Candidato da oposição diz: 'Ninguém aguenta mais Paulo Vianna na Mocidade'
Início do samba
Claudio Corrêa: "Comecei no samba ainda na barriga da minha mãe. Grávida, ela já frequentava a Mocidade com o meu pai, mas meu primeiro desfile aconteceu em 1974. No enredo ‘A Festa do Divino’, eu desfilei fantasiado de Guarda do Imperador. Depois continuei dentro da escola por alguns anos e tive de me ausentar devido a minha profissão. Voltei de cabeça para a Mocidade em 1993. Fui vice-presidente financeiro e também de patrimônio. Participei também da gestão do José Roberto Tenório e fui vice-presidente de esportes na gestão Paulo Viana. Passei a não concordar com algumas coisas e resolvi me afastar. Há três anos participei da criação da chapa ‘Democracia Verde e Branca’ e estou nela até hoje".
Quando sentiu que estava preparado para ser presidente da Mocidade
Claudio Corrêa: "Antes desse pleito, eu viria como vice na chapa do Nestor Maganinho, mas a chapa resolveu trocar a estratégia e hoje venho candidato à presidência da escola. Fui escolhido pelo passado na Mocidade, além da minha vontade e capacidade de administração. Tenho experiência internacional no ramo administrativo e quero trazer isso para dentro da Mocidade. Sinto-me preparado para assumir essa função".
Administração Paulo Vianna
Claudio Corrêa: "Os números não mentem. São oito pontos no ranking da Liesa, ausências no desfile das campeãs, uma administração muito fraca. Eu trabalho em cima de números e resultados. A administração do Paulo Vianna não condiz com a grandeza da Mocidade. Quando a Mocidade apontava no setor 1 todo mundo parava pra ver. A Sapucaí esperava de pé. Hoje, isso não acontece mais. As últimas colocações não estão à altura da Mocidade. Atualmente a escola tem uma mídia negativa. É esculhambada por todo mundo. A nossa comunidade está sendo humilhada. O Paulo Vianna está sendo muito mal assessorado. A escola precisa mostrar novamente a sua identidade, isso foi perdido. Sem contar as contradições. Em março de 2009, numa entrevista para o próprio SZRD-Carnavalesco, ele disse que a dívida era de R$ 5 milhões, agora pulou para R$ 9.
Planos para a Mocidade
Claudio Corrêa: "A primeira coisa fazer se assumir a escola será fazer uma auditoria completa. Hoje a Mocidade é uma caixa preta fechada. Quero abrir essa caixa e jogar a democracia verde e branca dentro dela. Nós não sabemos o que tem por trás do muro. Para se ter ideia da situação, eu recebi uma relação de sócios sem endereço. Como vou mostrar as minhas propostas? A minha assessoria preparou um release para ser enviado e não posso fazer isso... Está errado... Bom, depois de feita esta auditoria, quero trazer de volta os baluartes da Mocidade. Muitas pessoas importantes na Mocidade deixaram de frequentar a escola porque não aguentam mais essa administração. A Mocidade quase não tem Velha-Guarda. Personagens importantíssimos estão ausentes. Gente que já deu vários prêmios para a escola e foram importantes para a história da Mocidade como o Tiãozinho (vice na chapa de Cláudio). Existem alas de 30, 40 anos que estão afastadas da escola. Quero criar também um Centro de Memória da Mocidade. Hoje, a escola não valoriza a sua prata da casa. Basta ver quantas pessoas importantes no mundo do samba saíram da Mocidade: Rogerinho, Lucinha, Wander Pires, mestre Jorjão e tantos outros. A Mocidade sempre foi campeã usando material feito em casa, isso tem faltado ultimamente. E não é só dar oportunidade, mas proporcionar condições de trabalho também. Pretendemos também desenvolver projetos sociais, culturais e esportivos. Não basta você dar um quilo de arroz e de feijão para a sua comunidade. Você deve ensinar um ofício, dar oportunidade, trazer o morador da Vila Vintém pra dentro da Mocidade. Vamos resgatar eventos tradicionais dentro da Mocidade e tratar a todos de maneira igual, sem ditadura! Além, é claro, da permanência da quadra na rua Coronel Tamarindo, número 38".
