sábado, 21 de maio de 2011

SINAL VERDE E ROSA PARA A UPP‏

Operação do 4º BPM, com o apoio do BOPE, na comunidade da Mangueira, para reprimir o tráfico de drogas (Foto: Pablo Jacob / Agência O Globo)
 Uma operação que envolveu 115 policiais militares na manhã de quinta-feira na Mangueira abriu caminho para a ofensiva contra tráfico que antecede a instalação de mais uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) no Rio. O resultado da incursão, que envolveu homens de quatro batalhões e do Batalhão de Operações Especiais (Bope), foi a apreensão de drogas e a descoberta de um túnel de 200 metros, com revestimento e iluminação para abrigar traficantes. A mobilização foi ordenada pelo comando-geral da PM e faz parte da estratégia de enfraquecimento do tráfico para a retomada daquele território. Hoje já são 17 UPPs instaladas, além da ocupação dos complexos do Alemão e da Penha, que devem ganhar dez unidades até o fim do ano.
Com a futura UPP da Mangueira, fecha-se o cinturão de segurança no entorno do Maciço da Tijuca. A unidade pacificadora na favela permitirá também que o trajeto entre a Zona Sul, o Centro e o Estádio do Maracanã - arena da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016 - seja percorrido sem que se passe ao lado de favelas sob o domínio de traficantes. O Morro da Mangueira fica a menos de 1km do estádio e da Uerj.


A polícia militar encontrou, nesta quinta-feira, durante operação no Morro da Mangueira, um túnel com instalações elétricas, que era usado como rota de fuga para traficantes (Foto: Pablo Jacob / Extra / Agência O Globo)Rota de fuga por galeria pluvial
Na operação de quinta-feira, o túnel foi descoberto nos fundos de uma fábrica desativada na Rua Visconde de Niterói. De acordo com a delegada Monique Vidal, da 17ª DP (São Cristóvão), peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) constataram, preliminarmente, que os traficantes usaram uma antiga galeria de águas pluviais de uma fábrica de cerâmica desativada, transformando o canal num túnel com saídas para diferentes pontos da comunidade. Uma delas fica próximo ao Buraco Quente, principal ponto de venda de drogas da favela. Segundo a delegada, os bandidos elevaram o piso, que ganhou revestimento de madeira, e iluminaram a galeria. No túnel, os policiais do Bope encontraram uma metralhadora .30 (antiaérea) e 157 projéteis, além de três barracas de camping. Os policiais também acharam 25 tabletes de maconha no Buraco Quente, perto de uma das entradas do morro. Não houve troca de tiros.
Segundo o comandante do 4 BPM (São Cristóvão), tenente-coronel Vinícius Melo, a PM vai consultar técnicos para saber como o túnel poderá ser definitivamente fechado ou destruído. O oficial explicou também que o objetivo da operação era cumprir 25 mandados de prisão e checar informações passadas ao Disque-Denúncia sobre esconderijos de drogas e armas. Mas nenhum mandado foi cumprido. Há suspeita de que os bandidos tenham fugido para o vizinho Morro do Tuiuti, controlado pela mesma facção. Por volta das 17h, segundo o comandante, PMs foram checar a informação de que os mesmos bandidos estariam voltando à Mangueira, o que não se confirmou.
Na operação, policiais prenderam um homem identificado como Capoeira, mas sem ligação com os mandados emitidos pela Justiça. Segundo a polícia, ele assaltava estudantes nas proximidades do Maracanã e da Uerj. Com ele foram encontrados joias, relógios, cordões, anéis e um laptop. Na delegacia, Capoeira disse que costumava usar o túnel para fugir em direção à Mangueira após os assaltos.
Eu hei de voltar ao Buraco Quente para tomar uma cerveja depois do samba, como eu fazia no passado

O túnel serviria de esconderijo para o traficante Alexander Mendes da Silva, o Polegar da Mangueira, que está foragido e é apontado pela polícia como um dos criminosos mais perigosos do Rio. De acordo com investigações, foi Polegar quem recebeu a ordem do traficante Marcinho VP, que estava no Presídio de Catanduvas (PR), para organizar na cidade uma onda de violência em novembro do ano passado. Sobrinho do traficante Francisco Paulo Testas Monteiro, o Tuchinha, que durante anos comandou o tráfico na Magueira e está preso, Polegar ficou conhecido por uma ação ousada, em 2001, quando comandou o ataque ao prédio da Polinter, na Zona Portuária, permitindo a fuga de 14 presos. Segundo a polícia, Polegar esteve escondido no Alemão até o complexo ser ocupado pelas Forças Armadas, em novembro do ano passado. A casa onde o traficante vivia foi transformada em posto de segurança da Força de Pacificação do Exército.
Em setembro passado, ao anunciar uma UPP na Mangueira, o governador Sérgio Cabral se emocionou ao falar da favela, onde fica a escola de samba pela qual torce:
- Eu hei de voltar ao Buraco Quente para tomar uma cerveja depois do samba, como eu fazia no passado.

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