MESTRE MARÇAL |
Nome completo: Nilton Delfino Marçal Ano de nascimento: 1930 Ano de falecimento: 1994 |
O que um diretor de bateria estaria fazendo numa galeria de intérpretes de samba-enredo? Pois este cidadão não foi somente um mestre de bateria. Foi um mestre da MPB. Não apenas regia instrumentistas no acompanhamento musical de samba-enredo como adorava cantá-los e gravá-los também. Um sambista completo.Nilton Marçal pertenceu à segunda geração de uma fantástica dinastia de bambas. Era filho do percussionista e sambista Armando Vieira Marçal (autor do clássico "Agora é cinza", em parceria com Bide) e pai do também percussionista e atual diretor de bateria da Portela Marçalzinho. Mestre Marçal foi um dos mais consagrados mestres de bateria e percussão da música brasileira, uma quase unanimidade entre os músicos. Começou tocando tamborim na escola Recreio de Ramos, em seguida foi para a Unidos da Capela, Império Serrano e Portela, onde ficou por mais de 20 anos mas saiu após o carnaval de 1986, depois de desentendimentos com o presidente da escola. Ganhou o título de Cidadão Samba em 1982. Fora do universo carnavalesco, foi presença constante em estúdios de gravação. Participou de discos de Beth Carvalho, tocou com Alcione, Chico Buarque e praticamente todos os grandes nomes da MPB. O trio de ritmistas que formava com Luna e Eliseu foi responsável pela percussão nas principais gravações de samba dos anos 60 a 90. Em 1978, gravou um LP dedicado à obra musical da dupla Bidê & Marçal. Curiosamente, foi após sair da Portela que a carreira de Mestre Marçal como cantor de samba (apadrinhado por Chico Buarque) deslanchou. Em 1985, quando ainda era integrante da banda de Chico, assinou contrato com a Barclay/Polygram e gravou o disco Recompensa. No ano seguinte, com o disco Senti Firmeza, ocupou as paradas de sucesso com a música "Facho de esperança", de Sereno e Julinho (Sorri pra mim/ porque preciso enganar a dor/ surpreender o mal interior/ qualquer motivo pra me libertar...). Paralelamente à carreira de cantor, Marçal continuava atuando como mestre de bateria. Depois da Portela, regeu os batuqueiros da Unidos da Tijuca (de 1987 a 1989). Em 1990, foi convidado por Fernando Pamplona para ser comentarista nas transmissões de carnaval da TV Manchete. Suas análises recheadas de bom humor e sarcasmo foram as marcas da cobertura da emissora, mas também foi alvo de polêmica. Numa delas, Marçal criticou abertamente o Mestre Paulinho de Pilares - na época, responsável pela bateria da Caprichosos, e uma estrela em ascensão no mundo do samba - por acelerar o andamento do ritmo no desfile. O comentário não soou bem entre os sambistas de Pilares, que rechaçaram as críticas de Marçal. Por ironia do destino, no ano seguinte, a então emergente Unidos da Viradouro contratou Marçal para ser diretor de bateria juntamente com... Paulinho de Pilares (!). Claro que a parceria não durou muito tempo e Mestre Marçal voltou a comentar carnaval pela TV Manchete em 91 e 92. Em 93, foi convidado a ser o presidente da bateria da Império Serrano, onde ficou até 94, em seu último carnaval. Mestre Marçal, dono de uma bela voz e de uma incrível divisão rítmica, gravou oito discos e, em todos, sempre cantava sambas enredos, seja de qualquer escola que fosse, contanto que belo. Em seu último álbum, dedicou o repertório ao que considerava os melhores sambas de enredo de todos os tempos. |
Início: Recreio de Ramos, em seguida Unidos da Capela e Império Serrano. 1964 a 1986 - Portela 1987 a 1989 - Unidos da Tijuca 1993 e 1994 - Império Serrano DISCOGRAFIA: 1978 - Marçal interpreta Bide e Marçal (EMI-Odeon) 1985 - Recompensa (Barclay/Polygram) 1986 - Senti Firmeza (Barclay/Polygram) 1987 - Sem meu tamborim não vou (Polydor) 1988 - A incrível bateria de Mestre Marçal (Polydor) 1989 - Pela sombra (BMG) 1990 - Entre amigos (BMG) 1993 - Sambas enredos de todos os tempos (Velas) SAMBAS ENREDOS GRAVADOS POR MARÇAL: - Como era verde o meu Xingu (Adil, Paulinho Mocidade e Tiãozinho da Mocidade); - Contos de Areia (Dedé da Portela e Norival Reis); - Os Malês (Adalto Magalha e Wilson Moreira) - samba derrotado na disputa do enredo "Salamaleikum, a epopéia dos insubmissos Malês" - Unidos da Tijuca 1984; - Festa para um rei negro (Zuzuca); - O mundo melhor de Pixinguinha (Evaldo Braga e Jair Amorim); - Os Sertões (Edeor de Paula); - Ilu-Ayê (Cabana e Norival Reis); - No reino da Mãe do Ouro (Rubens da Mangueira e Tolito); - Bumbum Paticumbum Prugurundum (Aluisio Machado e Beto Sem Braço); - Imagens poéticas de Jorge de Lima (Delson, Mozart e Tolito); - Lendas e mistérios do Amazonas (Catoni, Jabolô e Waltenir); - Tiradentes (Estanislau, Penteado e Mano Décio); - A festa do Divino (Nezinho, Campo e Tatu); - Heróis da Liberdade (Silas de Oliveira, Mano Décio e Manoel Ferreira); - Seca do Nordeste (Gilberto Andrade e Waldir de Oliveira); - Iaiá do cais dourado (Martinho da Vila e Rodolfo); - Os cinco bailes da historia do Rio (Bacalhau, Ivone Lara e Silas de Oliveira); - O mundo encantado de Monteiro Lobato (Luiz, Darcy e Batista da Mangueira); - Sublime Pergaminho (Nilton Russo, Zeca Melodia e Carlinhos Madrugada); - Chica da Silva (Anescarzinho e Noel Rosa de Oliveira); - O grande presidente (Padeirinho); - Liberdade, liberdade, abra as asas sobre nós (Preto Jóia, Vicentinho, Jurandir e Niltinho Tristeza). PÉROLAS DE MESTRE MARÇAL: Algumas frases proferidas por Mestre Marçal durante as transmissões da TV Manchete (1990-92) tornaram-se antológicas e demonstram o bom humor sempre marcante do sambista: "Alô, bateria!" "Tem que deixar o cavalo correr na pista de grama." "Vamos comer esse mingau pela beirada do prato." "Se não é o acompanhamento musical, não tem Pavarotti." "Ô, sorte!" "Eu não posso perder esse emprego." "De hora em hora, uma colher de chá." "Eu quero mais é que o mundo se acabe em barranco, que é para eu morrer escorado." "Quem esquenta a cabeça é fósforo." "Se a onça morrer, o mato é nosso." "Juntou pé com cabeça." "Quem não pode com o tempo não inventa moda." "Eu moro em cima do sapato." "Passarinho que anda com morcego aprende a dormir de cabeça pra baixo." "Quem dorme de favor não tem direito a esticar as pernas." "Estou vendo vários ritmistas tocarem caixa e tarol em cima do ombro. Meu irmão, o que se toca em cima do ombro é violino... Vou mandar eles tocarem um surdo de terceira em cima do ombro. Aí é que eu quero ver." "O bicho tá pegando." . |
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terça-feira, 10 de maio de 2011
matéria: OS MAIORES INTÉRPRETES DO CARNAVAL CARIOCA.
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