sábado, 25 de junho de 2011

CARNAVAL NO TÚNEL DO TEMPO – UMA VIAGEM AOS ANOS 70 e 80


 
Era uma manhã ensolarada de março. E Arlindo Rodrigues nos disse:
“Eu fiz as duas coisas: o luxo e o humor de Lamartine. E tenho certeza que dará um bom desfile.”
Mais que isso, a Imperatriz fez um grande carnaval com o enredo "O Teu Cabelo Não Nega" 
 
Abertura do desfile campeão de 1981

“Neste palco iluminado
  Só da Lalá
  És presente, imortal
  Só da Lalá!...
  Nossa escola se encanta
  O povão se agiganta
  É dono do carnaval...”


Com notas máximas, a bateria ajudou a escola na conquista do bi.

***

Em verde e rosa, lindo carnaval, bela época quando o poeta floresceu... Homenageando Braguinha, capitaneada pela voz potente de Jamelão, a Mangueira realizou um desfile inesquecível no Carnaval de 1984.


Estação Primeira - Supercampeã no ano de inauguração da Passarela do Samba com o enredo "Yes, Nós Temos Braguinha"

“Carnaval...
  O povo vibra de alegria
  Ao cantar a tua poesia
  Será que hoje tudo já mudou
  Onde andará o arlequim tão sonhador?
  Chora pierrô, chora
  Se a tua colombina foi embora...”



***



Noite de carnaval. E o palco dos desfiles era em nova avenida. O Salgueiro buscava no Maranhão a inspiração para o seu desfile campeão.


Salgueiro - Campeão de 1974 com o enredo "O Rei de França na Ilha da Assombração"

“Contam que o rei criança
  Viu o Reino de França no Maranhão.
  Das matas fez-se o salão dos espelhos
  Em candelabros palmeirais...”

***


Da imaginação e talento de um certo Viriato, a Portela desaguou na avenida como fonte. Eram as maravilhas do mar, das quais fez-se o esplendor de uma noite.
1981 - Portela 3ª colocada com samba antológico de David Correa e Jorge Macedo

“Amor sorria, ôôô
  Um novo dia despertou.
  E lá vou eu
  Pela imensidão do mar
  Esta onda que borda a Avenida de espuma
  Me arrasta a sambar...”

A cantora Clara Nunes e a velha guarda em meio ao desfile

***

Vencer era preciso. E se Cabral partiu de Portugal com destino às Índias, a Mocidade partiu para a sua primeira vitória ao iniciar o seu esperado desfile de 1979.



"O Descobrimento do Brasil" - Enredo de Arlindo Rodrigues que deu o primeiro grande campeonato à Mocidade Independente

“Cabral, comandando as caravelas
  Ia fazer a transação com o cravo e a canela
  E de repente o mar
  Transformou-se em calmaria
  Mas deus Netuno apareceu
  Dando aquele toque de magia
  E uma nova terra Cabral descobria...”




***




Terra, Lua, Sol, Bolas... O Mundo é uma Bola. Joãozinho, um gênio. A chuva lavou a alma dos sambistas de Nilópolis, que cantaram empolgados: “é milenar a invenção do futebol”



Beija-Flor 86 - 2º lugar
“Brasil, Brasil, Brasil
  Canta forte e explode de alegria
  O mundo é uma bola
  Girando, girando
  Em plena euforia...”


No enredo "O Mundo é uma Bola", a lembrança dos grandes clubes cariocas
“O meu Rio de Janeiro
 O ano inteiro é samba e Maracanã...”



***




A coroa imperial girou para enaltecer a República em seu centenário. Linda, a Imperatriz superou o insuperável “Ratos e Urubus”, cantando "Liberdade, liberdade, Abre as Asas sobre Nós"

Imperatriz Leopoldinense - Campeã do carnaval de 1989

“Vem ver, vem reviver comigo, amor
  O centenário em poesia
  Nesta pátria mãe querida
  O Império decadente
  Muito rico e incoerente
  Era fidalguia...”

