Guardando-se as devidas proporções, principalmente financeiras, percebe-se que o "drama de Muller" não é uma história solitária, nem exclusiva dos grandes jogadores de futebol, a ascensão relâmpago, por vezes efêmera, em áreas diversas como a música e o Carnaval somente salientam as dificuldades em gerir um patrimônio jamais pensado, posto que o anônimo de ontem, que hoje passou a ser uma nova estrela, prefere na maioria das vezes adquirir, primeiramente, um carrão do ano a um imóvel; cordões de ouro e roupas grife também são parte da escolha em detrimento de um equilíbrio financeiro.
O universo do carnaval e das escolas de samba vem passando por transformações que sedimentam, ano após ano, a mudança do modo de produção artesanal para o modo de produção capitalista, sistema em que o trabalhador vende sua força de trabalho por "30 moedas de dinheiro" e a história resolveu chamar de salário. É nesse quadro que surgem os profissionais do samba (carnavalescos, intérpretes, coreógrafos, mestre-salas e porta-bandeiras, entre outros) e surgem também números de um grande show: os investimentos de patrocínio, propaganda e marketing e a transmissão para mais de uma centena de países que vem solidificar a maior festa popular do planeta. É necessário que o processo se renove a cada instante o que justifica ousadia e novidades constantes. Entender todo esse quadro não é fácil, porém imprescindível para que não sejamos, nós, os próximos a viver um drama humanamente evitável. Por mais, é importante continuar trabalhando, e muito, assim como a formiga na parábola da cigarra, antes do inverno chegar e quando o tempo do frio prevalecer, escutamos a perfeição nos clássicos dos mestres Cartola e Nelson Cavaquinho (por toda minha vida...) que vendiam sua inspiração, sua força de trabalho e foram imortalizados por suas canções. Afinal, o mundo é um moinho...
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