capim que,
desfiado e tingido, fazia um efeito muito bom. O problema é que
isso deixou as fantasias muito repetitivas, pois esse recurso foi
utilizado em praticamente todos os figurinos, que eram bonitos,
mas, em muitas vezes, não passavam o enredo com clareza. A
comissão de frente e o abre-alas, assim como as primeiras alas,
faziam referência ao barroco mineiro. O segundo carro, que não
me agradou por apresentar formas e combinação de cores pouco
elegantes, mostrava a “Travessia”. O nível das
fantasias e dos carros melhorou bastante na segunda metade do
desfile. Particularmente, eu gostei bastante do setor denominado:
“Cio da Terra” e também dos carros “Missa no
Quilombo” e “Maria, Maria”. A evolução da escola
não foi tão empolgante quanto à do Arranco, talvez pelo fato
do samba da Cabuçu ter sido cantado de forma equivocada e pela
sua qualidade não muito boa. Foi um desfile correto, mas morno.
Milton Nascimento desfilou no último carro: o “Planeta
Blue”.
Mulheres com o corpo pintado também defenderam a ecologia na Unidos da Ponte
UNIDOS
DA PONTE – Ao contrário das duas primeiras escolas,
que desfilaram com cerca de 3500 componentes, a Unidos da Ponte
levou para a Sapucaí um contingente de aproximadamente 2000
figurantes. Os carnavalescos Sancler Boiron e Cid Camilo foram os
responsáveis pelo enredo “Vida que te Quero Viva”. Com
um samba bem inferior a maioria dos seus belos hinos apresentados
nos anos 80, a Ponte abriu seu desfile com uma comissão de
frente tradicional, formada pelos componentes da velha-guarda.
Atrás, vinha o abre-alas, que era formado por uma grande sirene
azul, cercada por pombas da paz. Era o “S.O.S. Mãe
Natureza”. Sem grandes recursos, a escola optou por trazer
apenas seis alegorias e o mais bonito desses carros foi, sem
dúvida, o que apresentou o mico-leão dourado. Sem a mesma
beleza, mas também criativo, estava o carro que fazia
referência ao sapato de jacaré. Nas fantasias, o destaque ficou
por conta da ala das baianas, ainda no primeiro setor da escola.
Os carnavalescos substituíram a renda típica das saias por
papéis laminados prateados e verdes, que foram muito bem
trabalhados, proporcionando um efeito fantástico, realçado
pelas luzes do Sambódromo. O conjunto de fantasias, no entanto,
foi bastante irregular, principalmente pela má combinação de
materiais e, também, pela má distribuição de cores. A bateria
esteve bem, mas, como o samba puxado pelo sempre competente
Aroldo Melodia não era dos melhores, não teve o mesmo brilho de
anos anteriores.
A Carro da Comunicação, no desfile da Mocidade
MOCIDADE
INDEPENDENTE DE PADRE MIGUEL – Primeira das grandes a entrar na
pista, a Mocidade era aguardada com muita expectativa, pois além
de apresentar um enredo em homenagem a Elis Regina, a escola
vinha com novos carnavalescos e era impossível pensar na
Mocidade Independente sem associá-la ao perfil inovador,
criativo e debochado do carnavalesco Fernando Pinto. Com mais de
4500 componentes, divididos em 26 alas, a escola abriu seu
carnaval com uma comissão de frente composta pelos amigos de
Elis. Entre eles, estavam Luis Carlos Vinhas, Jair Rodrigues,
Mieli, João Bosco, Wanderléia e Betinho. Apesar de vestidos com
elegância, o comportamento deles não foi dos melhores, talvez
por falta de ensaio. Desfilaram de forma descontraída e sem
apresentar a escola convenientemente. Os carnavalescos
responsáveis pelo desenvolvimento do enredo ”Elis, um Trem
Chamado Emoção”, foram Ely Perón e Rogério Figueiredo.
Eles preocuparam-se com os fatos mais importantes da vida da
cantora e não ficaram presos a uma cronologia, o que seria mais
óbvio e, a meu ver, tornaria o enredo mais consistente. O belo
samba, de autoria de Paulinho Mocidade, Dico da Viola e Cadinho,
impulsionou a escola a uma boa exibição. A bateria, como
sempre, esteve impecável e empolgou o público, principalmente
quando fazia a “paradinha” no refrão final do samba.
Com uma evolução fluente e sem hesitações a escola passou sem
abrir buracos e só não foi melhor porque o conjunto visual foi
quebrado algumas vezes com a passagem de carros de um certo mau
gosto, como o segundo, por exemplo, que veio com tochas
olímpicas, para lembrar que Elis cantou nos Jogos Militares.
Aliás, um dos carros, o de Paris, quebrou ainda na
concentração e seus destaques acabaram desfilando no chão.
Entre as boas alegorias, eu destaco o carro do Rio de Janeiro,
com golfinhos, cascatas e um destaque representando a canção
“Mestre Sala dos Mares” e, também, o último carro,
que trouxe um trem azul todo feito em néon. As fantasias, que
tiveram boa predominância das cores da escola, estavam
superiores e eram de fácil leitura, embora também apresentassem
alguma irregularidade. Algumas delas apelavam para o bom-humor,
como na ala que representava microfones. Gostei bastante da
enorme ala de baianas, que se apresentou com a representação de
“Falso Brilhante”. A grande ala referente à canção
“Águas de Março” também chamou a atenção com suas
sombrinhas e celofanes que imitavam chuva. No geral, como já
comentei, a escola fez um bom desfile, com momentos de emoção,
mas esperava-se um pouco mais.
Xuxa, um dos destaques do desfile da Tradição
TRADIÇÃO – Injustiçada com
o oitavo lugar em 1988, quando fez um dos melhores desfiles do
ano, a Tradição preparou-se para brigar por uma boa posição.
Foi saudada com uma grande queima de fogos e com um grito de
guerra tão demorado que fez com que a escola só começasse a
evoluir quando os cronômetros já apontavam seis minutos de
desfile. O enredo ”Rio, Samba, Amor e Tradição” era
de autoria do carnavalesco João Rosendo e o samba, como
acontecia desde a fundação da escola, ficou sob a
responsabilidade da maravilhosa dupla: João Nogueira e Paulo
César Pinheiro que, mais uma vez, compuseram uma belíssima
obra. A novidade ficou por conta da cantora Simone, que puxou o
samba ao lado do competente Candanga. E se o samba era uma
garantia de boa nota, a mesma expectativa valia para a
apresentação de Vilma Nascimento e Paulo Roberto, que
defenderam o pavilhão da Tradição com a mesma elegância do
ano anterior. Com mais de 4700 componentes, divididos em 38 alas,
a escola começou sua apresentação de uma forma diferente, com
uma ala de passos marcados em frente ao abre-alas, que trazia o
condor coroado todo espelhado, além de um letreiro em néon com
o nome da escola. Só depois é que aparecia a comissão de
frente, que fez uma exibição das melhores, pois além de
vestidos com muita beleza, seus componentes apresentaram a escola
com correção e elegância. Separando a comissão das primeiras
alas apareceu um painel com o nome do enredo. Aliás, esses
painéis (quase sempre giratórios e com dupla mensagem) foram
uma constante no desfile e apresentaram com alguma correção o
enredo, que foi muito pouco explorado nos carros alegóricos. A
maior parte dos carros, excetuando-se os carros do Cristo
Redentor e da Pedra da Gávea, não fazia nenhuma menção ao
tema; eram apenas meros “condutores” de fantasias
belíssimas, trajadas pelos destaques da Tradição. As fantasias
de ala, nos mais diversos e sedutores tons de azul, estavam
riquíssimas e de muito bom gosto. Elas eram trabalhadas com
materiais nobres, tais como paetês, pérolas, strass, plumas de
avestruz e penas de pavão, mas também não contavam bem o
enredo. Durante o desfile, quando o abre-alas aproximou-se da
Apoteose, aconteceu uma coisa que eu não me lembro de ter visto
em outra oportunidade: uma nova queima de fogos, só que dessa
vez atrás do Museu do Samba, preparou o público dos Setores 6 e
13 para receber a escola. No entanto, pirotecnia à parte,
problemas começaram a ameaçar a harmonia e a evolução quando
a bateria entrou no boxe. A escola, que vinha lenta e com
coreografias que já prejudicavam o seu conjunto, começou a
apressar o passo para preencher alguns claros e, mesmo
conseguindo ocupar bem os espaços, acabou correndo até o final
de sua apresentação. Infelizmente, com todos esses problemas, o
desfile ficou muito prejudicado e a Tradição acabou fazendo um
desfile aquém de suas boas exibições anteriores.
