Nome completo: Jair Rodrigues de Oliveira
Ano de nascimento: 1939
A especialidade de Jair Rodrigues não era puxar sambas enredo na avenida. Mas este paulista de Igarapava ajudou a divulgar e consagrar o gênero em disco, nas rádios e internacionalmente.
Jair iniciou a carreira em 1957, atuando como crooner em casas noturnas do interior de São Paulo. Seus primeiros LPs foram lançados em 1964. Nessa época, atingiu grande popularidade com sua interpretação da música Deixa isso pra lá (Alberto Paz e Edson Meneses), marcada pela gesticulação que fazia com a palma da mão. Essa canção foi considerada precursora do rap brasileiro por seu refrão “falado”. Em 1965, substituiu Baden Powell no show realizado no Teatro Paramount, em São Paulo. Foi nesta ocasião que cantou pela primeira vez ao lado daquela que seria sua parceira, a estreante Elis Regina, com quem lançou em seguida o LP “Dois na bossa”, gravado ao vivo. Devido ao enorme sucesso alcançado pelo disco, formou com a jovem cantora a dupla Jair e Elis, no comando do programa "O fino da bossa", produzido pela TV Record (SP), que teve estréia em maio de 1965. Nesse ano, registrou um de seus grandes sucessos, Tristeza (Niltinho e Haroldo Lobo). A música obteve grande destaque no carnaval de 1966 na voz do cantor.
Numa época em que as gravações dos discos de samba enredo estavam incipientes, Jair Rodrigues ajudou a divulgar o estilo. Em 1969, incluiu Bahia de todos os deuses (Salgueiro 1969) no disco “Jair de todos os sambas”, onde cantava sambistas dos morros cariocas até então pouco conhecidos como Martinho da Vila, Zé Di e Oswaldo Nunes. Em 1970, apresentou-se ao lado do conjunto Os Originais do Samba, em Cannes, na França. Sua popularidade não se restringiu somente ao Brasil, tendo-se apresentado com freqüência no exterior, em países como Portugal, Alemanha, França, Suíça, Itália, Estados Unidos e Japão. Em 1971, gravou o LP “Festa para um rei negro”, contendo o samba-enredo homônimo da Acadêmicos do Salgueiro, do compositor Zuzuca, um de seus grandes sucessos e um dos mais conhecidos refrões da história da música popular brasileira: “Ô lê lê/ ô lá lá/ pega no ganzê/ pega no ganzá”. No ano seguinte, foi a vez de gravar Mangueira, minha querida madrinha, novamente de autoria de Zuzuca e também levado à avenida pelo Salgueiro. Em 1973, no LP “Orgulho de um sambista”, Jair Rodrigues gravou o samba “Lendas do Abaeté” (Jajá, Manoel e Preto Rico), hino que levou a Mangueira ao campeonato daquele ano e “Boi da cara preta”, mais um samba de Zuzuca – eliminado na disputa do Salgueiro para o enredo “Eneida, amor e fantasia” – e que emplacou nas paradas de sucesso de todo o país graças a outro refrão forte, inspirado nas cantigas infantis: “Boi, boi, boi/ Boi da cara preta/ Pega essa criança/ Que tem medo de careta”.
Em 1974, Jair Rodrigues gravou um compacto com os sambas de quatro escolas daquele ano: Portela (“O mundo melhor de Pixinguinha”); Salgueiro (“Rei de França na Ilha da Assombração”); Mocidade (“Festa do Divino”) e Império Serrano (“Dona Santa, rainha do maracatu”).
No LP “Minha hora e vez”, de 1976, gravou o samba enredo “Historia do Brasil”, que a Nenê de Vila Matilde apresentaria em 1977. Logo a seguir, em compacto, gravou “Poeta de Miraí”, samba enredo que a Rosas de Ouro desfilou também naquele ano. Em 81, Jair lançou, também em compacto, o samba enredo da Imperatriz Leopoldinense “O teu cabelo não nega (Só dá Lalá)”, de Gibi, Serjão e Zé Catimba.
A partir daí, com o lançamento cada vez mais regular dos discos orginais das escolas de samba, Jair Rodrigues foi deixando de lado a gravação de sambas enredo, mas os grandes sucessos dos carnavais ainda estão presentes em seus shows.
Jair Rodrigues reencontrou-se com o samba enredo no CD “500 anos de folia - 100% ao vivo”, de 1999, ao gravar a faixa homônima, ao estilo do gênero, e no ano seguinte, no segundo volume de “500 anos de folia”, quando regravou “Mangueira minha querida madrinha” e “Festa para um rei negro”. Jair tem uma voz levemente rouca, porém bem afinada e um jeito irriquieto de interpretar. Alguns bambas consideram o puxador Quinho, um “legítimo seguidor do estilo Jair Rodrigues”.DISCOS DE JAIR RODRIGUES COM SAMBAS ENREDO:
· Jair de todos os sambas (1969)
· Festa para um rei negro (1971)
· Com a corda toda (1972)
· Orgulho de um sambista (1973)
· Sambas enredo de 1974 (Portela, Salgueiro, Mocidade e Império Serrano) – compacto
· Minha hora e vez (1976)
· O teu cabelo não nega/Só dá Lalá – compacto (1981)
· 500 anos de folia vols. 1 e 2 (1999/2000)
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