Com uma exibição fervorosa logo na abertura da grande final, o samba-enredo campeão ecoava sua força na medida em que os foliões se entregavam a cada estrofe. Como num alegre coreto, o compositor Cadinho vibrou com a consagração da obra feita com seus amigos poetas.
"A disputa de sambas é sempre uma surpresa. As três composições eram muito boas. Porém, o que fez a diferença para chegarmos até aqui foi manter essa pegada desde o início das eliminatórias. Esta noite de conquista é a nossa emoção maior", declara o campeão, que logo em seguida buscou água para massagear as cordas vocais ainda em êxtase.
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A serenidade ficou a cargo do carnavalesco da agremiação. O ecletismo dos sambas finalistas foi um fator destacado por Luiz Carlos Bruno. "Eles tinham o mesmo espírito. Porém, um era mais romântico, o outro tinha uma pegada mais política e tinhamos um terceiro que transitava entre essas duas características", frisa.
O enredo, que alude à Praça dos Três Poderes no final da narrativa, não possui um caráter crítico quanto aos mandos e desmandos da política na capital federal. "A mensagem do enredo da Rocinha é um puxão de orelha em nós mesmos, pois o brasileiro precisa assumir sua vida política. Ao sair de casa, já podemos nos considerar políticos", ressalta.
Indagado sobre a possibilidade de ter sido um porta-voz no sentido de difundir uma mensagem de força social, Bruno responde de forma modesta que "não é bem assim". Exemplos cotidianos de manifestações organizadas por meio de redes sociais e intervenções com vassouras na praia de Copacabana, que simbolizavam a faxina da corrupção no Congresso Nacional, são vistos pelo carnavalesco como movimentos naturais.
"Chega uma hora em que as pessoas sentem a necessidade de se posicionar diante de um desconforto social. Espontaneamente, surgem protestos, revoluções e assim, passamos a programar o nosso amanhã enquanto cidadãos", corrobora.
Sobre o investimento social na base da Rocinha, o presidente agremiação, Déo Pessoa, destaca a importância da criação da escola mirim no bairro. Porém, em relação ao foco no enredo autoral, mesmo considerando as dificuldades orçamentárias no Grupo de Acesso, o dirigente não prioriza a ótica financeira como o único elemento diferencial para um bom desfile.
"O Carnaval é alegria, é prazer. Fazer um desfile, seja ele sobre o que for, já é uma aposta de risco. Acreditei nesse tema porque notei relevância durante as discussões em grupo, principalmente no que cabe à utilização de espaços públicos. Vamos fazer um desfile com as mesmas características de 2011: com alegria e leveza", exalta. A demonstração dessa energia será na praça do maior espetáculo da Terra.
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