A União da Ilha apresentou vários destaques no Carro do Rei Momo
UNIÃO
DA ILHA DO GOVERNADOR – Os caminhões da COMLURB estavam
deixando a pista, após a costumeira limpeza que durava cerca de
meia-hora, quando os primeiros componentes da Ilha começaram a
preencher os espaços da armação. Desde então, o público do
Setor 1 manteve-se de pé e entoando os versos de “Festa
Profana”, a música de maior sucesso na fase
pré-carnavalesca, que era cantada em todos os cantos do país,
dos bailes do Scala até os mais humildes botequins. O problema
do hino da tricolor, que fazia muitos críticos ficarem de cabelo
em pé, era que sua melodia não era exatamente um samba e sim
uma marcha. O enredo, de autoria do carnavalesco Ney Ayan, era
mais uma versão da história do carnaval. A comissão de frente
foi composta por reis momos, que vestiam bonitas fantasias, mas
evoluíam sem chamar muita atenção. O carro abre-alas trazia o
sol da Ilha e cavalos alados. Era uma belíssima alegoria, toda
trabalhada nas cores: laranja, ouro e vermelho. Atrás do carro,
vinham alas que representavam o próprio carnaval: piratas,
colombinas, sultões, odaliscas, pierrôs, colombinas, etc. Em
meio a essas alas destacava-se o carro do “Velho
Galeão”, que era acoplado e fazia uma homenagem à própria
escola. O enredo apresentou ainda as festas em homenagem à deusa
Ísis; “passeou” pelas festas em homenagem ao deus
Baco, sem se esquecer das festas em exaltação à primavera e da
tradição das máscaras de Veneza. O carnavalesco não se
propunha a dar nenhuma definição para a origem do carnaval;
apenas lembrava as manifestações que podiam ter uma ligação
como nossas festas carnavalescas. Nesse sentido, ele foi
perfeito, pois suas fantasias e alegorias eram de fácil leitura
e estavam bem adequadas aos seus setores. O conjunto de fantasias
foi muito variado e de indubitável bom gosto. Ney Ayan optou
pela leveza, o que permitiu aos componentes movimentos ágeis e
vibrantes. As únicas falhas desse quesito ficaram por conta da
bateria, que desfilou sem chapéu, e da ala das baianas, que veio
com roupas medievais que não caíram muito bem. De resto, o
trabalho de fantasias foi perfeito. Nem os 4000 componentes e nem
o público tiveram nenhum problema em cantar a empolgante marcha
da Ilha. Aliás, é importante frisar que a bateria tocou samba e
manteve o ritmo com muita competência. Foi um desfile muito
bonito, alegre e, certamente, o melhor até aquela altura. Um
desfile com a “cara” da Ilha!
CAPRICHOSOS
DE PILARES – “O que é Bom Todo Mundo Gosta”,
de autoria dos carnavalescos Renato Lage e Lílian Rabello, foi o
enredo da escola no carnaval de 89. A Caprichosos entrou na pista
com o dia praticamente claro, as dez para as seis da manhã. O
tema era crítico e protestava contra a exportação e a perda de
nossas maiores riquezas. O abre-alas, muito criativo, representou
um cais imaginário, do qual partiam nossa cultura, nossas
riquezas naturais e tudo de bom que é produzido aqui. A escola
optou por apresentar apenas seis carros alegóricos e alguns
tripés, principalmente para dividir os setores do enredo. Os
carros eram enormes e muito bonitos, com destaque para o carro
das matas e para a alegoria denominada “Arte e
Cultura”, que foi, aliás, um dos carros mais bonitos que eu
já vi em desfile. Era lindo e muito bem decorado com belíssimas
reproduções da cerâmica marajoara e de esculturas de mestre
Vitalino. Apresentando-se com 4000 componentes, divididos em 26
alas, a Caprichosos fez um desfile correto, mas faltou um samba
melhor e menos marcheado, que pudesse fazer sua gente evoluir
mais. A bateria, que veio em tons de azul, misturados ao dourado
e ao preto, desfilou com fantasias alusivas ao petróleo e teve
uma boa atuação. Gostei bastante dos bonecos de Olinda e dos
calhambeques do corso que passaram no último setor. Nos
figurinos, houve uma boa distribuição de cores, além de um
acabamento refinado. Destaque para a ala do ouro, com penas de
pavão que causavam um efeito belíssimo, e para a ala que
representava a Festa do Divino, toda em branco e prata.
O Salgueiro pintou o asfalto de vermelho
ACADÊMICOS
DO SALGUEIRO – Com cerca de 5000 componentes, o Salgueiro
pisou forte na Sapucaí para defender o enredo: “Templo
Negro em Tempo de Consciência Negra”, do carnavalesco Luiz
Fernando Reis, que havia se consagrado nos anos anteriores pelos
temas críticos e inteligentes feitos para a Caprichosos de
Pilares. Com o auxilio do figurinista Flávio Tavares, Luiz
Fernando projetou para o Salgueiro um carnaval que nada lembrava
o seu estilo leve e debochado. Como pedia o enredo, ele investiu
no luxo e no tradicional, criando um espetáculo visual
maravilhoso. Como se sabe, o enredo abordava todos os temas
negros já contados pelo Salgueiro desde sua fundação, além de
questionar a “abolição” da escravatura no quadro
denominado: “Consciência Negra”. O samba salgueirense,
na minha humilde opinião, era o melhor do ano e ainda tinha a
seu favor a interpretação perfeita e emocionante de Rixxa. A
comissão de frente foi formada pelos integrantes da
velha-guarda, que vestiram uma bela fantasia africana e
apresentaram com correção a escola. Atrás, vinha o abre-alas,
que representava o “Templo Negro” e trazia, além de
esculturas de panteras, o corpo escultural da cantora Watusi.
