domingo, 13 de novembro de 2011

Kuduro e jongo inspiram paradinhas da bateria da Vila Isabel



Foto: DivulgaçãoImagine a seguinte cena: no refrão principal do samba-enredo da Vila Isabel, um grupo de ritmistas toca abaixado na Sapucaí e os demais permanecem de pé sambando ao som do verso "Semba de lá, que eu sambo de cá". Fazendo jus ao título do enredo em homenagem à Angola, esta é uma das paradinhas que os mestres Wallan e Paulinho estão ensaiando para o Carnaval 2012. A dupla conversou com a imprensa e comentou sobre o uso de ritmos africanos como kuduro e jongo nos treinos da Swingueira de Noel.

Ao voltar de viagem do país homenageado, os dirigentes da Vila trouxeram na bagagem um série de músicas típicas do país para inspirar a bateria da escola. Junto com os vídeos que assistiu na internet, mestre Wallan começou a desenhar ideias de paradinhas. "Na paradinha do kuduro, as caixas ficam 'boiando' (permanecem no tempo do samba), enquanto os surdos fazem o desenho que, por ser 'funkeado', não foi difícil de ser realizado", adianta.

Desta forma, segundo mestre Paulinho, a inovação rítimica é introduzida na bateria sem anular o compasso do samba. O veterano afirmou que estuda a possibilidade de inserir paradinhas em ritmo de jongo no desfile. Porém, faz um alerta no sentido de que algumas bossas podem ser úteis nos ensaios técnicos e no desfile das campeãs e não funcionarem no desfile oficial.

Fã de paradinhas mais funcionais, o mestre demonstra aversão aos desenhos instrumentais complexos que, de acordo com ele, podem prejudicar outros setores da escola como, por exemplo, a dança do casal de mestre-sala e porta-bandeira e a coreografia dos integrantes da comissão de frente.

"Ensaiamos bossas que não 'correm' do enredo. Não sou adepto de paradinhas exageradas, pois quero que o ritmo funcione para a escola toda. Um mestre não pode prejudicar o andamento de um desfile apenas por vaidade própria de querer fazer algo complexo. Além disso, a bateria não pode tomar para si a responsabilidade de um desfile inteiro. Somos um dos órgãos do corpo chamado escola de samba. Se o coração bater desritmado, aí fica difícil", argumenta.

Considerando o companheiro de apito como versátil e criativo, Paulinho exalta o talento de Wallan e também o trabalho de preservar a cultura rítmica da bateria da Vila, que ganhou a contribuição de mestre Mug por mais de 30 anos. "O que se notabilizou na bateria da Vila a gente tem que respeitar. Mesmo assim, sabemos que não se pode parar no tempo. Percebo que a rapazeada da escola tem facilidade de assimilar as bossas e isso é um diferencial importante", destaca.

Em seu primeiro ano no comando da Swingueira, Wallan, que é cria do morro dos Macacos, diz que é necessário cultuar a herança rítmica da azul e branca. "Quero honrar os mestres Trambique, Peri e Mug". É um desafio nobre para o jovem que começou a frequentar o samba desde pequeno com a mãe, que não podia deixar o filho sozinho em casa. Wallan levou a brincadeira do batuque a sério.

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