Mudança da quadra
Claudio Corrêa: "A chapa Democracia Verde e Branca é terminantemente contra isso. Nós não somos favoráveis à retirada da Mocidade de sua raiz. Desde 1952 a escola está ali. Ali está a nossa comunidade. O nosso povo foi humilhado pelas declarações do Paulo Vianna. A Mocidade nunca conseguiu nada sem o apoio da comunidade da Vila Vintém, meu pai já me dizia isso. É uma contradição fazer eventos na quadra e depois falar da região daquele jeito. Mas, o que eu mais lamento nisso tudo, é o fato do terreno doado pela prefeitura do Rio à Mocidade para o local da nova quadra ter sido registrado em nome de uma ONG chamada Instituto de Educação e Pesquisa Socio-Cultural Mocidade do Futuro, de propriedade do Sr. Paulo Vianna, sua esposa e mais um sócio. Não tenho medo de falar isso. Está publicado em Diário Oficial. Outra coisa: o valor que ele disse que o terreno da quadra estava avaliado é mentira. A minha avó mora a 42 anos na rua B em Padre Miguel e nunca teve nenhum problema. É preciso que se façam melhorias, mas é contradição dizer que a escola não pode ficar ali, que não pode ter eleição ali e mandar rezar uma missa na quadra, como eu estou sabendo que vai acontecer no sábado".
Chances na eleição
Claudio Corrêa: "Lamento muita a declaração dele de que acha que ganha a eleição com larga vantagem. Mostrou desrespeito com nossa chapa e até aos sócios da escola e todo processo democrático. No meu tempo de atleta sempre aprendi a respeitar o meu oponente e aprendi também que quem canta vantagem antes da hora geralmente se dá mal. A Mocidade hoje é uma caixinha de surpresas. Basta ver que de 1952 a 2004 a escola teve 500 sócios. Já de 2004 até hoje já são mais de mil. Como esse número cresceu tanto assim em tão pouco tempo? Muitas pessoas antigas na escola e, até algumas que estão hoje lá, tem me procurado para conversar sobre as nossas propostas. As coisas estão bem claras. Basta escolher em quem votar".
Eleições na Cidade do Samba
Claudio Corrêa: "Ele vai entrar para a história mais uma vez. Em mais de 50 anos de história nenhum pleito da escola foi realizado fora da quadra. Ele diz que o barracão é uma sub-sede, mas isso não existe. A Mocidade tem a sua sede social. Ele alega que o local não tem condições para receber a eleição, mas como pode a quadra receber os ensaios, as feijoadas, a escola mirim, as baianas e os demais eventos? É uma contradição. Padre Miguel tem diversas instituições bancárias, administrativas e escolares funcionando, porque a Mocidade não pode receber a eleição? Esse ano diversas escolas tiveram e terão eleições em suas respectivas quadras, só a Mocidade que não. Com essa atitude ele está criando transtornos para diversos associados se locomoverem até o barracão. A Mocidade tem associado de 90 anos. É preciso ter mais respeito. A comunidade não pode ser desprezada. É por essas e outras que ninguém aguenta mais ele".
Recado para os torcedores da Mocidade
Claudio Corrêa: "Quero que os torcedores da Mocidade saibam que sou uma pessoa bem intencionada e que acima de tudo ama a escola. É uma eleição clara. As coisas estão bem claras. A nossa chapa tem grandes profissionais. Pessoas que gostam da Mocidade e não aguentam mais vê-la nesse estado. Peço que os torcedores da escola repassem esse recado e se unam a nós nessa batalha. Queremos fazer desfiles para, no mínimo, voltar nas Campeãs, coisa que já não acontece há oito anos. É uma época de queda de impérios ditatoriais. No futebol o maior exemplo disso foi o Vasco da Gama, com a queda do Eurico. Na Mocidade precisa acontecer o mesmo".
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