Após uma sucessão de alas com a temática africana, apareceu o
carro “Navio Negreiro”, que era muito bonito e
apresentava destaques luxuosos. A seguir, o Salgueiro relembrou o
desfile de 1960 e apresentou uma ala lindíssima, que desfilou
com a fantasia “Nobreza de Palmares”. Com alegorias de
mão de rara beleza, a ala abriu caminhos para o carro
“Portais dos Palmares”, que teve o ator Antônio
Pitanga interpretando Zumbi. Talvez a parte mais densa do desfile
tenha sido dedicada ao enredo Chica da Silva, de 63. O minueto,
feito pela coreógrafa Mercedes Batista e que tanta polêmica
tinha causado na década de sessenta, foi revivido por dezenas de
casais de adolescentes que, vestidos com veludo e cetim nas cores
da escola, protagonizaram momentos de grande emoção. E a
emoção continuaria com a passagem do carro “Os Jardins de
Chica”, com destaque para Isabel Valença, que depois de 26
anos voltaria a estrelar o seu principal papel. A essa altura dos
acontecimentos, a única preocupação que os salgueirenses
tinham era com o gigantismo da escola. Encostados nas grades,
ilustres torcedores pediam que os componentes apressassem o
passo, mas os diretores não demonstravam preocupação. A
bateria do mestre Louro só aproximou-se do boxe com mais de uma
hora de desfile e, quando todos pensavam que ela seguiria direto,
foi dada a ordem para o recuo, que foi rápido e fez com que a
escola tivesse que correr um pouco para preencher os espaços.
Antes da chegada da bateria, já haviam sido mostrados o carro de
“Chico Rei” e uma bela ala de baianas prateadas, para
ilustrar o enredo de 69: “Bahia de Todos os Deuses”.
Aliás, nesse setor também foi apresentado um belíssimo carro,
todo branco e prata, cheio de baianas e com a maravilhosa Paula,
além do destaque luxuoso de Humberto Canalli. O Salgueiro voltou
a desfilar compacto após o pequeno percalço no recuo da
bateria, mas o andamento da escola ficou apressado, afinal
faltavam menos de 25 minutos para o estouro do tempo e os
últimos componentes ainda estavam na concentração. A
preocupação com o tempo tomou conta de todos, mas isso não
diminuía a emoção e a satisfação de poder ver os grandes
desfiles da escola sendo contados com tanta beleza. Eu adorei a
combinação de cores usada para relembrar os enredos:
“Festa Para um Rei Negro” e “Valongo”.
Aliás, o carro do Valongo era muito bonito e tinha Regina Hamlet
como destaque. Os tripés que representaram os deuses africanos
estavam de fácil compreensão e também chamavam a atenção
pelo bom gosto. Gostei muito do setor dedicado a Oxalá, que foi
representado por uma grande ala branca e por um tripé que trazia
como destaque o cabeleireiro Wander vestindo uma fantasia
belíssima, premiada em concurso. O carro “Consciência
Negra” mostrou Anastácia libertando-se da mordaça, já no
último setor do desfile, que foi encerrado por uma ala de
baianas gigantesca. Com signos africanos, elas se apresentaram
com fantasias de rara beleza, nas cores vermelho, amarelo,
laranja, palha, branco e preto. Quando a bateria saiu do boxe, à
frente delas, um visual belíssimo se formou, pois os chapéus
dos ritmistas tinham os mesmos tons dos chapéus das baianas.
Apesar da pressa, o desfile do Salgueiro foi emocionante e
credenciou a escola a brigar com força pelo campeonato. A escola
encerrou sua apresentação com pouco mais de um minuto para
estourar o tempo.
A bateria foi um dos pontos altos do desfile da Mangueira
ESTAÇÃO
PRIMEIRA DE MANGUEIRA – Quando a escola começou a ocupar
os espaços da armação uma chuva fina passou a marcar presença
na Sapucaí, o que não chegou a tirar o animo dos foliões. Com
pouco mais de 4000 componentes, divididos em 32 alas, a Mangueira
nem de longe lembrou seus bons carnavais dos anos anteriores. O
enredo “Trinca de Reis”, do carnavalesco Júlio Matos,
era uma homenagem a noite carioca, feita através das figuras de
Walter Pinto, Carlos Machado e Chico Recarey. A comissão de
frente representou vedetes e teve uma atuação mais para teatro
de revista do que para desfile de escola de samba. Não gostei!
Após a passagem de um carro abre-alas de extremo mau gosto,
apareceram alas vestidas de espantalhos, índios e piratas,
personagens presentes nas “revistas” de Walter Pinto, o
primeiro dos homenageados, que desfilou ao lado da grande vedete
Virginia Lane. O carro seguia a concepção do abre-alas. Aliás,
em matéria de alegorias, o desfile da Mangueira foi um fiasco.
As formas eram retas, duras e grosseiras, além de repetitivas.
As fantasias estavam superiores, embora algumas apresentassem
falha de acabamento, talvez pela chuva. O segundo setor
dedicou-se a mostrar as obras da Carlos Machado, que desfilou
sobre o carro “Cassino da Urca”. Nesse setor,
destacou-se o carro que lembrava o espetáculo
“Carrossel”, uma das poucas alegorias que fugiam um
pouco da concepção à qual eu já me referi. Uma bonita ala de
espanholas iniciou o setor referente a Chico Recarey que, segundo
as más línguas, teria “comprado” uma vaga no enredo.
Com um samba de letra fraca e melodia marcheada, a Mangueira
acabou fazendo um dos seus piores desfiles. Salvaram-se a bateria
e a empolgação de seus componentes, além de algumas fantasias
que ilustraram com correção e beleza um enredo que poderia ter
sido mais bem desenvolvido. O desfile terminou por volta das dez
horas da manhã.
O Egito foi um dos países visitados pelo enredo da Unidos do Jacarezinho
UNIDOS
DO JACAREZINHO - “Mitologia, Astrologia, Horóscopo, uma
Benção para o Carnaval Brasileiro”, do carnavalesco Lucas
Pinto, foi o enredo da simpática escola que abriu o desfile de
segunda. O tema propunha um passeio pelas “mitologias”
e falava da influência dos astros. Confesso que não entendi
muita coisa, pois foram muitos os elementos utilizados para
ilustrar o enredo, que começou na Babilônia, passou pelo Egito,
Grécia, Roma, China, África e acabou desembarcando no nosso
carnaval. A comissão de frente chegou atrasada e teve que ser
substituída pelos componentes da velha-guarda, que estavam bem
vestidos e se apresentaram com alegria. No abre-alas, o símbolo
da escola apareceu com turbante e ladeado por doze destaques de
composição, que traziam a simbologia dos signos. O samba do
Jacarezinho era fraco e nem mesmo a boa bateria conseguiu
empolgar. O visual apresentado foi dos mais confusos: era carro
atrás de carro e um festival de cores que não favoreciam um
conjunto visual harmônico. Nas fantasias, o destaque ficou por
conta do bonito figurino da bateria, com suas penas azuis. Entre
as alegorias, eu destaco o carro da África, com representação
do jogo de búzios, e o belo carro de Zeus, que além de uma
biga, apresentava um sol muito bonito. Apesar desses bons
momentos, tudo se perdeu, principalmente pelo excesso de cores e
de alegorias. O rosa e o branco tradicionais (combinação tão
bonita para escola de samba) apareceram apenas em raríssimos
momentos. A sensação que eu tive é que a escola quis ser algo
que não era. Se tivesse optado pela simplicidade e pelos bons
enredos dos anos anteriores teria conseguido um êxito bem maior.
Foi, na minha opinião, o pior desfile de 89.
