quarta-feira, 22 de junho de 2011

Mangueira: pacificação dobra preço de imóveis


Corretores avaliam que apartamentos e casas em bairros próximos de futura UPP terão valorização de 100% nos próximos meses, como ocorreu na Grande Tijuca


Rio - O mercado imobiliário já vive a expectativa de valorização dos bairros no entorno do Morro da Mangueira após o início da ocupação da comunidade. A exemplo da Tijuca e de Vila Isabel, onde o valor médio de casas e apartamentos dobrou após a pacificação das favelas da região, a implantação da 18ª Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) promete nova ‘explosão’ nos negócios de compra, venda e aluguel.
A partir de denúncia de moradores, muro que funcionava como espécie de escudo de traficantes foi derrubado | Foto: Severino Silva / Agência O Dia
Segundo o presidente do Sindicato dos Corretores de Imóveis do Município do Rio, Egydio Andreza, o mercado tem reagido muito bem às pacificações. “As construtoras não passavam do túnel, mas, de uns tempos para cá, descobriram esses bairros. Ainda devemos levar em consideração que, com a Copa e as Olimpíadas, a região do Maracanã fica mais conhecida e, naturalmente, valorizada”, avalia Egydio.
A pacificação das favelas da Grande Tijuca começou há um ano. Foram instaladas UPPs nos morros do Borel, Formiga, Andaraí, Salgueiro, Turano, Macacos e São João. Segundo o corretor de imóveis Fernando Fernandes,que atua na região há mais de 20 anos, preços de aluguel e venda de apartamentos subiram 100% depois das ocupações. “A valorização é assustadora, inclusive com filas de espera para alugar imóvel. Próximo ao Morro dos Macacos, apartamentos que antes valiam R$ 30 mil, atualmente chegam a R$ 200 mil”, contou Fernando.
Foto: Severino Silva / Agência O Dia
Agentes da Polícia Federal apreenderam material para embalar drogas | Foto: Severino Silva / Agência O Dia
Sueli de Fátima Silva Campos, de 43 anos, deixou a Zona Sul para morar em um condomínio de São Cristóvão. “Morava em Botafogo, próximo a uma área verde. Vim para cá há um ano e meio e escolhi o local atraída pela Quinta da Boa Vista. Essa região de São Cristóvão vem se valorizando. Agora, com a UPP da Mangueira, fecharam o cinturão de segurança em volta do Maracanã e me sinto mais segura”, explicou Sueli.
Derrubado muro do tráfico
Os moradores da Mangueira começam, ainda timidamente, a fazer denúncias. Ontem, agentes da Secretaria Especial da Ordem Pública derrubaram um muro que era utilizado como fortaleza de traficante, no Buraco Quente.

Outra denúncia de moradores levou a Polícia Federal ao morro. Os agentes recolheram material para embalar drogas, duas balanças de precisão, facas e cápsulas e 200 gramas de cocaína.
O Batalhão de Operações Especiais (Bope), que se reúne hoje à tarde com os moradores, apreendeu 700 trouxinhas maconha, 700 papelotes de cocaína, crack, loló, carregadores de fuzil e coletes atrás de uma parede falsa.
Segundo o comando do Bope, o objetivo da reunião de hoje é estreitar laços com a comunidade, conhecer as carências e encaminhá-las a outros órgãos públicos para que os problemas sejam resolvidos.
Média de 120 atendimentos por dia
Desde o início da ocupação da Mangueira, a Defensoria Pública realizou 120 atendimentos por dia, em média. Além do auxílio jurídico a moradores, defensores fiscalizaram o trabalho dos policiais militares durante abordagens e revistas feitas na comunidade.
“Observamos as ações e não encontramos situação grave. Vimos que os policiais estão respeitosos em suas abordagem e mostraram compreensão devido aos anos de ausência do estado”, comentou o defensor Eduardo Quintanilha.
A Defensoria volta à Mangueira dia 3. O atendimento à população será na Rua Visconde de Niterói, altura do Buraco Quente.
Reportagem de Flávio Araújo e Isabel Boechat

Nenhum comentário:

Postar um comentário

PESQUISAR