***

Eu sonhei... E o amanhã, como será? Como vai ser o meu destino? Era a tricolor insulana, da carnavalesca Maria Augusta, enchendo de alegria a Rua Marquês de Sapucaí.

União da Ilha - 4º lugar em 1978 com o enredo "O Amanhã"


“A cigana leu o meu destino
  Eu sonhei
  Bola de cristal
  Jogo de búzios, cartomante
  Eu sempre perguntei...”




***




Valeu, Zumbi... Valeu, Vila Isabel! A Kizomba de Martinho entrou para a história em um desfile de superação. Foi a festa da raça negra nos 100 anos da Lei Áurea.


1988 - Vila Isabel conquista seu primeiro título entre as grandes escolas com o enredo "Kizomba, A Festa da Raça"

“Vem a lua de Luanda
  Para iluminar a rua
  Nossa sede é nossa sede
  De que o Apartheid se destrua...”




***



E por falar na raça negra, voltamos a 1983, quando uma grande constelação, formada por estrelas como Clementina de Jesus, Grande Otelo, Pelé e Pinah, brilhou sob o sol do meio-dia.


Clementina de Jesus, um dos destaques do desfile campeão da Beija-Flor
“Ôôô yaôs, quanto amor
  Quanto amor...
  As pretas velhas yaôs
  Vem cantando em seu louvor...”




***




Uma pequena notável sob o olhar de um artista grande e genial. Era 1972 e Fernando Pinto surpreendia o carnaval com “Alô, Alô, Taí Carmem Miranda”. Era o Império Serrano campeão depois de 12 anos.



 
“Uma pequena notável
  Cantou muito samba
  É motivo de carnaval
  Pandeiro, camisa listrada
  Tornou a baiana internacional...”




***




Saudadeando o que sumiu no dia-a-dia, caprichosamente a escola de Pilares “botou fogo” na avenida.

Caprichosos de Pilares - 5º lugar no Carnaval de 1985 com o enredo "E por Falar em Saudade"

“Onde andam vocês, antigos carnavais
  Dos sambistas imortais, bordados de poesia
  Velhos tempos que não voltam mais
  E no progresso da folia
  Tem bumbum de fora pra chuchu
  Qualquer dia é todo mundo nu...”




***



Teve festa na Avenida: "Festa para um Rei Negro". E não houve quem não cantasse junto com o Salgueiro.


1971 - Salgueiro campeão

“O-lê-lê, o-la-la,
  Pega no ganzê
  Pega no ganzá.
  Nos anais da nossa história
  Vamos relembrar
  Personagens de outrora
  Que iremos recordar...”




***




“Praça Onze, Candelária, Sapecaí...” Da idéia original de Fernando Pamplona ao carnaval preparado por Rosa Magalhães e Licia Lacerda, o Império foi só alegria.


Império Serrano 82 - campeão com o enredo "Bumbum, Paticumbum Prugurundum

"Super Escolas de Samba S.A.
 Super alegorias
 Escondendo gente bamba
 Que covardia
 Bumbum Paticumbum Prugurundum
 O nosso samba minha gente é isso aí
 Bumbum Paticumbum Prugurundum
 Contagiando a Marquês de Sapucaí..."

***

Avançou no tempo e nas estrelas fez o seu ziriguidum. A Mocidade levou o samba ao espaço sideral e a sua estrela no céu brilhou.


Carnaval 85 - Mocidade é campeã com o genial "Ziriguidum 2001", do carnavalesco Fernando Pinto


"Quero ver no céu minha estrela brilhar
 Escrever meus versos na luz do luar
 Vou fazer todo o universo sambar.
 Até os astros irradiam mais fulgor
 A própria vida de alegria se enfeitou,
 Está em festa o espaço sideral,
 Vibra o universo, hoje é carnaval..."


***

Nenhum comentário:

Postar um comentário

PESQUISAR