O luxo da Imperatriz Leopoldinense
IMPERATRIZ
LEOPOLDINENSE – No ano do centenário da Proclamação da
República, coube à Imperatriz a responsabilidade de apresentar
um enredo em sua exaltação. Com “Liberdade, Liberdade,
Abre as Asas sobre Nós”, do carnavalesco Max Lopes, a
escola tinha também a missão de apagar a péssima imagem
deixada no ano anterior. O samba escolhido, de autoria de
Niltinho Tristeza, Preto Jóia, Vicentinho e Jurandir, era muito
bonito e foi muito bem aceito pela crítica na fase
pré-carnavalesca. A escola entrou na avenida chamando muita
atenção, graças a uma comissão de frente de muito bom gosto e
aos tripés que mostravam as “Asas da Liberdade”, que
compunham muito bem com a coroa espelhada mostrada no abre-alas.
No entanto, um problema afligia os diretores da escola: vários
componentes não tinham recebido seus sapatos. Inclusive a ala do
minueto, liderada por Mercedes Batista, acabou desfilando com
vários componentes descalços. Outra coisa que me causou
estranheza foi a certa indecisão para a entrada da bateria, que
só começou a tocar depois que o samba já havia sido cantado
três vezes. Isso aumentava a ansiedade dos espectadores, pois a
impressão que se tinha, desde o inicio, é que a escola estava
se preparando para um grande desfile, haja vista a beleza da
“cabeça” da escola. Apesar dessas incertezas, quando a
bateria finalmente entrou, a Imperatriz seguiu firme em suas
evoluções, passando sempre de forma fluente, sem hesitações e
quebras de conjunto. O primeiro setor, além dos tripés e do
abre-alas, apresentou uma ala em branco e prata e o carro “O
Grande Baile da Corte”, que trazia destaques ricamente
fantasiados. Em seguida, a Imperatriz passou a mostrar cenas
típicas do Império, inspiradas em Debret. Eu adorei esse setor,
principalmente pelas liteiras e pelos tons usados na confecção
das fantasias: um belo jogo de nuances de amarelo, laranja e
ouro, que foram as cores que predominaram também na roupa das
baianas, que representaram damas da corte. O carro em homenagem
ao Duque de Caxias era belíssimo e só conseguiu entrar na pista
após manobras ousadas para “vencer” os fios de alta
tensão, tamanha era a sua altura. O setor que abordava a
imigração italiana também estava interessante, com carroças
muito bem realizadas, fantasias bonitas e de fácil leitura. A
segunda ala de baianas desfilou com a representação de mucamas.
Estavam bonitas, mas sem muito impacto. Elas precederam o belo
carro da “Carta Magna”. O samba, a bateria e o belo
visual conquistaram o público. A Imperatriz Leopoldinense
protagonizou um dos mais belos momentos do desfile de 1989 e,
certamente, até aquela altura dos acontecimentos, era a melhor
escola ao lado do Salgueiro, com a vantagem de não ter corrido.
A linda e afinada bateria da Unidos da Tijuca
UNIDOS
DA TIJUCA – Depois de bons desfiles apresentados nos
dois anos anteriores, a Tijuca parecia querer consolidar seu
lugar entre as grandes e, para isso, preparou um enredo bastante
interessante: “De Portugal à Bienal no País do
Carnaval”, do carnavalesco Mário Monteiro. O tema foi
dividido em quatro partes: a chegada de D. João VI, a Missão
Francesa, a Semana de Arte Moderna e a Bienal de São Paulo. A
comissão de frente foi formada, mais uma vez, pelo grupo oriundo
da Imperatriz Leopoldinense, que era composto por homens altos e
elegantes que se apresentavam de forma tradicional, sempre muito
bem vestidos. Em 89, cada fantasia tinha uma cor diferente,
embora houvesse uniformidade no desenho. Gostei muito da
comissão e ainda mais do abre-alas, que apresentou vários
pavões em tons de azul, para representar as glórias da escola
nos grupos inferiores, e um pavão dourado, representando o
título conquistado em 1936 entre as grandes escolas. Cada
capítulo do enredo em homenagem às artes plásticas brasileiras
era aberto por um quadro emoldurado, que trazia o nome dos
principais artistas de cada período. No setor referente à
Missão Francesa, destacou-se o carro “Floresta de
Debret”. Aliás, o Mário foi muito feliz ao transformar
quadros famosos em esculturas e adereços. Gostei bastante da
parte dedicada a Tarsila do Amaral e a Di Cavalcanti, já no
terceiro setor do desfile. As baianas evoluíram lindamente e
vestiram-se com muita beleza, com saias trabalhadas nas cores da
escola e enormes gamelas na cabeça. Só achei estranho o grande
número de homens que desfilou na ala. Os três primeiros quadros
foram mostrados com bastante correção, mas, a partir do momento
em que a escola começou a mostrar as obras da Bienal, começou a
haver um certo desnível na concepção de roupas e alegorias.
Não sei se pelo gosto duvidoso de algumas das obras, mas,
certamente, pela considerável quantidade de componentes sem
chapéu, o desfile foi prejudicado nesse setor. Felizmente, o
nível voltou a melhorar com a passagem de um carro africano e de
alas belíssimas que homenageavam Caribé, Chico Santana e Hélio
Oiticica. Fechando o desfile apareceu o carro “Favela dos
Meus Amores”, inspirado no quadro de Heitor dos Prazeres. O
carro, que teve na sua fase de confecção a colaboração do
carnavalesco Paulino Espírito Santo, foi uma das
representações de favela mais bonitas que já passaram na
avenida em todos os tempos. A bateria, vestida lindamente com a
mesma paleta de cores da comissão de frente, mas representando o
cubismo, foi dirigida pela última vez por Mestre Marçal. O som
dos agogôs chamou a atenção e o ritmo esteve firme sempre. Com
um samba apenas mediano, a Unidos da Tijuca acabou sendo um pouco
prejudicada, mas foi um desfile bonito.
Monique Evans na São Clemente
SÃO
CLEMENTE – Com aproximadamente 5000 componentes,
divididos em 32 alas, a escola apresentou o enredo: “Made in
Brazil, Yes Nós Temos Banana”, do carnavalesco Carlinhos de
Andrade. A temática seguia a mesma linha do enredo da
Caprichosos, que tinha feito um bom desfile no dia anterior. Eu
gostei muito da brasileiríssima comissão de frente, composta
por homens de fraque e cartola com bananas descascadas. O carro
abre-alas exibia vários caixotes que formavam o Pão-de-Açúcar
sobre o mapa do Brasil. A São Clemente, como se sabe, tem as
cores preta e amarela, o que torna o trabalho dos carnavalescos
bastante difícil. Apesar de alguns pequenos deslizes,
principalmente quando houve o uso do cinza e do laranja, achei
que a divisão das cores foi bem feita. A escola evoluiu com
correção e nem quando o carro da caravela quebrou, já na
altura do Setor 5, houve muita indecisão. Os diretores da escola
rapidamente encostaram o carro na grade e fizeram com que os
componentes seguissem em frente e, por sorte, a alegoria que
vinha em seguida (que mostrava o ouro de Serra Pelada indo para o
“espaço”) conseguiu passar ao lado, em uma manobra
muito bem feita. O problema é que o carro quebrado só conseguiu
seguir no desfile quando já estava totalmente fora do seu setor.
Isso, evidentemente, prejudicou o quesito enredo. Na minha
opinião, a parte mais bonita do desfile foi a dedicada ao
Pantanal, com destaque para uma bela ala com folhagens no
chapéu. Também gostei da roupa das baianas, que trouxe um cesto
de flores na cabeça. Os tripés tropicalistas, já no final do
desfile, também estavam leves e de bom gosto. O samba não era
dos melhores e prejudicou a empatia com o público. Também notei
uma certa pressa no terço final da escola, o que atrapalhou a
evolução e a harmonia. Foi um desfile simpático, mas, em
comparação com a apresentação da Caprichosos, que abordou a
mesma temática, as vantagens foram todas para a escola de
Pilares.
