Muito chororô, broncas e discussões não faltaram após a apuração que deu o bicampeonato à Mangueira no carnaval de 1987. A escola não figurava entre as favoritas do público e nem dos críticos especializados após os desfiles daquele ano. Mesmo assim, recebeu várias notas máximas em quesitos em que se mostrou bastante fraca, como Alegorias e Adereços, e obteve o primeiro lugar.
Chegou o dia do Desfile das Campeãs, que começou às 20h30 do sábado seguinte ao carnaval com a passagem dos blocos campeões: Unidos do Cantagalo e Alegria de Copacabana. As escolas de samba Tradição e Unidos da Tijuca, segunda e primeira colocadas no desfile do Grupo 2, se apresentaram na sequência. Já passava das 2h da madrugada de domingo quando o Império Serrano, terceiro colocado no desfile principal, iniciou o seu desfile. Depois, se apresentaram a Portela (3º lugar na classificação empatada com o Império) e a Mocidade Independente (vice-campeã). O sol brilhava forte e os relógios marcavam mais de 8h da manhã quando a Mangueira surgiu na armação. Foi recebida com vaias e arremessos de latinhas de cerveja por um público que não concordava com sua vitória. No entanto, foi só o velho e bom Jamelão começar a entoar os primeiros versos do samba em homenagem ao poeta Carlos Drummond de Andrade que o clima mudou. As vaias viraram canto e aos poucos, enquanto a escola movimentava-se lentamente em direção à Apoteose, a pista foi sendo invadida como poucas vezes se viu na história dos desfiles. Parecia que era todo o Rio que tomava forma de sambista, como dizia a letra do samba-enredo, e dançava junto com a Mangueira, que não conseguia abrir espaços para a sua passagem. Em determinado momento, Jamelão, nervoso, começou a gritar palavras de ordem contra a Riotur e a bagunça carnavalesca que tomou conta da pista de desfiles. De nada adiantou e o bololô foi tão grande que alguns destaques abandonaram seus carros alegóricos em pleno desfile e foram para o chão. Em meio à confusão generalizada, o desfile desenrolou-se até o final em mais uma grande festa carnavalesca, na qual povo, penetras e desfilantes esbanjaram alegria e fizeram a grande apoteose do carnaval 87.
Final do Carnaval 87 na Marquês de Sapucaí
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