A inevitável associação entre a religiosidade e a Bahia têm sua síntese em um dos aspectos da vida do amado Jorge revelado por Max Lopes. "Ele era um dos ministros de Xangô. Esse título foi concedido por Mãe Menininha", relata.
Esta atribuição espiritual feita pela famosa mãe de santo baiana se assemelha à outra ligação destacada pelo carnavalesco: a vida de Jorge Amado está intrinsecamente ligada ao estado baiano. Por coincidência, outra relação forte se dá entre o público e a obra do escritor.
Embora haja muitas histórias além de Tieta, Dona Flor e Gabriela, Max demonstra sua crença de que nada no enredo ficará nas entrelinhas. "Jorge Amado é um enredo popular e muito didático. Gosto de temas fortes que deem ao povo uma aula de cultura", argumenta. A pluralidade do escritor estará explícita nas fantasias, que já estão com os protótipos prontos. Muito em breve, a Imperatriz vai começar o trabalho de produção dos carros alegóricos.
Marca forte do carnavalesco nas alegorias, o traço único de Max nas esculturas será aplicado a inúmeras nuances do enredo. "Vou trabalhar com esculturas clássicas, mas o enredo também tem um lado cômico. Também vou usar figuras que explorem o lado sensual e engraçado", adianta. Literatuira, religião, festas e misticismo são algumas variantes que o tema sugere para dar subsídios à criação do artista.
A matéria-prima para os compositores é densa. A riqueza dos versos dos sambas-concorrentes já impressiona o carnavalesco. "Há sambas com letras excelentes. Os compositores foram fieis à ideia do enredo", comemora.Sobre as expectativas para o próximo Carnaval, Max Lopes é incisivo. "Estou levando muita fé. A escola está alegre, virá bonita e bem colorida. Espero que impressione os jurados", resume.
Inspirado no imenso manancial de cultura que reside na região Nordeste, Max Lopes acredita na identificação dos espectadores do desfile com o que será retratado pela Impertatriz. Muitas obras de Jorge Amado permeiam o imaginário popular, principalmente quando se diz respeito às atrizes e atores que eternizaram os personagens do escritor na televisão. O carnavalesco adianta que nenhuma presença desses intérpretes está garantida no desfile, mas os convites à Sônia Braga, Beth Faria e Paulo José são primordiais para a escola.
Para criar uma narrativa visual envolvente, o carnavalesco tem uma receita básica. "Eu gosto de enredo que tenha enredo. Gosto de ter histórias para contar", encerra o autor do próximo capítulo da história da nação leopoldinense.
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