Detalhes do abre-alas da Estácio de Sá
ESTÁCIO
DE SÁ – Os desfiles de 1987 e 1988 deram a Estácio
a certeza de estar em um caminho que a levaria a conquistas. Na
minha opinião, a principal razão para esse sucesso era o
talento da carnavalesca Rosa Magalhães, mas, infelizmente, os
diretores da escola viam com bons olhos os seus recentes sambas
leves, mas marcheados, e tentavam com isso repetir o sucesso
alcançado com “O Tititi do Sapoti”. E o grande
problema do desfile de 89 foi exatamente o samba, ou melhor, a
marcha-enredo que a escola apresentou. Outro problema, a meu ver,
foi que o enredo “Um, Dois, Feijão com Arroz” não foi
tão bem desenvolvido pela Rosa quanto os seus temas anteriores.
Os figurinos e os carros estavam muito bonitos, mas os elementos
visuais, exceto em alguns setores, caberiam em qualquer enredo
que se propusesse a fazer um passeio pelo mundo. Gostei bastante
do abre-alas, que apresentou o leão da escola ladeado por
mulatas sobre pagodes chineses. Aliás, o primeiro setor era todo
dedicado à China, com boa predominância do amarelo e do
vermelho. Em seguida apareceram alas referentes aos árabes e o
enredo chegou ao Brasil para contar o episódio em que Nilo
Peçanha engana os ingleses, apontando para um capinzal e dizendo
que era plantação de arroz. Esse fato foi bem descrito no
“samba” e lindamente mostrado em uma ala toda verde,
que representava o “arrozal”. Os ritmistas da Estácio
vestiram saias para compor a belíssima fantasia africana.
Aliás, gostei muito do setor africano, que apresentou figurinos
com o mesmo recurso utilizado pela Cabuçu: capim desfiado e
colorizado à guisa de penas. Voltando à bateria, não entendi
por que seus diretores, assim como em 87 e 88, insistiram em não
entrar no boxe. Preferiram seguir em frente e colocar os
ritmistas no canto da pista, lá na Praça da Apoteose. A
evolução da escola foi prejudicada por isso e, também, pela
lentidão da passagem das alas do meio para o final do desfile,
em contrário do que aconteceu no início. O enredo foi bem
passado no setor final, quando apareceram os carros do casamento,
do Japão (belíssimo!) e a última alegoria, com a qual a Rosa
fez uma brincadeira referente à mistura do feijão com o arroz e
enalteceu a mulata. Foi um desfile de figurinos e carros muito
bonitos, de acabamento impecável, mas não gostei muito do
enredo e muito menos do samba.
Conjunto visual da Vila
UNIDOS
DE VILA ISABEL – Passava das quatro da madrugada quando a
campeã de 88 começou a sua apresentação. O enredo
“Direito é Direito” comemorava os quarenta anos da
Declaração Universal dos Direitos Humanos. Aliás, todos eles
foram lidos antes do grito de guerra da escola, que começou seu
desfile com muita garra e com a expectativa de empolgar e
emocionar o público, já que seu samba era um dos melhores do
ano. O carnavalesco Ilvamar Magalhães abriu mão do luxo e
organizou um desfile com o propósito de apresentar com clareza o
enredo. Nisso ele foi prefeito, mas, no geral, o visual teve
altos e baixos. A comissão de frente apresentou mulheres
grávidas para representar o primeiro direito: o direito à vida.
O carro “Liberdade de Pensamento e Expressão”, todo
montado em bonitos tons de verde, mostrou cobras e lagartos
saindo das esculturas. Esse foi um dos setores que eu mais
gostei. Gostei também do setor que fazia referência a liberdade
de credo, do setor que abordava o direito à alimentação e do
setor que fechou o desfile, que clamou pela paz. Alguns
problemas, como a quebra do Carro da Liberdade (ainda na
armação) e a passagem dos Carros da Saúde e da Alimentação
completamente fora de suas posições no desfile, prejudicaram o
desenvolvimento do enredo. Apesar desses percalços, a
empolgação dos sambistas era algo que chamava a atenção de
todos. A bateria, com a fantasia de juízes togados, voltou a ter
um ótimo desempenho. E o samba, dos melhores do ano, funcionou
muito bem no desfile, como já era esperado. No último setor da
Vila, o destaque ficou por conta de uma bonita ala de baianas,
toda em branco. O carro da Paz Universal fechou o desfile com a
participação de Clóvis Bornay. Apesar dos problemas
estéticos, a Vila mostrou samba no pé e emocionou!
A Portela esbanjou luxo e beleza
PORTELA – “Achado não
é Roubado”, do carnavalesco Silvio Cunha, foi o enredo da
escola que entrou na Sapucaí pouco antes das cinco e trinta, com
o dia começando a amanhecer. O enredo questionava a história
oficial do descobrimento do Brasil e fazia uma bonita homenagem
aos verdadeiros “donos da terra”. A águia, pela
primeira vez, foi montada sobre uma grua, o que possibilitou um
movimento completamente novo e de bom efeito. À frente dela,
como sempre, estavam os componentes da velha-guarda, marcando
presença na tradicional comissão de frente. Os mais de 4000
componentes vieram divididos em 23 alas. Confesso que eu não
faço parte do time que torce o nariz para o samba de Neném,
Mauro Silva e Carlinhos Madureira. Não estava no mesmo nível
dos sambas de 87 e 88, mas era um samba de verdade, que contava
relativamente bem o enredo. Aliás, eu achei excelente a
cadência adotada pela bateria; deu ao samba um balanço
especial, principalmente pelos ousados “desenhos”
feitos pelos tamborins. A primeira parte do enredo foi dedicada
ao quadro: “Portela, 65 Anos”. Uma enorme ala vestida
de águia e o bonito carro do Candelabro, no qual desfilou a
destaque Wanda Batista, compuseram esse setor. Em seguida, a
escola mergulhou no enredo e apresentou várias embarcações de
possíveis “visitantes” anteriores a Cabral. O setor
egípcio era de uma beleza indescritível, com uma ala com penas
de pavão alaranjadas, que compunha um cenário dos mais ricos.
Passaram os assírios, fenícios, chineses e vikkings, todos
muito bem representados em alegorias e fantasias. Antes do enredo
abordar a versão oficial do descobrimento, apareceu um setor
dedicado ao mar, com um carro em homenagem à Netuno. Os piratas
e os invasores também foram lembrados pela Portela. No entanto,
nada foi mais bonito que a sucessão de alas vestidas de índios,
que formaram o quadro: “Os Donos da Terra”, já na
parte final do desfile. Essas alas eram grandes, luxuosíssimas e
de um bom gosto inquestionável. Poucas vezes eu vi índios tão
bem vestidos na avenida. O desfile foi encerrado com uma das mais
belas alas de baianas do ano, com flores sobre o torço e bonitos
bordados nas saias. O desfile só não foi melhor porque o peso
excessivo de algumas fantasias fez com que muitos componentes
tivessem que desfilar segurando os chapéus. Uma pena!
O desfile compacto, colorido e revolucionário da Beija-Flor
BEIJA-FLOR
DE NILÓPOLIS - Mais uma vez a polêmica do ano girou em torno
de Joãozinho Trinta. Dias antes do desfile, a Igreja Católica
entrou com uma ação na Justiça que pedia a proibição da
imagem do Cristo Redentor no abre-alas da escola, que
apresentaria o enredo: “Ratos e Urubus, Larguem Minha
Fantasia”. Esse enredo, além de fazer uma critica social
das mais sérias, era uma resposta do carnavalesco aos que o
acusaram de introduzir o luxo no carnaval e, ao mesmo tempo, uma
resposta àqueles que o acusavam de não saber trabalhar com
pouco dinheiro. Seria, segundo a sinopse, o “luxo do lixo, o
lixo do luxo”. Com a proibição da imagem confirmada, todos
queriam saber qual seria a solução que Joãozinho encontraria
para que o desfile não fosse prejudicado. Antes da Beija-Flor
entrar na Sapucaí, o carnavalesco desabafou: “Proibiram o
povo de ver o Cristo. Ele vai desfilar encoberto, mas com a frase
que talvez seja mais forte do que a própria imagem (Mesmo
proibido olhai por nós!)”. Eu não conseguiria expressar em
palavras o sentimento que eu tive na entrada da Beija-Flor, mas
eu fiquei estupefato com os mendigos das primeiras alas e com os
dois primeiros carros. Eu jamais imaginara ver um dia a grande
escola de Nilópolis abrir um desfile com farrapos e sucatas. Foi
um choque, mas tudo estava absolutamente dentro da proposta do
enredo, que só ganhou cores vivas a partir do terceiro carro,
que trazia Jésus Henrique como destaque principal. As fantasias
que vieram em seguida formaram um belo conjunto, embora fossem
feitas de estopa e trapos. Eu gostei bastante do setor da Igreja,
que teve a predominância do “pink”, misturado ao preto
e ao dourado. O Carro dos Loucos mostrou o “Lixo da
Guerra”, com a representação dos quatro cavaleiros do
apocalipse. Em seguida, o enredo apresentou o “Lixo do
Sexo”, através de alas e de um carro com ambientação que
remetia a Roma Pagã. Passaram os setores críticos à imprensa,
todo em preto e branco, e à política, que foi o que eu menos
gostei. No Carro dos Brinquedos, que teve Xuxa como destaque, as
armas e os super-heróis vinham escondidos na parte de baixo,
dando lugar aos brinquedos inocentes. No Carro da Xepa, a
carruagem de Cinderela já tinha se transformado em abóbora.
Aliás, nesse belo setor, as baianas da escola rodopiaram suas
saias. O carro “Banquete dos Mendigos” teve a presença
de Pinah, que desfilou pela última vez como destaque. No meio do
desfile aconteceu uma coisa interessante: os portões foram
abertos e o povo que se aglomerava no viaduto ao lado da Sapucaí
pôde entrar e ocupar os espaços vazios deixados na
arquibancada. Como bem lembrou Fernando Pamplona: “era o
luxo virando lixo”. E o público acompanhou com entusiasmo a
passagem das alas, que vibraram bastante com o samba da escola,
que não era dos melhores, mas tinha um balanço contagiante.
Achei muito interessante a apresentação dos oito casais de
mestres-salas e porta-bandeiras. Logo após a exibição de Marco
Aurélio e Rosária (primeiro casal), eles faziam uma coreografia
especial e inédita. O desfile encerrou-se de forma apoteótica,
com aplausos e gritos de: “é campeã”. Joãozinho
Trinta e o figurinista Viriato Ferreira, assim como os outros
4000 componentes da escola, tinham conseguido passar a mensagem
com competência e realizar um desfile histórico.
As tradicionais baianas do Império
IMPÉRIO
SERRANO – O Império entrou na pista pouco depois
das oito da manhã, sob um sol tímido, que insistia em se
esconder entre as nuvens. O enredo “Jorge Amado, Axé
Brasil”, do carnavalesco Oswaldo Jardim, era muito
interessante: fazia uma exaltação ao escritor baiano através
de seus principais personagens, que eram os grandes convidados
para a comemoração em homenagem ao escritor. Com a difícil
tarefa de manter o publico empolgado, depois da revolução
estética causada pela Beija-Flor, a escola pisou firme na
avenida e fez um desfile dos mais agradáveis. O carnavalesco
optou pela leveza e criou figurinos coloridos, embora houvesse um
bom predomínio das cores da escola. A comissão de frente
representou os “Ministros de Oxalá” e ainda na
primeira parte do desfile apareceu um bonito carro referente às
deliciosas batidas baianas. Adorei as alas de Oxossi e Ogum,
assim como todo setor referente ao mar. Aliás, o carro de
Iemanjá, com conchas e cavalos marinhos, estava bem bonito.
Também gostei do setor dedicado ao romance “Gabriela, Cravo
e Canela”, que foi mostrado com alas representando pimenta,
tomate, cebola e com o carro do fogão, cheio de bonecos de
espuma em forma de caldeirão, panela e tempero. O desfile foi
muito criativo. Percebia-se que a proposta era jovial e
divertida, mas alguns senões prejudicaram a escola. Entre eles,
eu destaco o considerável número de componentes sem chapéu e o
grande número de alas com poucos componentes, o que atrapalhou
um pouco o conjunto visual, a harmonia e a evolução, já que
houve mistura de alas. Jorge Amado desfilou no último carro, ao
lado de vários amigos e artistas. A bateria acompanhou muito bem
o samba de Beto Sem Braço, Aluízio Machado, Bicalho e Arlindo
Cruz. O Império fez um desfile digno de sua história e encerrou
com beleza o longo e agradável desfile de 1989.
O carnaval de 89 apresentou, sem dúvidas, uma enorme variedade de estilos. Houve desfiles para todos os gostos. Desde a divertida apresentação do Arranco até a emoção do desfile da Vila Isabel. Da alegria e beleza da Ilha ao extremo luxo da Portela. Do clássico desfile da Imperatriz ao revolucionário espetáculo criado por Joãozinho Trinta. E se a maioria dos sambas já não tinha a mesma categoria apresentada até a metade da década, pelo menos as baterias insistiam em manter uma boa cadência.
Quatro escolas foram apontadas como favoritas ao titulo: Salgueiro, Imperatriz, Vila Isabel e Beija-Flor, que era a principal candidata segundo os especialistas e o público em geral. Na minha opinião, poderíamos dividir as candidatas em dois grupos: Salgueiro, Imperatriz e Beija-Flor (principais candidatas) e União da Ilha, Vila Isabel e Portela (com algumas chances). As outras escolas brigariam, no máximo, por boas colocações.
Os envelopes, como de costume, foram abertos na quarta-feira de cinzas no Maracanazinho. A primeira surpresa aconteceu logo na leitura das notas do primeiro quesito, quando o julgador Cláudio Luiz Matheus (bateria) deu nota nove para a União da Ilha. É bom lembrar que as notas variavam entre cinco e dez, sem permissão para notas fracionadas em meio ponto. No Quesito Samba-Enredo, mais surpresas: o julgador Hilton Prado preferiu várias marchinhas ao belo samba da Tradição, para o qual ele atribuiu nota oito. E o que dizer do jornalista João Máximo, que deu oito para a Tradição e nove para o belíssimo samba do Salgueiro? Aliás, as notas de João Máximo começaram a definir o campeonato, pois a Beija-Flor, que liderava a apuração ao lado da Imperatriz e da Vila, foi “agraciada” com a sua primeira nota nove. No Quesito Harmonia não existiram grandes surpresas. Tradição e Salgueiro, que tiveram problemas, foram punidas. No Quesito Evolução a Beija-Flor perdeu mais um pontinho, mas é bom lembrar que esses pontos perdidos só teriam importância em caso de empate, pois a nota mais baixa era eliminada. A Beija-Flor também perdeu um ponto em Conjunto. Aliás, as únicas escolas que receberam dez dos três jurados de Conjunto foram: União da Ilha, Salgueiro, Imperatriz, Portela e, para minha surpresa, o Império Serrano. No Quesito Fantasias algumas notas também são dignas de serem registradas. O julgador Paulo Coelho só deu nota dez para Beija-Flor, Imperatriz, Ilha e, pasmem, Unidos da Ponte, que estava muito ruim em termos de figurinos. Sua nota mais baixa foi para a Tradição, que parecia ser a perseguida do júri: sete. Para a Unidos do Jacarezinho, que também não veio nada bem no quesito, deu uma boa nota nove, a mesma atribuída para a Portela, Estácio e Salgueiro, que estavam infinitamente superiores. Já o julgador Marcelo Silva mostrou toda a sua incompetência ao dar nota dez para todas as escolas, exceto para a Unidos do Cabuçu e Tradição, que receberam nota nove. As notas do Quesito Comissão de Frente deixaram clara a intenção do júri (ou de sabe-se lá quem) em rebaixar a escola de samba Tradição, que recebeu nota cinco dos três julgadores. Muitos críticos atribuíram isso ao fato da escola ter colocado uma ala de passos marcados à frente do abre-alas e da própria comissão. Ora, nesse caso, muitas escolas teriam que ter sido punidas, inclusive a Imperatriz, que trouxe Max Lopes à frente da comissão com um enorme estandarte. As últimas notas a serem lidas foram dos julgadores de Alegorias e Adereços. Eu acho interessante destacar algumas notas do publicitário Lula Vieira, que preferiu o fraco conjunto de alegorias da Mocidade, da Vila e da São Clemente às boas alegorias da União da Ilha, que foi “agraciada” com a nota oito, mesma nota dada às horrendas alegorias da Mangueira. Vai entender...
A Beija-Flor e a Imperatriz terminaram empatadas em número de pontos, mas, como se sabe, o critério de desempate foi aplicado e a Beija-Flor, que tinha eliminado três notas nove, acabou ficando em segundo lugar. O curioso é que os dirigentes das duas agremiações não tinham conhecimento do regulamento e os componentes das duas escolas comemoraram o empate em primeiro lugar. Anízio e Luizinho quase se beijaram de tanta felicidade, mas, depois de alguns minutos, a verdade veio à tona e Nilópolis chorou um amargo vice-campeonato.
A vitória da Imperatriz foi merecida (era uma das favoritas), mas é muito estranho que o júri tenha observado somente os defeitos das outras escolas e nunca as falhas da Imperatriz, que recebeu notas máximas de todos os julgadores. Se o empate tivesse sido confirmado o resultado teria sido muito mais justo e menos polêmico.
O carnaval de 89 apresentou, sem dúvidas, uma enorme variedade de estilos. Houve desfiles para todos os gostos. Desde a divertida apresentação do Arranco até a emoção do desfile da Vila Isabel. Da alegria e beleza da Ilha ao extremo luxo da Portela. Do clássico desfile da Imperatriz ao revolucionário espetáculo criado por Joãozinho Trinta. E se a maioria dos sambas já não tinha a mesma categoria apresentada até a metade da década, pelo menos as baterias insistiam em manter uma boa cadência.
Quatro escolas foram apontadas como favoritas ao titulo: Salgueiro, Imperatriz, Vila Isabel e Beija-Flor, que era a principal candidata segundo os especialistas e o público em geral. Na minha opinião, poderíamos dividir as candidatas em dois grupos: Salgueiro, Imperatriz e Beija-Flor (principais candidatas) e União da Ilha, Vila Isabel e Portela (com algumas chances). As outras escolas brigariam, no máximo, por boas colocações.
Os envelopes, como de costume, foram abertos na quarta-feira de cinzas no Maracanazinho. A primeira surpresa aconteceu logo na leitura das notas do primeiro quesito, quando o julgador Cláudio Luiz Matheus (bateria) deu nota nove para a União da Ilha. É bom lembrar que as notas variavam entre cinco e dez, sem permissão para notas fracionadas em meio ponto. No Quesito Samba-Enredo, mais surpresas: o julgador Hilton Prado preferiu várias marchinhas ao belo samba da Tradição, para o qual ele atribuiu nota oito. E o que dizer do jornalista João Máximo, que deu oito para a Tradição e nove para o belíssimo samba do Salgueiro? Aliás, as notas de João Máximo começaram a definir o campeonato, pois a Beija-Flor, que liderava a apuração ao lado da Imperatriz e da Vila, foi “agraciada” com a sua primeira nota nove. No Quesito Harmonia não existiram grandes surpresas. Tradição e Salgueiro, que tiveram problemas, foram punidas. No Quesito Evolução a Beija-Flor perdeu mais um pontinho, mas é bom lembrar que esses pontos perdidos só teriam importância em caso de empate, pois a nota mais baixa era eliminada. A Beija-Flor também perdeu um ponto em Conjunto. Aliás, as únicas escolas que receberam dez dos três jurados de Conjunto foram: União da Ilha, Salgueiro, Imperatriz, Portela e, para minha surpresa, o Império Serrano. No Quesito Fantasias algumas notas também são dignas de serem registradas. O julgador Paulo Coelho só deu nota dez para Beija-Flor, Imperatriz, Ilha e, pasmem, Unidos da Ponte, que estava muito ruim em termos de figurinos. Sua nota mais baixa foi para a Tradição, que parecia ser a perseguida do júri: sete. Para a Unidos do Jacarezinho, que também não veio nada bem no quesito, deu uma boa nota nove, a mesma atribuída para a Portela, Estácio e Salgueiro, que estavam infinitamente superiores. Já o julgador Marcelo Silva mostrou toda a sua incompetência ao dar nota dez para todas as escolas, exceto para a Unidos do Cabuçu e Tradição, que receberam nota nove. As notas do Quesito Comissão de Frente deixaram clara a intenção do júri (ou de sabe-se lá quem) em rebaixar a escola de samba Tradição, que recebeu nota cinco dos três julgadores. Muitos críticos atribuíram isso ao fato da escola ter colocado uma ala de passos marcados à frente do abre-alas e da própria comissão. Ora, nesse caso, muitas escolas teriam que ter sido punidas, inclusive a Imperatriz, que trouxe Max Lopes à frente da comissão com um enorme estandarte. As últimas notas a serem lidas foram dos julgadores de Alegorias e Adereços. Eu acho interessante destacar algumas notas do publicitário Lula Vieira, que preferiu o fraco conjunto de alegorias da Mocidade, da Vila e da São Clemente às boas alegorias da União da Ilha, que foi “agraciada” com a nota oito, mesma nota dada às horrendas alegorias da Mangueira. Vai entender...
A Beija-Flor e a Imperatriz terminaram empatadas em número de pontos, mas, como se sabe, o critério de desempate foi aplicado e a Beija-Flor, que tinha eliminado três notas nove, acabou ficando em segundo lugar. O curioso é que os dirigentes das duas agremiações não tinham conhecimento do regulamento e os componentes das duas escolas comemoraram o empate em primeiro lugar. Anízio e Luizinho quase se beijaram de tanta felicidade, mas, depois de alguns minutos, a verdade veio à tona e Nilópolis chorou um amargo vice-campeonato.
A vitória da Imperatriz foi merecida (era uma das favoritas), mas é muito estranho que o júri tenha observado somente os defeitos das outras escolas e nunca as falhas da Imperatriz, que recebeu notas máximas de todos os julgadores. Se o empate tivesse sido confirmado o resultado teria sido muito mais justo e menos polêmico.
Eis o resultado geral:
1º Imperatriz Leopoldinense – 210 pontos
2º Beija-Flor de Nilópolis – 210
3º União da Ilha – 209
4º Unidos de Vila Isabel – 207
5º Acadêmicos do Salgueiro – 207
6º Portela – 206
7º Mocidade Independente de Padre Miguel – 203
8º Unidos da Tijuca – 201
9º Estácio de Sá – 200
10º Império Serrano – 199
11º Estação Primeira de Mangueira – 197
12º Caprichosos de Pilares – 194
13º São Clemente – 185
14º Unidos do Cabuçu – 184
15º Unidos da Ponte – 179
16º Tradição – 172
17º Arranco do Engenho de Dentro – 172
18º Unidos do Jacarezinho – 169
Ao contrário do que previa o regulamento, somente as quatro
escolas piores colocadas é que caíram de grupo: Jacarezinho,
Arranco, Tradição e Ponte. A Cabuçu foi salva porque a Lins
Imperial, segunda colocada no desfile do Grupo 2, entrou com uma
ação na Justiça e ganhou o direito de desfilar no Grupo 1 em
1990. Assim sendo, a Liga achou por bem manter a Cabuçu no Grupo
1.
No Desfile das Campeãs, participaram seis escolas: Santa Cruz (campeã do Grupo 2) e as cinco primeiras colocadas do Grupo 1. É interessante observar que durante o desfile da Beija-Flor mais mendigos foram incorporados à abertura e o auge da apresentação se deu quando os componentes do abre-alas tiraram por conta própria a lona que cobria o Cristo, para os aplausos do grande público.
No Desfile das Campeãs, participaram seis escolas: Santa Cruz (campeã do Grupo 2) e as cinco primeiras colocadas do Grupo 1. É interessante observar que durante o desfile da Beija-Flor mais mendigos foram incorporados à abertura e o auge da apresentação se deu quando os componentes do abre-alas tiraram por conta própria a lona que cobria o Cristo, para os aplausos do grande público.
NOTAS DE 1989
Tendo em vista que vi o desfile pelo
vídeo, não vou analisar os quesitos EVOLUÇÃO, HARMONIA E
BATERIA. Os quesitos MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA e COMISSÃO DE
FRENTE somente vou julgar a fantasia e o seu contexto com o
enredo. O quesito SAMBA-ENREDO será julgado pela gravação do
LP. O quesito ENREDO será julgado pela representatividade no
desfile.
SAMBA-ENREDO: 10
ALEGORIAS E ADEREÇOS: 8
FANTASIA: 8
MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA: 9
COMISSÃO DE FRENTE: 8
CONJUNTO: 8
ENREDO: 9
2º) UNIDOS DO CABUÇU
SAMBA-ENREDO: 8
ALEGORIAS E ADEREÇOS: 8
FANTASIA: 8
MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA: 9
COMISSÃO DE FRENTE: 8
CONJUNTO: 8
ENREDO: 8
3º) UNIDOS DA PONTE
SAMBA-ENREDO: 7
ALEGORIAS E ADEREÇOS: 7
FANTASIA: 7
MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA: 9
COMISSÃO DE FRENTE: 8
CONJUNTO: 7
ENREDO: 8
4º) MOCIDADE
SAMBA-ENREDO: 9
ALEGORIAS E ADEREÇOS: 9
FANTASIA: 9
MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA: 10
COMISSÃO DE FRENTE: 8
CONJUNTO: 9
ENREDO: 9
5º) TRADIÇÃO
SAMBA-ENREDO: 9
ALEGORIAS E ADEREÇOS: 8
FANTASIA: 8
MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA: 10
COMISSÃO DE FRENTE: 8
CONJUNTO: 8
ENREDO: 8
6º) UNIÃO DA ILHA
SAMBA-ENREDO: 10
ALEGORIAS E ADEREÇOS: 10
FANTASIA: 10
MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA: 10
COMISSÃO DE FRENTE: 9
CONJUNTO: 10
ENREDO: 10
7º) CAPRICHOSOS
SAMBA-ENREDO: 9
ALEGORIAS E ADREÇOS: 9
FANTASIA: 9
MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA: 9
COMISSAO DE FRENTE: 10
CONJUNTO: 9
ENREDO: 9
8º) SALGUEIRO
SAMBA-ENREDO: 10
ALEGORIAS E ADEREÇOS: 9
FANTASIA: 10
MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA: 10
COMISSÃO DE FRENTE: 9
CONJUNTO: 9
ENREDO: 10
9º) MANGUEIRA
SAMBA-ENREDO: 8
ALEGORIAS E ADEREÇOS: 7
FANTASIA: 8
MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA: 10
COMISSÃO DE FRENTE: 8
CONJUNTO: 8
ENREDO: 7
10º) JACAREZINHO
SAMBA-ENREDO: 8
ALEGORIAS E ADEREÇOS: 7
FANTASIA: 7
MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA: 8
COMISSÃO DE FRENTE: 8
CONJUNTO: 7
ENREDO: 8
11º) IMPERATRIZ
SAMBA-ENREDO: 10
ALEGORIAS E ADEREÇOS: 10
FANTASIA: 10
MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA: 10
COMISSÃO DE FRENTE: 10
CONJUNTO: 10
ENREDO: 10
12º) UNIDOS DA TIJUCA
SAMBA-ENREDO: 8
ALEGORIAS E ADEREÇOS: 9
FANTASIA: 9
MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA: 10
COMISSÃO DE FRENTE: 9
CONJUNTO: 9
ENREDO: 9
13º) SÃO CLEMENTE
SAMBA-ENREDO: 8
ALEGORIAS E ADEREÇOS: 8
FANTASIA: 8
MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA: 10
COMISSÃO DE FRENTE: 9
CONJUNTO: 8
ENREDO: 9
14º) ESTÁCIO
SAMBA-ENREDO: 8
ALEGORIA E ADEREÇOS: 9
FANTASIA: 9
MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA: 10
COMISSÃO DE FRENTE: 9
CONJUNTO: 9
ENREDO: 8
15º) VILA ISABEL
SAMBA-ENREDO: 10
ALEGORIAS E ADEREÇOS: 9
FANTASIA: 9
MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA: 10
COMISSÃO DE FRENTE: 10
CONJUNTO: 9
ENREDO: 10
16º) PORTELA
SAMBA-ENREDO: 9
ALEGORIAS E ADEREÇOS: 10
FANTASIA: 10
MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA: 10
COMISSÃO DE FRENTE: 9
CONJUNTO: 9
ENREDO: 9
17º) BEIJA-FLOR
SAMBA-ENREDO: 9
ALEGORIAS E ADEREÇOS: 10
FANTASIA: 10
MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA: 10
COMISSÃO DE FRENTE: 10
CONJUNTO: 10
ENREDO: 10
18º) IMPÉRIO SERRANO
SAMBA-ENREDO: 9
ALEGORIAS E ADEREÇOS: 9
FANTASIA: 9
MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA: 10
COMISSÃO DE FRENTE: 9
CONJUNTO: 9
ENREDO: 9
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